Introdução.
Page (1992), observa
que os equipamentos e o mobiliário da habitação têm
uma abrangência quase que universal. São usados por ambos
os sexos, por pessoas de todo tamanho, idade e condições
físicas. Ainda, no âmbito doméstico há usuários
que merecem consideração especial: as crianças, os
idosos, as pessoas com dificuldades de movimento ou de cognição,
as mulheres grávidas.
Atendendo a esta diversidade de usuários, em conjunto com os usos
pouco específicos que se pode também dar ao mobiliário,
fica difícil proporcionar recomendações ideais para
dimensionamento de mobiliário adequado para todas as populações.
As propostas de Desenho Universal tentam atender a esta demanda através
da flexibilidade e pelo fornecimento de ajustes dimensionais e alternativas
de projeto e de uso.
Ao contrário da situação no âmbito da indústria,
onde estações de trabalho, maquinário e equipamentos
freqüentemente adotam mecanismos de ajuste às necessidades
do operador, em geral são poucos os exemplos de equipamentos e
mobiliário doméstico que possuem tais mecanismos. A tradicional
mesa de passar roupa e algumas poltronas especiais são exceções.
Porém, o fornecimento de ajustes permanece uma opção
interessante para o uso na habitação, especialmente no mobiliário
de descanso, que pode facilmente oferecer maior versatilidade de posturas
e aumentado nível de conforto.
São apresentados aqui, uma seleção de técnicas
indicadas para ajudar na tomada de decisões sobre as dimensões
ou as faixas de dimensões ajustáveis, que devem ser aplicadas
no projeto de equipamentos e mobiliário para a habitação.
Para assegurar a satisfação da maior faixa possível
de usuários, os melhores resultados são obtidos por um processo
iterativo de projeto e avaliação. Nesse processo, os métodos
projetuais e avaliativos tendem a perder essa distinção,
sendo utilizados juntos, para o aprimoramento dos equipamentos e mobiliário
no seu contexto dinâmico de uso.
Conceitos Gerais
Equipamentos e mobiliários:
Neste trabalho, serão considerados Equipamentos, dentro
do âmbito doméstico, aqueles componentes do funcionamento
da habitação que são instalados de maneira permanente,
afixados nas paredes, teto, pisos, etc. enquanto o termo Mobiliário
se refere aos componentes móveis. Assim, exemplos de equipamentos
são pias, vaso sanitário, armários embutidos, luminárias,
interruptores, janelas, etc., enquanto exemplos de mobiliário incluem
cadeiras, mesas, camas, forno e geladeira. Alguns autores usam equipamentos
para significar as ferramentas domésticas como eletrodomésticos,
vassoura, rodo.
É interessante fazer comparação com as definições
(NBR 9283 e 9284) de equipamento e mobiliário urbano, que depende
mais do tamanho do que da mobilidade, sendo equipamentos urbanos todos
os bens públicos e privados, de utilidade pública, destinados
à prestação de serviços necessários
ao funcionamento da cidade, implantados mediante autorização
do poder público, em espaços públicos e privados.
(ginásio de esportes, clubes, escolas, praças, parques,
auditórios, estacionamentos e outros). E o mobiliário urbano:
todos os objetos, elementos e pequenas construções
integrantes da paisagem urbana, de natureza utilitária ou não,
implantados mediante autorização do poder público,
em espaços públicos e privados. (telefones públicos,
caixas de correio, bancas de jornal, semáforos e outros.)Distribuição
Gaussiana ou normal:
Dados antropométricos podem ser apresentados em forma de gráficos
que mostram, em curva (polígono de freqüência) ou colunas
(histograma) a frequência da ocorrência de cada intervalo
de dimensão ou peso. Apesar das grandes diferenças entre
indivíduos, a forma geral do gráfico é razoavelmente
previsível, para populações homogêneas, sendo
caracteristicamente simétrica e na forma de um sino. Esta distribuição
Gaussiana ou normal é tipicamente observada na maioria
dos variáveis antropométricos. Uma distribuição
Gaussiana é plenamente definida pelos valores de sua média
(m, ou m) e seu desvio padrão (s, ou s). Uma vez estabelecidos
estes dois valores, pode ser calculada com facilidade a porcentagem de
usuários acima ou embaixo de um certo valor dimensional.
K = m + s.zk
onde: m é o valor médio desta dimensão na população;
s é o desvio padrão da dimensão em questão;
z é um fator para o percentil (K) em questão;
Os valores para z
podem ser obtidos de tabelas, sendo que a regra empírica
estabelece os valores: z = 1 para K = 68%, z = 2 para K = 95% e z = 3
para K=99,7%. Assim praticamente toda uma população normal
(99,7%) cai dentro de 3 desvios padrão da média.
Percentil:
As variações em tamanhos corporais são significativas,
o que deixa de pouca utilização para o projetista, o conceito
de média. Fica necessário tratar de faixas dimensionais.
Apesar das boas intenções do movimento de Desenho Universal,
o fato é que é pouco prático tentar projetar para
a população inteira. O importante é identificar a
faixa dimensional que vai atender adequadamente e economicamente, à
maior número possível de usuários. A distribuição
Gaussiana permite visualizar a concentração das dimensões
em volta do mediano, com um pequeno número de medidas extremas
caindo em cada ponta do espectro. Assim é comum omitir as extremidades
e tratar somente dos 99% ou as vezes somente dos 95% mais medianos do
grupo populacional.
Para facilitar seu uso, então, dados antropométricos são
colocados em termos de percentis. A população é dividida
em categorias de percentil, do menor até o maior, com referência
a alguma medida corporal. O primeiro percentil de estatura, por exemplo,
é um valor que é igual ou maior do que 1% da população,
(os baixinhos), e menor que a altura dos 99% mais altos.
O valor do n-ésimo percentil de uma dimensão, é igual
ou maior que o valor de n% dos casos na população relevante
(nesta dimensão) e menor que o valor do restante (100 - n)% da
população. Isto é, o n-ésimo percentil é
o valor que é superado em (100 - n)% dos casos.
Exemplo: O 95º %il da altura popliteal, da população
de meninas de 8 anos, nos Estados Unidos, é dado como 35,8cm
isto é, somente 5% desta população têm altura
popliteal maior que 35,8cm.
Padrão Antropométrico:
A escolha dos dados antropométricos adequados se baseia na natureza
do problema de design em questão. Caso o design requer que o usuário
alcançar um ponto, a partir de uma posição sentada,
então serão usados dados de um usuário pequeno, tomando
tipicamente, como padrão antropométrico, o 5º percentil
de alcance horizontal, sagital, sentado. Isto é: o Padrão
Antropométrico escolhido para tal projeto é usuário
no limite inferior, sendo o 5º percentil de alcance horizontal, sagital,
sentado. Assim fica assegurada a condição de alcance para
toda a população maior. Caso a criticalidade
de alcançar tal ponto for maior, no caso de um interruptor de alarme,
por exemplo, um padrão antropométrico seria escolhido para
atender uma faixa ainda maior da população: o 2º ou
1º percentil de alcance horizontal, sagital, sentado.
Usuário limítrofe - (Limiting user):
Pessoa hipotética que em virtude das características extremas
das relevantes dimensões corporais, é particularmente difícil
de atender, em termos do critério em questão. Uma vez atendida
esta pessoa, segue necessariamente que a maioria da população,
menos exigentes nas suas necessidades, também será atendida.
Critério:
Pheasant (1996) descreve Critério na seguinte maneira:
um critério é um padrão ou norma para julgar e medir
a paridade / grau de entrosamento entre o usuário e o artefato,
(exemplo: conforto, durabilidade, facilidade de uso, eficiência,
etc.)
Caracterizam-se, então,
os Critérios, como qualidades desejáveis, gerais ou específicas.
Eles servem para formar uma base para julgar se um equipamento, estação
de trabalho ou ambiente, está adequadamente ajustado aos seus usuários
humanos. Os Critérios se organizam em forma hierárquica,
do geral (inútil em termos práticos para a definição
do projeto), até o específico. Para um critério ter
algum valor prático ou científico, deve ser possível
identificar a operação que um pesquisador teria que realizar,
para determinar se o critério de fato foi atendido num caso específico.
Um critério que pode ser definido desta forma é conhecido
como um critério operacional. Não adianta dizer que um produto
deve ser facilmente utilizável, se não podemos
explicar como pretendemos avaliar e medir essa qualidade de usabilidade.
Exemplos de critérios
primários: Conforto, segurança, eficiência, higiene,
usabilidade, estética, etc.
Assim a hierarquização
sugerida por Pheasant, e a influência das características
restringentes (Restrições) podem ser visualizadas mais facilmente
por meio de uma tabela. (Tab. 1.)
Restrições
(Constraint):
Uma caraterística de seres humanos, que pode ser observada
e de preferência medida, que carrega conseqüências para
o projeto de um artefato especifica. Pheasant (1996) p. 21. Assim
as Restrições ou elementos restringentes, são
as características antropométricas ou biomecânicas,
que limitam as possibilidades do projeto.
Exemplos de Restrições primárias:
Abertura, Vão,
Espaço Livre Necessário, (Clearance):
Espaço adequado para livre movimento da cabeça, cotovelos,
pernas, etc. Espaço adequado para circulação e acesso.
Aberturas adequadas para dedos ou para empunhadura completa. Restrições
unidirecionais. Determinam a dimensão mínima aceitável
no objeto. Se sirva para um usuário grande (95 o %il) os demais
usuários menores que isso serão atendidos também.
Estes são entre as questões mais importantes para o projeto
do espaço de trabalho, pois incompatibilidades nestes aspectos
podem ser perigosos. Também podem ter efeitos indiretos em termos
de posturas insatisfatórias de trabalho, que o usuário é
forçado a adotar. Por exemplo, se a distância entre a superfície
do assento e o lado de baixo de uma mesa não fornecer espaço
adequado para coxas e joelhos, os usuários terão que se
adaptar à situação empurrando a cadeira para trás
e se inclinando excessivamente para frente para desempenhar a atividade,
ou sentando na frente da cadeira assim reduzindo a área de dispersão
do peso e perdendo o apoio do encosto. É um problema bastante comum
em caixas e balcões de atendimento.
Tab. 1.
A tabela exemplifica a relação entre Critérios e
Restrições, no dimensionamento (altura do assento) de uma
cadeira, (assento rígido, de altura fixa, sem previsão de
apoio para os pés). Começamos do geral e prosseguimos até
o específico. Fonte: Nicholl ARJ.
Alcance, (Reach):
Condições para pegar e operar controles, para ver por cima
de obstruções, para colocar os pés no chão
ou nos pedais. Também unidirecionais, mas são definidas
pelo tamanho de um membro pequeno da população, ( 5o %il).
Postura, (Posture):
A exigência de uma postura confortável, saudável,
eficiente e seguro pode impor restrições bi-direcionais
no projeto. Uma superfície que é alta demais para uma pessoa
pequena é tão indesejável quanto uma superfície
muito baixa para uma pessoa grande.
Força física,
(Strength):
Trata da aplicação de força na operação
de controles e em outras tarefas físicas. Muitas vezes a restrição
é unidirecional, sendo suficiente especificar que o controle seja
operável por um usuário fraco ( por exemplo, o 5o %il da
força de compressão manual). Porém existem casos
onde há conseqüências indesejáveis resultantes
de um excesso de força; um usuário forte, pesado ou insensível,
ou em termos de operação acidental de um controle, e nestes
casos uma restrição bi-direcional se aplica.
Fatores Extrínsecos:
Os elementos restringentes ou as características que influenciam
nas dimensões do produto final não podem ser vistas, porém,
somente em termos das características suscetíveis
a medição, de seres humanas do Pheasant. É
claro que o dimensionamento final também dependerá de fatores
alheios à antropometria. Observamos que estes podem ser analisados
de forma equivalente, em termos de critérios e restrições;
como os fatores exemplificados na página ao lado.
No caso de arquitetura, como também no caso da grande maioria de
empresas de produção, onde há orçamento restrito,
a mesma pessoa ou equipe vai levar o desenvolvimento desde as pesquisas
iniciais até a obra completa. Por isso é útil enxergar
a análise de todos estes Critérios e Restrições
como parte de um processo homogêneo de dimensionamento.
Critérios
de Aplicação no Dimensionamento.
Dificilmente a situação
surge em que é possível desenvolver um projeto especificamente
para um só usuário. Exceções existem nos assentos
de pilotos de corrida e nas estações de trabalho de astronautas,
como também em certos ambientes desenvolvidos especificamente para
a conveniência de uma pessoa com deficiência.
Reconhecemos que as
roupas têm que ser produzidas em diversos tamanhos, mas cadeiras
e mesas também devem ser fornecidas em vários tamanhos?
Não esperamos que adultos e crianças usassem escrivaninhas
do mesmo tamanho nos escritórios e escolas; apesar que eles se
adequarem sem maiores problemas na mesma mesa de jantar em casa. Fornecemos
cadeiras ajustáveis para a secretária; mas suas mesas geralmente
são de altura fixa. Obviamente, aceitamos um ajuste menos exato
em cadeiras e mesas do que numa calça e camisa.
Exemplo:
Não adianta uma cadeira bonita e confortável
se ela não agüenta o uso diário.
|
|
Exemplo:
Padrões de tamanho de pneus fabricados em série para
bicicletas restringem os tamanhos disponíveis para uso em
cadeiras de rodas, já que uma fabricação especial
teria custo exorbitante.
|
Exemplo:
O dimensionamento de um rádio portátil pode ser subordinado
a uma comunicação de estilo mais do que às
dimensões do usuário.
|
Exemplo:
O dimensionamento de fone de ouvido para ser utilizado com turbante.
|
Menos obvio é
como nos devemos escolher as dimensões ideais para um equipamento
a ser usado por uma faixa de usuários, e em que ponto devemos concluir
que é indispensável fornecer um equipamento com alternativas
ou ajustes dimensionais.
Para resolver tais
questões, precisamos sempre de três tipos de informação:
1. As características antropométricas da população
usuária.
Variáveis como - biotipo, etnia, sexo, idade,
Dimensões corporais críticas....
2. As maneiras
em que tais características podem impor restrições
sobre o projeto.
Análise de atividades típicas, esperadas, em termos de
Alcance, vão livre necessário, força, postura...
3. Os critérios
que definem um entrosamento adequado entre o mobiliário/equipamento
e o usuário.
A quantificação dos conceitos de conforto, segurança,
eficiência, higiene, facilidade de uso, estética.... entre
a população alvo.
Lembretes / Dicas:
Importante lembrar,
para evitar alguns problemas com a aplicação da antropometria:
1. Não existe o homem médio, o homem padrão.
O homem de estatura média dificilmente terá todas suas dimensões
na faixa da média. Um trabalho de Daniels, (1952), citado em: Instituto
de Biomecânica de Valencia, Guia de recomendaciones para el
Diseño de Mobiliario Ergonomico esclarece isso. Neste trabalho,
Daniels considera como a faixa da média, os 30% da
população (das Forças Aéreas Norte-americanas)
que mais se aproximam à média matemática de uma determinada
dimensão:
Assim, de 4.063 homens, 1.055 eram de estatura média.
Desses 1.055, somente 302 também tinham a circunferência
do peito na faixa da média... Após considerar dez dimensões,
foram eliminados todos os homens.
Entre quatro mil homens, nenhum estava dentro da faixa dos 30% mais perto
da média, em todas destas dez dimensões.
2. Se nos projetamos
um equipamento com base no valor médio da dimensão crítica,
isto é, projetar para atender ao usuário com a dimensão
média, nos acabamos atendendo no máximo 50% da população.
No caso de uma porta, projetada para o 50º %il de estatura, 50% da
população de usuários teriam que se abaixar ou sofrer
as conseqüências. Pouco satisfatória.
3. As posturas usadas
na vida real raramente coincidem com as posturas padrão de medição
antropométrica.
Exemplo: variação de posturas durante trabalho sentado no
escritório.
4. Não há
regra infalível sobre o percentil a ser usado como limite superior
ou inferior. Considerar o peso da eventual exclusão, ou insatisfação,
de usuários; os efeitos econômicos das alternativas dos percentis
a serem usados. ROEBUCK, 1992 p.138 recomenda 2o a 98o %is para maiores
dimensões, como altura, altura sentado, comprimento nádega-joelho,
etc., e 1o a 99o %is para dimensões menores, como espaço
livre para coxas, comprimento de mão, comprimento do pé,
etc. Outros autores recomendam 5o a 95 o %is (Pheasant, 1992 p. 21; Boueri,
1999 p. 73)
Exemplo: Considere qual o limite superior a escolher para as dimensões
da Abertura de saída de emergência de um ônibus interurbano.
Sugestão: se o passageiro conseguiu entrar pela porta, deve ser
permitida sua saída pela saída de emergência.
5. Quando a população
não pode ser considerada Gaussiana por motivos de distorção,
escolha ou seleção arbitrária dos seus elementos,
populações truncadas por faixa etária, etc., qualquer
cálculo baseado em estatísticas Gaussianas apresentará
falhas.
Exemplo: A distribuição do variável idade,
na população de alunos universitários, usuários
de uma sala de aula, não pode ser tratada como Gaussiana, porque
é pouco provável a presença de indivíduos
com menos que 17 anos de idade.
Técnicas
de Dimensionamento.
O dimensionamento
adequado de equipamentos e mobiliário na habitação,
depende de técnicas práticas, capazes de estabelecer se
um produto deve ser fornecido em tamanho único, em alternativos
de tamanho, ou com a disponibilidade de uma faixa específica de
ajuste, como também de especificar as dimensões em cada
caso.
Vamos descrever dois tipos de técnicas:
1. Como obter e peneirar
as informações para ter dados relevantes para análise;
2. Como utilizar observações
ou dados de tabelas, na procura pelos limites do aceitável.
São técnicas
fáceis de aprender e de aplicar, obtendo bons resultados, desde
que o projetista prosseguir com atenção, sempre verificando
se os custos da pesquisa serão menores que as vantagens a serem
obtidas, usando o raciocínio e a criatividade para desviar-se dos
roteiros apresentados nestes exemplos, quando necessário.
1.
Anotação e Simplificação de Dados (data logging
& data reduction)
Meta: a visualização e compreensão de padrões
de comportamento que influenciam decisões de projeto.
Em certas situações é difícil para o projetista
descobrir, por observação, os padrões ou grandezas
críticas numa situação a ser transformada por seu
projeto. Entre as informações disponíveis, existem
vastas quantias sem valor algum. Adicionalmente, a maioria da informação,
útil ou não, fica escondida de vista. A utilidade de informação
que possa eventualmente ser revelada por meios mecânicos e estatísticos,
só pode ser prevista pela formulação de hipótese,
com base na experiência do investigador, ou por estudos piloto.
Exemplos ocorrem quando o lugar, o tamanho físico ou o período
de tempo de uma situação for além da faixa que é
diretamente percebível e inteligível pelo projetista. Consumidores
distantes, padrões de tráfego de grande escala, propagação
de trincos minúsculos, a vagarosa colonização de
território ou a destreza de um perito.
Os processos de observação, seleção, anotação
e análise têm a tendência de serem vagarosos e dispendiosos
e devem ser sempre acompanhados por verificações da relevância
dos dados apuráveis e uma constante reavaliação comparativa
entre o custo de pesquisa e o custo do não saber.
Jones propõe a utilização de um quadro para ajudar
a visualizar as alternativas.
Vale estudar a figura 2 com cuidado para compreender o processo.
A figura 2 mostra
porque freqüentemente é melhor começar com estudos
não-seletivos, longitudinais (A) e mudar aos poucos (através
do B ou C) para estudos seletivos, laterais (D).
Recomenda-se o uso de uma lista de verificação, ou checklist,
para verificar a adequação do instrumento a ser aplicado,
antes de definir o curso da pesquisa:
Amostragem
Qual o tamanho da amostra?
Como selecionar a amostra?
Exige-se homogeneidade da amostra?
Precisão
Qual grau de precisão de medidas é necessário?
Há compatibilidade entre a precisão de cada fase, desde
a coleta de dados até a conclusão final?
Existem elos fracos ou precisão desnecessária na corrente
de processos de coleta e simplificação?
Coleta Manual de
Dados e Simplificação de Dados
Foi previsto tempo suficiente para estes processos manuais cansativos?
Treinamento e prática adequados para todos os participantes antes
de iniciar coleta séria?
Existe um prosseguimento para detecção e correção
de erros de observação, transcrição, e de
manipulação de dados?
Existem regras, ou definições adequadas, para decidir o
que conta como observação e o que deve ser desprezado?
fig. 2
fonte: Jones.1997.
Existe concordância sobre códigos para observações
e para as fases de simplificação de dados?
O método proposto de simplificação de dados aproveita
da capacidade humana de perceber padrões em dados abertos a muitas
interpretações?
Coleta
Automática de Dados e Simplificação de Dados
Foi previsto tempo suficiente para eliminação de problemas
em configurações de equipamento, iluminação,
ajustes, dispositivos, e semelhantes, nunca antes ligados em conjunto
desta maneira?
Os processos automatizados estão compatíveis em quantidade,
velocidade e precisão com quaisquer operações manuais
que persistem no sistema de processamento de dados, especialmente na entrada
e saída de dados?
A confiabilidade do sistema é adequada para as condições
de operação e para a duração do projeto?
Existem mecanismos de alerta sobre erros e omissões causados por
panes ou falhas de planejamento, tendo antecedência adequada?
Custo
e Tempo
São conhecidos com precisão adequada, os custos e duração
de cada etapa?
Estes são compatíveis com o orçamento, o prazo, e
o valor ao cliente da informação a ser coletada?
Além destas
verificações preliminares, é importante observar
continuamente a relevância dos resultados parciais às Incertezas
Críticas, alterando os procedimentos conforme necessário.
2.
Testes Antropométricos para estabelecer os Limites do Satisfatório.
Os testes usados em
antropometria, e ergonomia, para estabelecer os limites do satisfatório,
foram desenvolvidos a partir de testes psicofísicos. Os testes
antropométricos descritos por Pheasant, são uma tentativa
de estabelecer as condições limítrofes que separam
o muito grande do satisfatório, e o satisfatório do muito
pequeno.
Identificação
de Limites I: À procura da fronteira (boundary
searching)
Meta: Usando métodos empíricos, achar os limites
dentro dos quais se encontram soluções aceitáveis.
Estabelecer quais são as condições limítrofes
que definem o muito grande ou o pequeno demais.
a) Para reduzir o risco de ter que repetir os esforços de design,
ou preparação de ferramentas;
b) para criar um jogo de cintura entre dimensões críticas,
para evitar a necessidade subsequente de fazer concessões entre
exigências conflitantes;
c) para gerar informação utilizável em sucessivas
versões de um design, assim reduzindo o custo médio de desenvolvimento
de uma série.
2.1 Testes de Ajuste (fitting trials)
Meta: testes de ajustamento para provar o encaixe - avaliar a melhor acomodação
2.2. Busca incremental
(incremental search)
Em Assessment & design of the physical workplace, como
também em Bodyspace, Pheasant descreve os Fitting
Trials. Estes são um tipo especial de experimento psicofísico.
Mais especificamente, só para criar confusão, uma das técnicas
usadas em Fitting Trials é muito parecido com o clássico
Método dos Limites dos psicofisicistas, em que o sujeito
relata suas sensações enquanto o estímulo é
progressivamente ajustado. Em Fitting Trials, o sujeito relata sua grau
de satisfação enquanto um modelo do produto é ajustado
progressivamente. É curioso a escolha pelos ergonomistas, do nome
Método dos Limites para denominar outro tipo de teste,
não empírico, descrito brevemente embaixo.
OBS. não confundir com o conceito Fit Test do Roebuck
(p.151), que é simplesmente a prática de testar roupas,
produzidas através de métodos antropométricos, para
verificar se o esquema de numeração desenvolvido é
correto para o tipo de roupa sendo produzida. (Ele cita: Emanuel et al.
(1959), e os relatórios do Laboratório de Pesquisa Médica
Aeroespacial: Alexander, McConville, Kramer, & Fritz, 1964; e McConville,
Tebbetts, & Alexander, 1979)
PHEASANT explica assim:
(A. p 566)
O Fitting Trial é uma investigação
experimental da relação entre as dimensões de
um produto (estação de trabalho / ambiente) e as dimensões
dos seus usuários. Geralmente, será solicitado aos sujeitos
do teste experimentarem uma simulação ajustável do
produto . Dimensões críticas do produto serão ajustadas
através de uma faixa de valores, e os sujeitos manifestam suas
preferências quanto ao conforto, facilidade de uso, etc. Assim um
Fitting Trial é um tipo especial de experimento psicofísico.
É importante que os sujeitos do experimento sejam uma amostra representativa
dos usuários do produto - tanto nas suas dimensões corporais
quanto na sua condição física e qualquer outro aspecto
que possa ser relevante.
- Outra técnica
de Fitting Trials é a Busca incremental (incremental
search), que se eqüivale ao Método de Ajustes
Psicofísico, em que o sujeito mesmo pessoalmente ajusta a dimensão
sendo testada, até encontrar os limiares do satisfatório.
(Pheasant fornece um exemplo deste teste, que procura a altura ideal
de um estante para leitura).
Identificação
de Limites II: O Método dos limites (method
of limits) Pheasant (1992, 1996)
Meta: Usando método análogo, achar os limites dentro dos
quais se encontram soluções aceitáveis. Prever, através
de tabelas de dados antropométricos, qual seria o resultado de
uma avaliação prática das condições
limítrofes que definem o muito grande ou o pequeno
demais.
O Método
dos limites descrito por Pheasant é o método em
que dados frios de antropometria substituem as respostas subjetivas feitas
pelas pessoas participantes dos Trials. É uma maneira de simular
os prováveis resultados de um fitting trial, usando tabelas de
medidas e estatísticas, em vez de operações empíricas.
exemplo: faixa
de ajuste ideal para a altura de uma cadeira de trabalho.
(sem levar em conta a mesa e a tarefa - ambos na prática muito
importantes)
só a cadeira:
alta demais => excesso de pressão embaixo das coxas;
baixa demais => dificulta os movimentos de sentar-se e de levantar-se
e promove uma postura de curva relaxada (slump) na coluna (cifose, ou
redução de lordose) .
Grande parte da literatura,
então, recomenda que a altura da cadeira seja um pouco mais baixa
que a altura popliteal da pessoa que vai usá-la.
Acontece que a altura popliteal da população alvo, tem a
média de 45,5cm com desvio padrão de 3cm.
Supondo que a altura otimizada de um assento seja 4cm a menos que a altura
popliteal - (hipótese não corroborada pelas observações
empíricas na FAU-USP AUT-246/2000/1), então a distribuição
de alturas ideais terá uma média de 45,5 - 4 = 41,5 cm,
com desvio padrão de 3 cm.
Se calcularmos percentis desta distribuição, podemos calcular
a porcentagem da população alvo que seria atendida por uma
faixa qualquer de ajuste de altura. Os vigésima quinta e septuagésima
quinta percentis são 0,67 desvios padrão abaixo / acima
da média, respetivamente. Assim, para satisfazer os 50% dos usuários
que estão entre estes limites, precisaríamos de criar ajuste
na nossa cadeira de 0,67 X 3 = 2cm, a cada lado do valor médio,
isto é, de 39,5 a 43,5cm.
Porém, para atender a 90% da população alvo, o ajuste
seria de 1,64 desvios padrão acima e abaixo da média calculada.
Assim, 1,64 x 3 @ 4,9 cm, a cada lado do valor de 41,5cm, ou seja: de
36,6 a 46,4cm, uma faixa de quase 10 cm. A distribuição
da curva Gaussiana implica que vai ficar cada vez mais custoso, em material
de ajuste, a cada pequeno aumento na porcentagem da população
atendida.
Aplicação
Dimensionamento de Beliche para quarto de crianças.
Mesmo projetando para
um quarto de crianças pequenas, muitos consideram um desperdício
investir em caminhas pequenas, pois estas servem por muito pouco tempo.
Espaço é geralmente um problema, porém, e nesta situação
uma solução interessante é o beliche, que poupa espaço,
jogando no vertical.
A cama de cima deve ser provida de guarda-corpo, e a escada deve ter degraus
firmes e seguros, para reduzir o risco de acidente. Vale oferecer a opção
de separar o beliche em duas camas comuns.
Um beliche simples
e robusto, em pranchas de pinus, foi projetado para atender estas solicitações.
Sua estrutura, em tábuas arredondadas e regularmente espaçados,
fornece ao mesmo tempo, guarda corpo e uma escada para subir à
cama de cima.
Certas dimensões principais são ditadas por fatores fora
do controle do projetista. O tamanho de colchões, por exemplo,
é padronizado no mercado, delimitando as possibilidades na definição
do contorno da planta baixa. Foi escolhido um tamanho de colchão
padrão para cama solteira, de 1,90 x 80, permitindo espaço
para o crescimento das crianças. A espessura das tábuas
é exigida pela necessidade de resistência, firmeza. Muitos
mobiliários escolhem tábuas padrão (25mm antes de
plainar) para este tipo de cama, mas o resultado é flexibilidade
excessiva (que cria ansiedade do ocupante da cama de cima), e risco desnecessário
de quebra.
A altura da cama de
baixo é definida mais pela necessidade de limpar embaixo, com vassoura
ou aspirador, do que pela altura popliteal do usuário do 5o%il,
como se fosse uma cadeira, pois a cama é pouco usada assim para
sentar na beirada durante períodos significativos.. só para
tirar ou colocar meias e sapatos, ou como intermediário entre a
posição vertical e a posição deitada, na cama.
De qualquer forma, a maciez do colchão permite que os pés
fiquem pendurados sem desconforto.
Mais significativo é uma altura adequada para a facilidade de limpar
com vassoura embaixo da cama, e para o conforto da mãe que costuma
sentar para ler uma história ou para conversar com as crianças.
A dimensão mais crítica, então, é a altura
entre a cama de baixo e a cama de cima, que, neste modelo, vai definir
também a largura das tábuas a serem usadas.
Escrever um conjunto
completo de especificações de desempenho para as condições
críticas que influenciam a dimensão em questão.
Neste caso observe-se que:
A cama de cima deve ser tão baixa quanto possível, por vários
motivos:
1. Está mais quente e abafado lá em cima
2. Quanto mais alto, tanto menos estável.
3. Quanto mais alto, tanto mais força aplicada na estrutura com
cada movimento.
4. Quanto mais alto, tanto mais matéria prima, mais custo.
5. Quanto mais baixo, tanto mais fácil subir e descer.
Assim fica estabelecido
que tem convergência entre os critérios principais: conforto,
segurança, economia, e eficiência, desde que se atende à
Restrição (fator restringente) principal: clearance
(espaço livre / abertura)
Isto é: A base da cama de cima deve estar distante da superfície
da cama de baixo (após rebaixamento do colchão pelo peso
do usuário) o suficiente para uma mulher adulta não ter
que se manter curvada, nem bater a cabeça, quando sentando-se na
cama de baixo, para ler ou conversar.
Definir, com o máximo
de precisão possível, a faixa de dimensões sobre
o qual existe dúvida.
Neste ponto, parece
possível definir a altura ideal com recurso às tabelas de
medida antropométrica. Escolhida a categoria: Altura sentado ereto,
95o %il da população de mulheres brasileiras adultas. Conforme
Boueri, 1999, o valor é 90,7 cm. Assim uma distância de 91
cm entre o colchão (parcialmente amassado) da cama inferior e a
parte inferior do estrado da cama superior, seria suficiente para acomodar
95% da população das mulheres brasileiras. Isto é,
somente uma em cada vinte teria que evitar de se sentar naquela postura
militar para ler uma historinha ou conversar. Existe ainda uma dúvida
por causa da prancha lateral da cama superior. Ao sentar, para não
cair para traz, uma pessoa se curva naturalmente até se firmar,
em seguida elevando o tronco sobre o novo ponto de apoio (nádegas).
Vai, ou não vai bater a cabeça na prancha lateral?
Fazer um simulador onde as dimensões críticas para cada
especificação possam ser ajustadas sobre a faixa de dimensões
sobre o qual existe dúvida.
Neste caso o simulador seria uma cama, ou similar, na altura definida,
com colchão de espessura padrão, e com uma estrutura ajustável
representando as possíveis alturas da cama superior, com prancha
lateral e estrado.
Realizar os testes
com usuários que tenham dimensões corporais nos limites
superiores, e que sejam típicos em termos de biotipo. Testar progressivamente
as variáveis de abertura e alcance, para averiguar os limites do
acessível e do confortável. Observe as dimensões
limites dentro dos quais o desempenho especificado pode ser atingido.
Armário de parede, acima de bancada, na cozinha.
Meta: Achar os limites
dentro dos quais se encontram soluções aceitáveis
para altura de instalação de armário. Isto é,
achar as alturas máxima e mínima para um armário
fixo na parede acima da bancada.
Método de Fitting
Trials ( Jones 1997). (testes de ajustamento para avaliar a melhor
acomodação)
No exemplo do armário, os sujeitos do teste estão escolhidos
por serem representantes extremos dos usuários. Precisamos saber
somente sobre as reações dos mais altos e dos mais baixos
entre os usuários que devem alcançar o armário. Por
convenção certos armários estão instalados
propositadamente fora do alcance das crianças, para permitir armazenar
itens preciosos ou perigosos. Assim podemos postular que o dimensionamento
seja dirigido para o usuário adulto.
Exemplo da Rotina Padrão aplicada ao armário:
1. As Especificações:
A parte de cima deve ser alcançável por usuários
de baixa estatura e a parte de baixo deve ser suficientemente alta para
permitir atividades costumeiras na bancada embaixo.
perguntas:
a) Qual a estatura de usuários típicos, mais altos e mais
baixos? (Tabelas antropométricas.)
b) Quais as dimensões exigidas pelas atividades e os equipamentos,
que ocuparão a bancada? (Pesquisa de observação,
questionário.)
c) será aceitável a parte superior (externa) do armário
ser numa altura acessível, para muitos usuários, somente
com ajuda de cadeira, escada, etc, sendo um suporte para enfeites / itens
pouco usados? (Pesquisa com questionário.)
d) Com que critério pode se detectar o não-cumprimento das
especificações, a falta de altura adequada para usuários
altos ou baixos?
Pode se obter dados
sobre alturas do público das tabelas antropométricas existentes.
Pode se reduzir a faixa, determinando que os usuários em consideração
sejam dentro de uma certa faixa etária. Vamos tratar o limite inferior
como a mulher do 5o %il de alcance vertical. Conforme Boueri, 1999, p.94,
a altura ideal da bancada da cozinha, será 7cm embaixo da altura
de cotovelo, em pé, do usuário típico, ou seja,
{(110,7+98,0) /2 } -7,0 = 97,7 cm.
Vamos escolher neste caso um valor mais baixo, considerando que na prática,
bancadas de pia de cozinha geralmente não ultrapassam 92 cm de
altura, as mais comuns sendo de 85 a 90 cm. (Neufert, 1976)
A altura exigida pelos equipamentos e atividades costumeiras desenvolvidas
na bancada, como liqüidificador, e batedor de massa, será
na ordem de 48 a 50 cm, (o que permite uma prateleira estreita intermediária,
no fundo, para aproveitar do espaço).
A pergunta (d) pode
ser respondida com a inclusão de um critério subjetivo,
tal como o usuário diz que tem espaço insuficiente,
ou por critério mais objetivo como o espaço vertical
é menor que a altura dos eletrodomésticos a serem usados.
Especificações:
A. subjetivo:
A prateleira superior do armário será numa altura definida
como adequada por usuários típicos, de baixa estatura.
B. objetivo:
A altura da prateleira superior do armário, será na altura
mínima alcançada em testes de alcance, feitas por usuários
que têm 150 +/-1 cm de estatura, num armário (simulado) de
altura ajustável. A beira inferior do armário será
numa altura que permite a utilização dos equipamentos tipicamente
/ ou que razoavelmente venham a ser usados em atividades na bancada de
cozinha, cuja altura foi predeterminada por cálculo e tabelas.
2. Definição da faixa de dimensões em dúvida:
Pelo raciocínio delineado acima, o armário deve ser instalado
no espaço que existe entre um ponto um pouco acima da bancada,
até um ponto além do alcance máximo de um usuário
de estatura de 150 +/- 1 cm. Existe também, porém, uma região
central, entre uns 140 e 175 cm onde também não há
dúvida - os limites do armário devem ser fora desta região.
3. Criar um simulador.
As especificações
A e B exigem simuladores diferentes.
A especificação A exige um simulador de armário que
pode ser movimentada fácil e rapidamente para ajustar a altura
da sua prateleira superior sobre a faixa de incerteza, ou seja, entre
205 e 165 cm.
Modificar um armário para que desliza no vertical, ou colocar gabaritos
(máscaras) ajustáveis, sobre a parede.
A especificação B exige somente um armário de teste
que pode ser ajustado uns 40 cm no vertical a partir da superfície
da bancada.
A simulação de atividades típicas na bancada é
mais difícil.
170 175 180 185 190 195 200
|
Baixo
demais, não serve. Ótimo Alto
demais, não serve. |
O problema é selecionar tarefas representativas da variedade enorme
de Exemplo: determinar os limites aceitáveis, superior e inferior,
da altura da prateleira mais alta de um armário.
Método:
Seleciona-se usuários representativos do extremo da dimensão
relevante, neste caso, o quinto percentil de alcance vertical frontal,
entre mulheres brasileiras.
Iniciar com prateleira
em 200 cm de altura, perguntar É aceitável?
Provavelmente a resposta é Não. Reduzir a altura
da prateleira em um grau de 2 cm.
Anotar pergunta e resposta, com cada ajuste para baixo da altura.
Ao mudar a resposta para Sim, é aceitável, anote-se
o limite superior de aceitação. A pergunta também
se muda no próximo ajuste, para Agora é melhor?
Provavelmente a resposta vem Sim.
Anotar pergunta e resposta, com cada ajuste para baixo, da altura.
Ao mudar a resposta para Não , anote-se o nível
preferido / ideal . A pergunta também se muda no próximo
ajuste, para É aceitável?. Provavelmente a resposta
vem Sim.
Anotar pergunta e resposta, com cada ajuste para baixo, da altura.
Ao mudar a resposta para Não , anote-se o limite inferior
de aceitação. Continua perguntando se é aceitável
para confirmar que já se passou o limite de aceitação.
Provavelmente a resposta vem Não.
Anotar pergunta e resposta, com cada ajuste para baixo, da altura.
Em seguida, iniciar o teste com a prateleira na sua posição
mais baixa.
Com o assento em 170 cm de altura, pergunta-se ao sujeito É
aceitável? ...Não
Ao mudar a resposta para Sim, muda-se também a pergunta
no próximo ajuste, para É melhor? ....Sim...
Quando a resposta mudar para Não, volta a perguntar
se é aceitável, a cada ajuste, até determinar também
o limite superior.
O teste é feito nas duas direções, diminuindo e aumentando
a altura, porque geralmente existe um leve diferença entre a percepção
dos limites nas duas formas de testar.
Obs.
O ajuste de cada altura se faça em até 10 segundos,
pois a memória das sensações comparativas das
sucessivas modificações se perde rapidamente.
|
Bibliografia:
BOUERI Filho, J.J.
Antropometria aplicada à arquitetura, urbanismo e desenho industrial.
São Paulo: FAU, 1999.
JONES, J. C. Design
Methods. A.Wiley Interscience Publications, New York, 1997.
NICHOLL, A.R.J. e
BOUERI, J.J. O Projeto Equitativo para um Ambiente Acessível,
Revista Assentamentos Humanos, Marília, v1, n. 0, pp 83-92, 1999.
OBORNE, D.J. Ergonomics
at Work. Chichester, Wiley, 1982.
OBRIEN, T. G.
e CHARLTON, S. G. (Eds.) Handbook of Human Factors Testing and Evaluation
PAGE, A. et al. Guia
de recomendações para el diseño de mobiliario ergonomico,
IBV, Valencia, 1992
PANERO, J. e ZELNIK,
M. Human Dimension & Interior Space: a source book of design reference
standards. Whitney Library of Design, Architectural Press, London. 1979.
PHEASANT, S. Anthropometry
and the design of workspaces. In: Assessment and design of the physical
workplace. London, 1992.
PHEASANT, S. Bodyspace:
Anthropometry, Ergonomics and the Design of Work. 2nd Ed., London. Taylor
and Francis, 1996.
ROEBUCK, J. A. Anthropometric
Methods: Designing to fit the human body. HFES, 1995.
|