ASSENTAMENTOS HUMANOS | |||||
Vol.2 Nº 1 Dez 2000 ISSN 1517-7432
Revista da Faculdade de Engenharia e Arquitetura Universidade de Marília Marília SP | |||||
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Assentamentos Humanos Marília Vol. 2 Nº 1 Pg. 1 - 97 2000 | |||||
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Ficha Catalográfica preparada pela Biblioteca Central da Universidade de Marília - UNIMAR
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Assentamentos Humanos: revista da Faculdade de Engenharia e Arquitetura da Universidade de Marília. - v.2, nº 1 (dez. 2000) - ... Marília: FEA/UNIMAR, 2000- v.2 : il.; 27cm.
Semestral
ISSN 1517-7432
1. Arquitetura e Urbanismo - Periódicos. 2.Assentamentos Humanos. I.Faculdade de Engenharia e Arquitetura da Universidade de Marília. II. Universidade de Marília . | ||||||||||||||
CDD 720 | ||||||||||||||
Distribuição: Sub-Comissão de Pós-Graduação Planejamento e Projeto dos Assentamentos Humanos FEA - UNIMAR Av. Higyno Muzzy Filho, 1001. Fone: (014) 433-8088 www.unimar.br
Os artigos são de responsabilidade de seus autores. Citações permitidas com indicação da fonte. Aceita-se permuta. | ||||||||||||||
O projeto gráfico é fundamentado num modelo da autoria da Designer Cassia Leticia Carrara Domiciano. A capa, a identidade visual e a editoração foram realizadas pelo Designer Anthony R.J. Nicholl. | ||||||||||||||
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UNIVERSIDADE DE MARÍLIA
Reitor
Dr. Márcio Mesquita Serva
Vice-Reitora
Profa. Regina Lúcia Ottaiano Losasso Serva
FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA
Diretor
Prof. Ms. João Roberto Sartori Moreno
PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO em ARQUITETURA e URBANISMO
PLANEJAMENTO e PROJETO dos ASSENTAMENTOS HUMANOS
Coordenador
Prof. Dr. Renato Leão Rego | |||||||
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Correspondência e artigos para publicaçao deverão se encaminhados a: Correspondence and articles for publication should be adressed to:
Assentamentos Humanos
Sub-Comissão de Pós-Graduação Faculdade de Engenharia e Arquitetura - UNIMAR CEP 17500-000 - Marília - SP - Brasil
E-mail: fea@unimar.br
Comissão Editorial
Jorge Daniel de Melo Moura José Benaque Ruppert Lúcio Grinover Maria Alzira Loureiro Paulo Kawauchi Renato Leão Rego | ||||||
Conselho Consultivo
Akemi Ino (EESC-USP)
Alexandre Kawano (POLI-USP)
Bruno Soerensen Cardozo (IPETEC-UNIMAR)
Doris C.C.K. Kowaltowski (FEC-UNICAMP)
Élide Monzéglio (FAU-USP)
Jair Wagner de Souza Manfrinato (FEBa-UNESP)
Mario Duarte Costa (UFPe-Recife)
Marlene Picarelli (FAU-USP)
Natálio Felipe Koffler (FAAC-UNESP)
Otávio Yassuo Shimba (UEL-Londrina)
Sérgio Murilo Ulbricht (UFSC-Florianópolis) | ||||||
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PREFÁCIO | |||||||||||
TEMPO DE TRANSCENDÈNCIA DO PROJETO
Prefaciar uma revista relacionada com os assentamentos humanos, leva-nos a uma reflexão sobre o sentido do projeto em nossos dias. Entendemos por "projeto" uma composição gráfica com diferentes tipos de "desenhos", cujo objetivo é expressar e comunicar um desejo humano.
1. Quando relacionamos "desenho" ao projeto de urbanismo, de paisagismo, de design, de engenharia, de artes plásticas, etc. podemos dizer que se trata de uma linguagem visual precisa e\ou expressiva. Este tipo de desenho se visualiza no espaço bidimensional e\ou no espaço tridimensional virtual (CAD) por meio da linguagem gráfica não verbal.
2. Quando relacionamos "desenho" com um projeto econômico, social, cultural, ideológico, planejamento urbano regional, etc., podemos dizer que se trata de uma linguagem abstrata. Este tipo de "desenho" se visualiza por meio da linguagem gráfica verbal.
Ambos são representações de desejos de pessoas ou de grupo de pessoas. A concretização destes desejos é sempre uma interferência na biosfera do nosso Planeta Terra e consequentemente, na qualidade de vida da humanidade. Ambos são interdependentes, se justificam e se completam. | |||||||||||
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O desenho do projeto só se justifica por sua inteireza.
O desenho gráfico (1) que cada cidade adquire no decorrer do tempo, nada mais é do que a concretização do desenho dos sistemas (2), desenhados pelos agentes do poder. A cidade como uma grande fábrica, com zonas organizadas para o comércio, para a indústria, para a parte administrativa, para as residências classes sociais alta, media, baixa, pobre, miserável, etc., é o símbolo do Modelo de Desenvolvimento Industrial-Capitalista, que os agentes do poder organizaram para "os outros", isto é, para os excluídos viverem. Infelizmente este Modelo de desenvolvimento Industrial-Capitalista demostrou ser INSUSTENTÁVEL pois não reflete os desejos dos cidadãos do mundo e sim do sistema capitalista-industrial.
Re-desenhar, Re-aproveitar, Re-novar, Re-ciclar, Re-vitalizar Procura-se hoje, um novo sentido para o projeto que transcenda os padrões dogmatizados até hoje. Se o projeto é a expressão do desejo do homem, necessitamos neste final de milênio, refletir sobre estes "desejos" e redesenhar as nossas cidades, reaproveitanto, renovando e reciclando o que nela já existe. Revitalizá-las para humanizá-las, transformando-as de fato em "assentamentos humanos" com VIDA, porque foram desenhadas como "assentamentos-industriais" como MÁQUINAS.
Pensar globalmente para agir localmente...
Um projeto não se justifica por sua apresentação por meio de diferentes técnicas de linguagens gráficas (imanência) que representam um certo modismo, um mimetismo de outras culturas, mas deve ir além (transcendência). |
A transcendência acontece no momento em que o cidadão com todo o seu conhecimento teórico e prático (imanência) visualiza (transcendência) a esperança (potencialidades) para alcançar uma ótima qualidade de vida aos nossos descendentes e coloca (ethos).o desenho do projeto como instrumento para se conseguir concretizar este desejo de mudança.
É tempo de transcendência... é tempo de pensar, de refletir, de meditar sobre o sentido do "desenho do projeto" em sua inteireza (abstrato e visual). Esta é a única condição que se vislumbra para a VIDA neste novo milênio que se aproxima.
Tudo depende dos tipos de projetos que serão ensinados e pesquisados nas universidades:
a) ou continua sendo a codificação gráfica da disciplina (especialista, fragmentada, cartesiana, alienada) cujo sentido é representação gráfica normativa e exata por um lado e a codificação gráfica da interdisciplinaridade cujo sentido é a estética e a funcionalidade do objeto, a produção e o consumo, b) ou se transforma na codificação gráfica da transdisciplinaridade cujo sentido é a qualidade de vida.
O desenho do projeto é um todo menor dentro de um todo maior...
Em plena Era da Informação, não se justifica professores alienados que continuam desenvolvendo apenas a técnica (tradicional ou informatizada) separada do seu objetivo maior. Este é o tipo do professor "homo-demens" que sabe tudo do quase nada... e acaba por ser co-responsável pelo mau uso deste conhecimento que ele mesmo ensinou.
Não restam dúvidas sobre a necessidade do exercício de uma nova | |||||||
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ética nas Universidades, denominada "Ética da Diversidade". Este novo conceito de ética divulgada pela UNESCO, foi elaborada no Congresso Internacional CIRET-1998 por pesquisadores internacionais holísticos-transdisciplinares, tendo como representante brasileiro, o Prof. Dr. Ubiratã D'Ambrósio. As palavras-chave desta nova ética é a tolerância e transdiciplinaridade que devem identificar o novo professor e pesquisador universitário do terceiro milênio.
Tolerância para ser capaz de ouvir sem preconceitos, todos os cidadãos, desde os mais humildes, das mais diferentes culturas e classes sociais, até os mais poderosos e intelectualizados, para depois refletir, meditar e se transformar em "homo-sapiens".
Homo-sapiens é aquele que, adquirindo sabedoria de outras culturas e de diferentes classes sociais, se transforma em mediador criando (ethos) por meio da transdisciplinaridade, "pequenos projetos inteiros" que se identificam com o "projeto inteiro maior" do Novo Modelo De Desenvolvimento Sustentável idealizado por Jesus Cristo há 2000 anos e que só agora a Humanidade está compreendendo.
Maria Alzira Loureiro | ||||||
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SUMÁRIO | ||||||||||||||||
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Manfreide Henrique Martinez Arquitectura e Dezplazamiento de Conceptos: el caso de Lina Bo Bardi.
Irajá Gouvêa Por um Desenvolvimento Urbano.
Renato Leão Rego Breve História de Três Idéias: Motivos formais recorrentes na produção da arquitetura moderna brasileira.
Roberto de Carvalho Jr Água - uma Visão Holística, Sistêmica e Prospectiva. |
43 |
Odair Laurindo Filho Máquinas-Operatrizes: aspectos de segurança e higiene do trabalho.
Maria Alzira Loureiro O Desenho das Estruturas Geométricas: poliedros platônicos e arquimedianos.
Paulo Kawauchi Ensino à Distância: Potencialidades, Tendências Atuais e Visão Prospectiva para o Ensino do Desenho.
Cleia Rubia de Andrade e Castro O Homem e Seu Espaço. | |||||||||||||
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Arquitectura y desplazamiento de conceptos: El caso de Lina Bo Bardi | ||||||||
Manfreide Martínez1 | ||||||||
Martínez, M. Arquitectura y Desplazamiento de Conceptos: el caso de Lina Bo Bardi. Revista Assentamentos Humanos, Marília, v2, n. 1, p13-19, 2000. | ||||||||
ABSTRACT
Within the vernacular and figurative Brazilian universe, Lina Bo Bardi seeks the abstract and rationalist mechanisms upheld by the Modern Movement, though relieved by playful features, at times almost theatrical. Her concept of Architecture as both public service and poetry helps us to understand her work through its intention to forge a connection between the popular and the erudite, cartesian, cultures - as a way of building a socialist civilization through scientific means. | ||||||||
Key Words: Lina Bo Bardi, modern Brazilian architecture, postmodern.
Palavras-Chave: Lina Bo Bardi, arquitectura moderna en Brasil, postmodernismo. | ||||||||
1 Professor da Universidade Estadual de Londrina e doutorando na Universidade das Ilhas Baleares, Espanha. | ||||||||
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"De todos los remordimientos del hombre, tal vez el más cruel sea el de lo no realizado". Marguerite Yourcenar, El tiempo, gran escultor, 1931.
1 Alan Colquhoun habla del desplazamiento de conceptos de la arquitectura clásica hacia la arquitectura de Le Corbusier, mientras Colin Rowe compara esta arquitectura con la de Palladio. Colquhoun, a través de un análisis formal, método también utilizado por Rowe, compara la gramática del lenguaje clásico de la arquitectura y su permanencia racionalizada en `los cinco puntos de la arquitectura' corbusierana que en cierto sentido fundamenta sus construcciones. Para Colquhoun, en el método creativo de Le Corbusier se halla "un proceso de reinterpretación y no de creación a partir de un vacío cultural" (2:114).
En este sentido, si la arquitectura clásica era una imitación de la naturaleza, siendo portadora de los contenidos miméticos que las vanguardias rechazaron, ahora se pasaba de una "imitación de la naturaleza a la imitación de la nueva naturaleza tecnológica" (16:61), ambas coincidiendo en la racionalidad de sus formas. De hecho, desde su libro-manifiesto de 1923, Hacia una arquitectura (4), Le Corbusier, a modo de collage, traza un puente entre la arquitectura de Roma hasta la era de los paquebotes, de los aviones y de los coches, anunciando la famosa sentencia "una gran época acaba de comenzar" (4:69). Para Le Corbusier la mecanización del mundo y de la arquitectura está anclada a ideales de cuño social, pretendiendo inocentemente que la forma sea el agente de democratización social. David Watkin (17) ha señalado el papel moralizante del Movimiento Moderno y su ideología socio-política. "En arquitectura, esto significaba la continua creación de nuevas formas bajo | ||||||||
el impulso del desarrollo social y tecnológico, así como la representación simbólica de la sociedad a través de dichas formas" (3:35). Bajo este concepto, la arquitectura sería " la voluntad de una época traducida al espacio" (10:31), relacionandose directamente al concepto de zeitgeist.
2 Hablando en términos benjaminianos, la arquitectura se adaptó al concepto de "la obra de arte en la época de su reproductibilidad técnica", y pudo ser masificada, independiente de los aspectos regionales de cada país, pues el principio común de la generación del hecho es la idea de creación tecnológica cartesiana. Si para Benjamin la masificación del empleo del medio mecánico anula el aura y consecuentemente mata el arte en un mundo capitalista, los arquitectos de vanguardia, como Le Corbusier, pretenden justamente utilizarse de este medio como agente de una revolución cotidiana. La prueba reside en la lucha de Le Corbusier por definir la arquitectura como ingeniería, manteniendo el puesto de la arquitectura como disciplina humanística pero que se utiliza del diseño de los artefactos y de la producción en serie, trazando un puente entre la estética del ingeniero con la del arquitecto como dos "entes solidarios" (4:03).
Le Corbusier ejemplifica su concepto de normatización arquitectónica instrumentalizando los materiales prefabricados en la creación del sistema Dom-Ino (1914), ya que el arquitecto la utilizó en gran parte de su obra hasta el año 1935, donde también pretendía afirmar la conexión de la forma estándar con la función espacial y constructiva. La sistematización final del quehacer arquitectónico a modo de reglas, Le Corbusier la proclama en el año 1926 con los Cinco puntos para una nueva arquitectura, aunque ya había anticipado en la Maison Citrohan elevada sobre pilotis la utilización de sus preceptos. | ||||||||
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Esta versión padronizada de la Maison Citrohan, Le Corbusier la puso en práctica en el año 1927 en la Weissenhofsiedlung de Stuttgart, la famosa exposición sobre el habitar moderno, donde bajo la dirección de Mies van der Rohe se convoca "los protagonistas del Movimiento Moderno para que den su contribución a la cuestión de la vivienda moderna" (09:33). Allí, Le Corbusier y Mies van der Rohe aparecen juntos y "podemos imaginar su charla acerca de la racionalizazión e industrialización de la arquitectura, de la casa como máquina de habitar, de la flexibilidad del nuevo espacio doméstico a partir de la construcción en esqueleto, en fin, del espíritu de los nuevos tiempos" (09:33).
Lo cierto es que a finales de la década de 20, Le Corbusier, creyente de la misión de la arquitectura y sobretodo del urbanismo como solución para la masificada vida moderna, parte en viajes donde pueda difundir sus ideales bajo la óptica de la creación de una nueva cultura y que este ideal cuadraría y podría ser desplazado a un lugar sin el peso de la historia europea. Evidentemente este lugar es América pues "la historia no existe, ella es hecha" (15:83). En un texto titulado "O Espíritu Sulamericano", Le Corbusier, siempre dentro del tono profético que le caracteriza, dice: "A Europa burguesa é um peso para a América do Sul. Libertai-vos! A Europa burguesa está virtualmente enterrada. É chegada uma nova hora" (15:70).
A partir de aquí creo que también se puede hablar del desplazamiento de conceptos en la arquitectura moderna en Brasil, pues cuando Le Corbusier llega al territorio `sin historia'de Brasil, el país intentaba definirse culturalmente a través de la búsqueda de sus trazos artísticos genuinos, que desde entonces estuvo en franca dependencia con el eurocentrismo. Pero si Le Corbusier ve en América un territorio limpio donde sería posible la concreción de su empezar la arquitectura | |||||||
desde una tabla rasa, Antônio Cândido apunta que el problema de identidad para Brasil residía en resolver "una ambigüedad fundamental: la de somos un país latino, de herencia cultural europea, pero étnicamente mestizo, ubicado en los trópicos, influido por culturas primitivas, amerindias y africanas" (1:117), siendo que nuestra identidad pasaba por solucionar tales dicotomías.
3 Irónicamente, el hecho de Brasil tentar crear una cultura propia a través de la Semana de arte moderna de 22, parte de los elementos de vanguardia europea, que algunos de los artistas brasileños habían contactado en viajes a Europa.
El primero manifiesto de arquitectura brasileño, titulado Futurismo?, escrito por el ruso Gregori Warchavchik en 1925, proclama a la manera europea la `estética de la máquina'.
Como es sabido, el mismo Warchavchik fue el responsable por la primera casa `purista' en Brasil, en 1927, donde frente la falta de la tecnología adecuada para plasmar una verdadera arquitectura purista, oculta el tradicional tejado de las casas de Sao Paulo a través del prolongamiento vertical de la fachada principal, intentando darle la apariencia de `prisma'.
En el año en que Le Corbusier termina su obra-manifiesto, la Vila Savoye de 1929, el arquitecto es invitado por Paulo Prado para visitar Brasil. Le Corbusier aprovecha la ocasión y recomienda que el crítico legitimador de la arquitectura moderna, es decir, Giedion, sea el representante de América Latina en los CIAM. Gregori Warchavchik recomienda a Lucio Costa, el hombre que mejor luchó para definir una nueva arquitectura brasileña y el arquitecto que vio en la casa | |||||||
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Cuando, a partir del diseño de Le Corbusier para el Ministerio da Educaçao e Saúde, desarrollado por Lucio Costa, Oscar Niemeyer, Carlos Leao, Jorge Moreira, Affonso Eduardo Raidy y Ernani Vasconcelos, se dan las alteraciones que modifican la arquitectura corbusierana, Frampton, en un tono poético que no le es habitual, analiza: "los jóvenes seguidores brasileños transformaron inmediatamente estos componentes puristas en una expresión autóctona sumamente sensual que en su exuberancia plástica se hacia eco del barroco brasileño del siglo XVIII" (6:258). Es evidente que estas son las mismas palabras que se utiliza Oscar Niemeyer para describir su arquitectura.
4 genius loci En la irónica búsqueda brasileña por definirse como cultura genuina, donde Europa es siempre un referente que cambia al `vivir en Brasil', concepto señalado por Gilberto Freire, Roberto Schwarz y Darcy Ribeiro, no deparamos con otro discípulo de Le Corbusier, es decir, Lina Bo Bardi, que trabaja con el lenguaje corbusierano de una manera más directa y referencial, sobretodo en sus primeras obras en Brasil. Y no solo Le Corbusier, como también Mies van der Rohe.
Pensamos que los aspectos intencionales de padronización estándar y tecnológico de cuño purista y minimalista, bien como sus presupuestos morales y sociales de ordenación de la historia a través de la forma en la obra y pensamiento de Lina Bo Bardi son estudiados de forma periférica, haciendo con que los aspectos antropológicos de su obra ganen protagonismo. Un protagonismo inocente, `nacionalista', anclado en un complejo de inferioridad y que a la vez intenta subrayar el genuino de la cultura brasileña. | ||||||||
`purista' de 1927 el inicio del abandono del estilo neocolonial en Brasil.
Aquí podríamos decir que llegamos al punto, o el puente, entre la arquitectura moderna y su desplazamiento en Brasil. La tensión entre aceptar los ideales de una arquitectura internacional y la afirmación de una cultura nacional se hacen evidentes en la afirmación de Lucio Costa: "La arquitectura brasileña es un producto típico del talento de una raza". Si los ideales corbusieranos son afirmados con base en la anulación de un territorio geográfico y social a través de una normatización reglamentaria, es a partir de la búsqueda de una carácter genuino que se esboza la búsqueda de una auténtica arquitectura brasileña. Pensamos que sólo la invención ingeniosa podría justificar tal hecho, cosa que la crítica reconoce en Oscar Niemeyer, el discípulo de Le Corbusier que Lucio Costa defendió como `el talento de una raza'.
A partir de las técnicas modernas del hormigón, Niemeyer, con un dibujo gestual, crea "la curva libre y sensual.. que la nueva técnica sugiere", siguiendo el consejo de Le Corbusier de "mantener los ojos en las montañas de Rio". Le Corbusier nunca dejó de contradecirse. Así, con la técnica del hormigón, Le Corbusier propone a Niemeyer que "Construya el barroco", el lenguaje de la arquitectura de Aleijadinho, extrañamente una arquitectura de `estilo' rechazada por Le Corbusier .
A partir del `ablandamiento' de la rigidez formal de la poética corbusierana (13:39), Niemeyer pasa a ser reconocido internacionalmente por la crítica, que ve en la obra para la Pampulha en la década de 40 el inicio del modernismo brasileño, justificando la intención brasileña de originalidad.
Parte de la crítica apoya los desplazamientos formales de tal arquitectura, otra parte no (12:228). | ||||||||
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Nuestra tesis es: Lina Bo Bardi busca en medio del universo figurativo y vernacular brasileño los mecanismos abstractos y racionalistas otorgados por el Movimiento Moderno, aunque añadidos de aspectos lúdicos y provisionales, casi escenográficos.
En el momento que la postmodernidad bombardea el proyecto de la arquitectura moderna como un proyecto muerto, se puede ver en Lina, desde luego, no la muerte de la modernidad, pero la necesidad de hacer visible los aspectos puntuales de tal proyecto y la búsqueda de su legitimación idealista.
Para la arquitecta, la observación de la historia viene en función de subrayar la tipificación formal y funcional que reside en la arquitectura popular que se preocupa en ser práctica en el sentido constructivo y utilitario, estando emparejada con los ideales de la arquitectura moderna.
Pero dejemos que hable Lina Bo Bardi.
A través de su Curriculum literário podríamos apuntar algunos de sus conceptos en su llegada a Brasil. En el principio de su Curriculum dice: "Eu nunca quis ser jovem. O que eu queria era ter história" (05 : 09), totalmente en desacuerdo con las enseñanzas de vanguardia. Pero, al final del mismo Curriculum, Lina revela lo que hizo con que esta italiana se decidiera por vivir en Brasil: "Chegada ao Rio de Janeiro de navio, em outubro. Deslumbre. Para quem chegava pelo mar, o Ministério da Educaçao e Saúde avançava como um grande navio branco e azul contra o céu. Primeira mensagem de paz depois da Segunda Guerra Mundial. Me senti num país inimaginável, onde tudo era possível. Me senti feliz, e no Rio nao tinha ruínas" (05:12).
Eso es lo que impactó a la arquitecta: la arquitectura de gramábajo el título "La presencia del pasado": "Esta primera |
bienal de arquitectura fue decepcionante. Yo la describiría diciendo que los que expusieron en Venecia formaban una vanguardia de frentes invertidos. Quiero decir que sacrificaron las tradición de la modernidad para hacer sitio a un nuevo historicismo" (7:87).
Lina Bo Bardi, tal como el filósofo, ve en la autoproclamada postmodernidad un signo de conservadurismo: "O Movimento Post-Modern, nascido nos Estados Unidos, adquiriu importância internacional na última Bienal de Veneza, reacionário e anti-atual confunde o verdadeiro sentido da história, com os duvidosos retornos ao historicismo" (05:226). Y sí para Habermas la modernidad aún está anclada en la idea de un futuro, de un porvenir que debe ser realizado algún día, la arquitecta, igual que el filósofo, aplaza su ideal a través de la espera del momento histórico, político y social donde esta modernidad se cristalize, de acuerdo con las esperanzas brasileñas de que `Brasil es el país del futuro'.
Es con cierta melancolía que Lina Bo Bardi escribe un año antes de su muerte: "Tenho inibiçoes arquitetónicas, é uma doença nao é pose: sou incapaz de projetar um Banco, uma Mansao Particular, um Hotel. Teria amado ser chamada para projetar talvez um Hospital, Escolas, Casas "Populares", mas nunca aconteceu" (05:316). Y al final añade la clave de su pensamiento: "No fundo vejo a arquitetura como Serviço Coletivo e como Poesia" (05:316).
Desde la Ilustración, como señaló, Kruft, la "idea que la arquitectura puede tener efectos pedagógicos en la sociedad había adquirido cierta difusión" (08:681), lo mismo que hace Le Corbusier, que otorga al arquitecto el papel de mesías de una nueva sociedad, concepto claramente adoptado por su heredera Lina Bo Bardi, aunque la arquitecta busque más una conciliación histórica que una imposición radical hacia la historia brasileña. | ||||||
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El hecho de que consideraba todo como arquitectura, dando especial atención a la `arquitectura del objeto', del diseño, trabajando con vestuario, escenografía y periodismo, ubica la arquitecta en un fuerte idealismo que pretende otorgar al arquitecto el papel de transformador cultural, del mismo modo que Walter Gropius pretendió con la Bauhaus y que Argan nombró de "racionalismo pedagógico", concepto que cuadra perfectamente con Lina Bo Bardi.
Es en la intención de promover el encuentro de la cultura popular con la cultura erudita de base cartesiana como método que busca realizar una civilización socialista a través de medios científicos que la obra de Lina Bo Bardi debe ser leída, independiente de que hoy día vivamos bajo arquitecturas narcisistas, bellas y espectaculares, preocupadas con el lenguaje impactante de sus formas y totalmente en oposición a los principios idealistas de la vanguardia que tiene en Lina Bo Bardi una representante, pese a la soledad interior del artista que no puede cambiar una sociedad `pro-yectando' formas arquitectónicas bajo conceptos caritativos. |
BIBLIOGRAFIA:
1. CÂNDIDO, Antônio. Literatura e sociedade. Sao Paulo: Editora Nacional, 1976.
2. COLQUHOUN, Alan. Arquitectura moderna y cambio histórico. Ensayos 1962-1976. Barcelona: Gustavo Gili, 1978. 3. ________. Modernidad y tradición clásica, Madrid, Jucar, 1991.
4. CORBUSIER, Le. Hacia una arquitectura, 2ª ed. Barcelona: Editorial Poseidón, 1978.
5. FERRAZ, Marcelo Carvalho (ed.). Lina Bo Bardi. Sao Paulo: Instituto Lina Bo e Pietro Maria Bardi, 1993.
6. FRAMPTON, Kenneth Frampton, Historia crítica de la arquitectura moderna, 3ª ed. Barcelona: Gustavo Gili, 1987.
7. HABERMAS, Jürgen. "Modernidad versus postmodernidad" en Josep Picó (compilación). Modernidad y Postmodernidad. 2ª ed. Madrid: Alianza Editorial, 1992.
8. KRUFT, Hanno-Walter. Historia de la teoría de la arquitectura. 2. Desde el siglo XIX hasta nuestros días. Madrid: Alianza Editorial, 1990.
9. LLEÓ, Blanca. Sueño de habitar. Barcelona: Fundación Caja de Arquitectos, 1998.
10. MIES VAN DER ROHE, L. "Arquitectura y modernidad" en Escritos, diálogos y discursos, Madrid, Colegio Oficial de Aparejadores de Madrid, 1982.
11. MONTANER, Josep María. La modernidad superada. Arquitectura, arte y pensamiento del siglo XX. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 1997. | |||||||
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12. PEVSNER, Nikolaus. Pioneros del Movimiento Moderno, de W. Morris a W. Gropius. 3ª ed. Ediciones Infinito: Buenos Aires, 1972.
13. REGO, Renato Leao. Duas casas de Oscar Niemeyer, una imagen da formaçao da arquitetura moderna brasileira, Assentamentos Humanos: revista da faculdade de Engenharia e Arquitetura da Universidade de Marília, vol. 1, nº 0, dezembro de 1999.
14. ROWE, Colin. Las matemáticas de la villa ideal y otros ensayos. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 1978.
15. SANTOS, Cecília Rodrigues dos (et al.). Le Corbusier e o Brasil. Säo Paulo: Tessela/projeto, 1987.
16. TAFURI, Manfredo. Teoría e Historia de la Arquitectura. Hacia una nueva concepción del espacio arquitectónico. 2ª ed. Barcelona: Editorial Laia, 1977.
17. WATKIN, David. Arquitectura y moral. Desarrollo de un tema en la historia y la teoría arquitectónica desde el `revival' del gótico al Movimiento Moderno. Barcelona: Tusquets Editores, 1981. | ||||||
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POR UM DESENVOLVIMENTO URBANO. | |||||||||||
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Irajá Gouvêa1 | |||||||||||
Gouvêa, I. Por um Desenvolvimento Urbano. Revista Assentamentos Humanos, Marília, v2, n. 1, p21-25, 2000. | |||||||||||
ABSTRACT | |||||||||||
A city or town is determined in its form through several kinds of organization and development. The occupation of the urban public space depends on the existence or not, of urban regulations, associated with their applicability through a public authority, in this case the municipal authority. Through a theoretical analysis of the city, a variety of the tools used by the municipal halls will be examined, to study their development, as well as to analyse these tools, as employed in different Brazilian realities. In order to support this subject we should remember Article 182 from Federal Constitution which states that urban development policy has as its main goal to implement the full development of the town's social function besides guaranteeing the welfare of its | |||||||||||
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1Professor Mestre na disciplina Legislação e Ética profissional e Projeto de Arquitetura, UNIMAR _ Fac. de Engenharia e Arquitetura | |||||||||||
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inhabitants. The Municipal Executive and Legislative authorities have the responsibility of attending the content of the said article. Are all Brazilian cities practicing the full development of their social functions, assuring by these means, the welfare of their inhabitants ? |
Pode-se dizer que, a partir dos anos 80, de maneira geral, os poderes municipais passaram a perceber a importância do planejamento para o desenvolvimento da cidade, sendo tratado de maneira respeitosa por parte do Legislativo e Executivo. No entanto, os instrumentos de regulamentação urbanística e de orientação para o desenvolvimento das cidades foram sendo copiados pelas cidades menores, nem sempre regulamentados ou adaptados para suas reais aplicações. Estes instrumentos usados para regular o funcionamento urbano merecem ser analisados para que se possa verificar a efetividade de sua aplicação. O Plano Diretor como o carro chefe do planejamento, bem como, sua aplicabilidade através de normatizações, carecem de uma melhor definição. Cabe as administrações municipais viabilizar estas normatizações, fazendo com que o ordenamento espacial aconteça de maneira natural através de uma parceria entre o poder constituído e a população.
Plano Diretor
Trata-se de um instrumento normativo e estratégico de planejamento do desenvolvimento urbano, vindo a constituir a principal referência de ordenamento espacial da cidade. Este instrumento não se limita a ordenar ou normatizar as atividades do território no espaço físico da cidade, mas também se propõe a induzir seu desenvolvimento econômico, social e ambiental. Através de um diagnóstico da atual realidade física, social, econômica, política e administrativa da cidade, do município e da região, criam-se subsídios para propor um plano de desenvolvimento. É portanto, um instrumental de alta utilização para o planejamento futuro. A Prefeitura e a Câmara Municipal exercem a gestão urbana através do desempenho de funções relacionadas às normatizações e intervenções no cenário | |||||||
Key Words - urban development, municipal power
Palavras-Chave _ Desenvolvimento urbano, poder urbano
Introdução
Uma cidade é determinada em sua forma, através de vários meios de organização e desenvolvimento. A ocupação do espaço público urbano depende da existência ou não, de uma regulamentação urbanística associada a sua aplicabilidade através do poder publico, no caso, o poder municipal. Através de uma análise teórica no campo urbanístico, será feito um levantamento da existência de vários instrumentos utilizados pelas prefeituras, para ordenar seus desenvolvimentos, bem como, uma análise destes instrumentos, nas diferentes realidades brasileiras. Para dar sustentabilidade a este assunto, deve-se lembrar da existência do artigo 182 da Constituição Federal: que a política de desenvolvimento urbano tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem estar dos seus habitantes. É portanto, pura responsabilidade do poder público municipal, formado pelos poderes Legislativo e Executivo, atender o conteúdo deste artigo. Estariam todas as cidades brasileiras praticando o pleno desenvolvimento das funções sociais, garantindo assim o bem estar dos seus habitantes ? | ||||||||
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urbano. Isto quer dizer que compete ao órgão público definir normas de utilização do solo urbano, das edificações, do parcelamento do solo, das infra-estruturas, dos equipamentos coletivos e áreas de preservação natural. Cabe, também, a este mesmo poder público, embora não pertencente a sua normatização, induzir e proporcionar os elementos econômicos, políticos e culturais dentro do espaço urbano. Através de diretrizes formuladas em seu plano, intervenções são feitas de forma a orientar e produzir o processo de desenvolvimento urbano. É neste aspecto que o processo se perde, ou seja, as cidades ficam à mercê dos interesses econômicos de pequenos grupos detentores do poder, quase sempre, interesses escusos ao interesse público. Por outro lado, o próprio planejamento é conceituado sobre o prisma da temporalidade. O ato de planejar é calcado dentro de metas a curto, médio e longo prazo, cabendo a uma gestão dar continuidade nas ações a médio e longo prazo idealizadas nos planos diretores de gestões anteriores. Isto, somente acontece, principalmente nas cidades de médio e pequeno porte, quando há interesses, ou seja, quando grupos políticos fazem sucessores, sendo comum uma administração abandonar um plano diretor para substituí-lo em parte ou totalmente, atribuindo a autoria à sua gestão. Cumprindo a determinação da constituição, várias cidades brasileiras voltaram a elaborar planos diretores no início dos anos 90, aproveitando para substituir o anterior, bem como, priorizar os interesses de seus dirigentes. Portanto, os poucos planos diretores existentes, embora formulados algumas vezes de maneira correta, mesmo quando copiados e adaptados a outras realidades urbanas, quase sempre não passam de plataformas políticas, esquecidas pelas |
administrações, alteradas pelos legisladores e desrespeitadas pelos cidadãos comuns que desconhecem sua essência e sua finalidade. Apesar de todos estes problemas, podemos observar certos tópicos do plano diretor sendo aplicados com alguma eficiência em muitas prefeituras de pequeno, médio e grande porte, tais como:
- Assentamentos de população de baixa renda; - Urbanização dos loteamentos de baixa renda; - Delimitação de áreas de interesse, principalmente as destinadas à habitação; - Não-aprovação de projetos que causam impacto ao sistema viário, infra-estrutura e paisagem urbana; - Criação e implantação de equipamentos coletivos, bem como normatização para sua utilização e implantação; - Preservação e regulamentação de utilização dos recursos naturais e patrimônios culturais e históricos.
Lei de Uso e Ocupação do Solo Lei de Parcelamento do Solo
Em termos de regulação espacial, são estas leis que ditam as normas e regulamentam a produção e construção do seu espaço. Dessa forma, regulamentam as construções públicas e privadas na área municipal, definindo as condições de utilização do solo no âmbito do perímetro urbano. Cabe ao plano diretor criar normas complementares que se adaptem à realidade do território urbano, porém, o que vemos novamente são adaptações a leis de zoneamento e uso de solo de outras cidades e regiões, nem sempre atendendo à realidade local. Como exemplo podemos citar o Artigo 4° da Lei de Parcelamento do Solo, o item II DOS REQUISITOS URBANÍSTICOS PARA LOTEAMENTO, que diz : Os lotes terão área mínima de 125,00 m² (cento e vinte e cinco metros quadrados) e frente mínima de 5,00m ( cinco metros). | ||||||||
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Se observarmos o conteúdo dos planos diretores de várias cidades, veremos que este item não apresenta qualquer norma complementar alterando as dimensões mínimas exigidas ou determinando o desmembramento mínimo para assegurar uma melhor qualidade de vida. Novamente parece que se interpõe o interesse imobiliário como determinador do espaço urbano. No parágrafo 1° deste mesmo artigo se lê: A percentagem das áreas públicas previstas no inciso I, deste artig,o não poderá ser inferior a 35% (trinta e cinco por cento) da gleba... Podemos entender que a lei original não faz alusão às características topográficas e de localização viária desta área a ser destinada à comunidade, cabendo portanto ao agente imobiliário determinar os locais a serem implantados os equipamentos urbanos , bem como os espaços livres de uso público. Consequentemente, na maioria dos loteamentos, estas áreas estão implantas nos locais mais afastados e irregulares topograficamente. Também neste caso, o plano diretor deveria intervir, criando normatização no intuito de reprimir abusos imobiliários. Além destas intervenções às leis originais, o plano diretor deve dinamizar a própria utilização do solo através de programas específicos que venham de encontro a seu objetivo maior que é a de induzir o desenvolvimento. Podemos citar como intervenção pública : - Renovação urbana _ revitalização e restauração de áreas degradas, dando-lhes nova dinâmica e incentivando seu uso. Como exemplo, podemos citar as proximidades dos trilhos ferroviários.
- Estruturação urbana _ integrar ao tecido urbano as áreas rarefeitas, através da implantação de atividades econômicas e de uso habitacional, além de soluções para preservação ambiental. Como exemplo, podemos citar os fundos de vale.
- Dinamização urbana _ criar focos de interesses urbanos, de maneira a |
diversificar o crescimento e ordenamento urbano. Como exemplo, podemos citar a remodelação paisagística de uma região urbana pouco valorizada.
Gestão urbana e gestão Municipal
Somente a existência de leis, planos e programas não é suficiente para promover um funcionamento adequado às cidades. As carências apresentadas na maioria das cidades brasileiras exigem, além dos instrumentos de ordenação do espaço, provisão pelo poder publico de serviços de infra-estrutura social e de equipamentos urbanos. Cabe à gestão urbana dirigir o orçamento, dando prioridades às necessidades reais da população, o que nem sempre ocorre, pois, novamente, os interesses particulares de poucos ou a falta de capacidade dos administradores e seus assessores são uma constante. Estas necessidades por parte da população caracterizam a vida pública, também designadas de meios de consumo coletivo. São exemplos destas necessidades: serviços de transporte coletivo, centros de saúde, escolas, asilos, creches, saneamento básico, segurança pública, limpeza urbana entre outros. A gestão municipal pode ser definida como o produto dos ordenamentos espaciais, através das normatizações dos planos e leis que o englobam, e, da provisão dos serviços urbanos básicos efetuados pela gestão urbana. Entretanto, não podemos esquecer que a gestão municipal não pode e não deve promover uma administração isolada. Esta gestão deve ser formada principalmente com a participação direta da população, através de fóruns de discussão, debate e definições de políticas públicas e acompanhamento na implantação das deliberações. Cabe à lei orgânica do município, definir esta real participação popular nas administrações, não apenas através dos vereadores, representantes legais do povo, mas também, junto à comunidade, | |||||||
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através de associações de bairros e de serviços, visando, com isso, uma fiscalização direta nas administrações, evitando assim, os abusos tão comuns observados por todo o país.
Aplicabilidade das normatizações
Pode-se observar que, teoricamente, as cidades possuem instrumentos de ordenamento físico-espacial e de desenvolvimento, no entanto, não se deve esquecer que a existência de ferramentas não é suficiente para garantir a sua aplicabilidade e eficácia. Há bastantes exemplos de cidades com planos diretores e normatizações antigos ou recém formulados que não estão apresentando efeitos salutares para a comunidade. A administração pública, através de seus técnicos e decisores, apresenta um conhecimento que se expressa dentro de uma linguagem pouco acessível à maioria da população. Uma gestão compartilhada como foi dito anteriormente precisa suprir, portanto, a distância existente entre os técnicos e o cidadão comum. A informação deve divulgar toda questão de interesse coletivo, de modo a produzir e sucitar interesse da comunidade, produzindo com isto, vontade de intervir. Outro ponto conflitante é a estrutura administrativa dos órgão municipais. A fragmentação das competências administrativas reflete no controle do uso do solo. Assim, enquanto uma secretaria apresenta, elabora e dá subsídios para aprovação e normatização de uma lei, não se pode esperar que outra secretaria, alheia a decisões relativas a esta normatização, faça a implementação e fiscalização da mesma.
A partir do interesse verdadeiro da população, expresso num contínuo fórum, com toda a comunidade participando de maneira democrática através de suas associações, instituições, grupos sociais e dos seus representantes legais, constituído |
pela Câmara Municipal, deve-se promover a aproximação da gestão municipal no momento da feitura e execução dos planos, mostrando-se sensível aos desejos da comunidade como um todo, estabelecendo um vínculo estreito entre o poder decisório e o poder reivindicatório; e, finalmente, quando a estrutura da administração dos órgãos municipais não apresentar fragmentações, passando portanto, a ser reformulada, através de uma ampla reforma administrativa, podem-se esperar , embora não a curto prazo como todos anseiam, mas a médio e longo prazo, mudanças que acarretarão um novo conceito de desenvolvimento urbano, e então, por certo, se estará caminhando rumo à cidade desejada.
Bibliografia
LOJKINE, Jean. O Estado Capitalista e a questão urbana. São Paulo: Martins Fontes, 1981.
CASTELLS, Manuel. Gestão Urbana: planejamento e democracia política. São Paulo: Sempla, 1985.
SANTOS, Wanderley G. dos. Cidadania e justiça. R. de Janeiro: Campus,1979.
FUNDAÇÃO PREFEITO FARIA LIMA _ Cepam .O município no século XXI: Cenários e perspectivas. Ed. Especial. São Paulo: 1999. | ||||||
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BREVE HISTÓRIA DE TRÊS IDÉIAS: MOTIVOS FORMAIS RECORRENTES NA PRODUÇÃO DA ARQUITETURA MODERNA BRASILEIRA | ||||||||||||||||
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Renato Leão Rego1 | ||||||||||||||||
Rego, R. L. Breve História de Três Idéias: Motivos formais recorrentes na produção da arquitetura moderna brasileira. Revista Assentamentos Humanos, Marília, v2, n. 1, p27-34, 2000. | ||||||||||||||||
ABSTRACT
Based upon Brazilian modern architecture's emblematic images, this paper presents a brief history of three ideas: three recurrent formal motifs in Brazilian modern architecture: the `butterfly' roof, the lined vaults and the composition based on mixed lines (straight and curved) _ as theme for reflection on modern architecture in Brazil which, beyond the universal syntax justified by instrumental rationality and committed to the construction of the new and the architectural invention, has articulated a style by the insistent application of characteristic formal motifs, revealing a design method which does not eliminate the considerations of certain references as fundamental matrixes, although its theoretical discourse alternates between technological determinism and creator's intuition. | ||||||||||||||||
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1 Doutor pela Universidad Politécnica de Madrid, coordenador do curso de Arquitetura e professor no curso de Mestrado em Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Marília. | |||||||||||||||
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Key Words: Brazilian modern architecture; tipology; design method.
Palavras-Chave: arquitetura moderna brasileira; tipologia, metodologia projetual. |
disponibilidades técnicas e de programas sem precedentes, a arquitetura da Era da Máquina demandava soluções originais. Investido da racionalidade instrumental, aproximou a prática projetual de procedimentos científicos que passaram a fornecer leis gerais subjacentes às soluções técnicas adotadas. Animado pelo desejo de expressão do "espírito da época" e empenhado na construção do novo, o pensamento do movimento moderno substituíra a tradição, o costume e a imitação no método de desenho pela questão da invenção arquitetônica, cabendo à iniciativa do gênio criador do arquiteto, no momento criativo, o preenchimento daquele vazio cultural encontrado com a exclusão das tipologias(1:68).
Em retrospectiva, no processo de desenho da arquitetura moderna o determinismo técnico da obra se mostrou uma meia-verdade, a outra metade dela depositada na intuição do arquiteto, que motivava a `livre' expressão do projetista, desde que respeitados os cânones da nova arquitetura.
Tomemos Le Corbusier. Em suas considerações funcionais, a estratégia projetual de Corbusier ressalta mais a liberdade projetual que delas depreende que sua hipotética capacidade para determinar a solução arquitetônica. Os cinco pontos da nova arquitetura estavam entre as condicionantes protagonistas daquele papel restritivo que marcou a cena uniforme apresentada pelo Movimento Moderno, embora a planta livre, a fachada livre, a janela corrida, os pilotis e o terraço-jardim (acrescidos da restrição ao ornamento aplicado) fossem apenas elementos de um desenho que engendrava sua idéia de beleza por meio de formas desnudas, abstratas, geométricas, e consequentemente do jogo espacial surpreendente que elas estabeleciam.
Diferentemente de um Mies van der Rohe que negava a forma como um objetivo (2:27), Le Corbusier apostava | ||||||||
Resumo
Com base em imagens arquetípicas da arquitetura moderna brasileira, este trabalho trata de apresentar uma breve história de três idéias - três motivos formais recorrentes na produção da arquitetura moderna brasileira: o telhado `borboleta', as abóbadas em fila e a composição com linha mista _ como ponto para reflexão sobre a formação da arquitetura moderna no Brasil que, diante da sintaxe universal fundamentada na racionalidade instrumental e comprometida com a construção do novo e a invenção arquitetônica, operou por meio da rememoração de certas configurações arquitetônicas características, revelando um método projetual que, embora mantivesse seu discurso teórico oscilando entre o determinismo técnico programático e a intuição do projetista, não abandonou as referências a certas matrizes fundamentais.
Prólogo
A historiografia da arquitetura moderna brasileira pouco se referiu à questão tipológica no processo projetual, o que não se resume a uma falta dos historiadores e arquitetos envolvidos naquela tarefa, mas sim uma `exclusão' própria do postulado teórico da arquitetura moderna(1:70).
O movimento moderno descartou o uso artesanal de modelos. Não podia tolerar esta prática como estratégia de projeto uma vez que, diante das novas | |||||||||
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nisto: a partir dos cinco pontos, a criação arquitetônica se empenhava na tarefa de arranjar e compor volumes, aberturas, cores, associando invenção plástica ao espírito da geometria, de modo a extrair as mais variadas sensações que `deleitariam' o espectador da mesma forma que o faziam as linhas surpreendentes e os planos coloridos da pintura purista (3).
Na sua célebre definição de arquitetura formulada nos anos 20 já estava contida a intenção formal que permearia a produção da nova construção. "O jogo sábio, correto e magnífico engendrado pela planta e pela seção" (4:51) era uma proposição de caráter relativamente aberto que apenas indicava, no contexto da geometria observada nas construções da antigüidade em `Por uma arquitetura', os cânones do exercício de composição com volumes simples. Este manuseio de cubos, cones, esferas, cilindros ou pirâmides estava apenas condicionado por cinco pontos, racionalmente justificados por Corbusier, de modo a assegurar o papel da contribuição tecnológica e científica à construção moderna.
Entre os parâmetros da nova expressão arquitetônica vigente e a fé na intuição, o projetista nunca deixou de enfrentar decisões voluntárias e as configurações a que chega resultam sempre de uma intenção, e não meramente de um mero processo determinista. E porque naquele instante do exercício projetual o arquiteto pode contar com a liberdade de determinar ou selecionar a forma resultante de sua intervenção ele inevitavelmente tem recorrido à experiência, sua ou dos outros, como conhecimento adquirido, como recorreu a configurações-tipo, espécie de matrizes fundamentais tomadas tanto pelo reconhecimento de que sem precedente não há invenção quanto pela profissão de uma ideologia estética a afirmar-se por meio de precedentes formais |
reconhecidos. A `intuição' revelou-se consistentemente munida de soluções pregressas, como no caso de Le Corbusier que não reconhecia outro mestre senão a arquitetura do passado (5), enfim uma espécie de "intuição preparada por um conhecimento prévio específico que informa a ação arquitetônica"(6). "A própria prática da vanguarda moderna mostrava a impossibilidade de projetar sem referência deliberada a um repertório de soluções formais _ mesmo que essas soluções formais estivessem fora do território convencionalmente designado como arquitetura em um dado momento"(7).
Aos poucos, até mesmo as inventivas soluções modernas reapareceram como referências deliberadas, reempregadas pelos caracteres distintivos da arquitetura moderna, expondo não apenas o "valor de uso" dos artefatos, mas seu "valor de troca": aquela imagem que constitui objeto de intercâmbio cultural e forma parte de um sistema de comunicação dentro da sociedade, resultante de uma intenção icônica nem sempre reconhecida na produção arquitetônica (1:62).
A sintaxe da nova construção cobrou o papel de estilo, com intensidade igual à que negava os estilos precedentes, não apenas pela intenção do arquiteto moderno em atender a liberdade condicional instituída pelo conjunto orgânico dos seus esquemas, princípios e elementos, mas também pela re-produção de configurações reconhecidamente modernas. E isto vale para nossa latitude.
À parte a autonomia estética e a liberdade de inventiva que nosso país aportou à nova construção, coisa de que não gozavam os outros modernos, a arquitetura moderna brasileira, nos desdobramentos das suas leis formais internas, disfarça mal a referência persistente a certas estruturas arquitetônicas típicas, cujas soluções foram reaplicadas muitas vezes | ||||||
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independentemente do seu conteúdo programático, confirmando o valor e o significado daquelas formas precedentes, habilitando ora a idéia de modelo, prêt-à-porter, ora aquela acepção de Quatremére de Quancy retomada por Rossi, da matriz fundamental da qual se podem obter variáveis.
O caso, por exemplo, da obra de Niemeyer, que na análise tipológica e morfológica de Mahfuz (8) revela-se um conjunto finito de estratégias compositivas baseadas na aplicação e manuseio de um repertório limitado de elementos compositivos, embora Niemeyer alegue que seu método de trabalho consistiria em invenções constantes, a cada projeto partindo do zero, não se apoiando em quaisquer precedentes, apenas na sua sensibilidade e criatividade. Neste caso, Mahfuz esclarece que tão logo um novo elemento é inventado ou des-coberto (no sentido etimológico de trazer à tona algo que já existia no terreno das possibilidades mas estava invisível) passa a integrar o seu repertório, se convencionaliza, e é passível de utilização para os mais diversos propósitos.
Deste modo, entre `invenção' a ser reutilizada e distinção de uma estética nova, os motivos formais que apresentamos a seguir foram retomados por aquilo que formalizaram, contrariando a proposição do projetar sem apoio num repertório conhecido de soluções formais, da qual boa parte do discurso da produção da nossa arquitetura sempre esteve impregnada ou nunca se esquivou de assentir.
Breve história de três idéias 1. O telhado borboleta
A partir de um repasso pelas imagens que ilustram as publicações dedicadas à arquitetura moderna no Brasil (9), podemos esboçar esta breve história de alguns motivos formais que com | ||||||||
freqüência reincidem na produção de nossa arquitetura. Comecemos pelo telhado `borboleta', uma resposta persistente às composições arquitetônicas em um certo tempo da nossa arquitetura moderna.
A idéia de uma cobertura articulada em dois planos inclinados vertendo para uma calha central aparece na arquitetura moderna, salvo engano, em 1930, no projeto da casa Errazurris no Chile, onde de Le Corbusier definia uma outra dinâmica ao espaço interno da `composição cúbica'. Cinco anos depois, Corbusier emprega a mesma solução na casa de verão em Les Mathes. Se no desenho anterior o encontro dos telhados dividia transversalmente a planta, aqui a calha atravessa longitudinalmente o plano retangular, definindo a um lado uma inclinação para a cobertura dos quartos e do outro uma galeria aberta que faz as vezes de circulação e varanda. Curiosamente estas duas soluções foram aplicadas em projetos especiais: o primeiro pela localização remota e o segundo pelo orçamento apertado, ambos resolvidos com materiais locais e técnica construtiva alternativa àquela empregada nos seus projetos parisienses, resolvidos com lajes planas.
Entre nós, o telhado borboleta tem aparecido diversas vezes na obra de Niemeyer, sobretudo naquela realizada nos anos 40. No projeto da residência Passos, uma casa de fim de semana desenhada em 1939, o arquiteto retoma esta idéia posicionando a calha a um terço da planta e aproveitando a altura galgada nos outros dois terços para alojar os dormitórios num pavimento superior. Como no projeto de Corbusier em Mathes, os quartos abrem-se para uma varanda que toma toda a extensão da planta.
Também na casa de fim de semana de JK na Pampulha, construída em 1943, Niemeyer retoma este motivo formal: as duas alas da cobertura, com comprimentos diferentes, ganham alturas diferentes, o que permite ao arquiteto arranjar o programa da casa em três níveis | ||||||||
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justapostos. Esta volumetria definida pelas duas águas da cobertura formando um ângulo reentrante também havia sido adotada no Yacht Clube da Pampulha, de 1940, cobrindo o pavilhão envidraçado que abriga o restaurante e o salão de estar, delimitados pela aresta do encontros dos dois planos. E o desenho da casa Charles Ofair, de 1943, traz o mesmo prisma marcado pela inclinação do telhado borboleta sobre pilotis, com abertura no lado menor do prisma, deixando cegas as paredes laterais, numa versão diferenciada dos projetos do clube e da cada de JK.
Affonso Eduardo Reidy fez uso do telhado borboleta no projeto da casa Carmen Portinho, em 1952. Erguida num terreno bastante inclinado, parte da casa foi construída diretamente sobre o solo, enquanto o bloco principal apoia-se em pilotis e, como na casa Charles Ofair, a abertura principal encontra-se no lado menor do prisma, voltado para floresta que o envolve. No Centro de saúde do Conjunto Pedregulho como no Teatro Popular de Marechal Hermes, Reidy já tinha adotado o telhado em `V' dois anos antes para criar, no caso do teatro, um edifício de intensa plasticidade.
Esta idéia do telhado borboleta também será retomada em edifícios escolares como a Escola de Aprendizado Industrial, projeto dos irmãos Roberto de 1953, e o jardim de Infância projetado por Francisco Bolonha em Vitória, Espírito Santo, em 1952, e ainda no Colégio Estadual da Penha, São Paulo, desenhado por Eduardo Corona no mesmo ano. Entretanto, é nos projetos residenciais que este motivo formal será costumeiramente empregado. Henrique Mindlin também emprega a solução dos planos vertendo a uma calha central no desenho da casa de campo Lauro Souza Carvalho, de 1955; embora desencontradas, refletindo este desnível no pé-direito, as duas águas desta cobertura recebem uma platibanda que dá um tratamento mais regular ao prisma. Sérgio Bernardes aplica uma variação desta idéia na casa Jadir de Souza (1951), | |||||||
na qual a o ângulo obtuso da cobertura se curva suavemente.
Vilanova Arigas também empregou por diversas vezes o motivo formal do telhado em `V': no projeto da casa Antônio L. T. Barros, de 1946, na sua própria residência, na casa Czapski, ambas de 1949, e na casa D'Estefani, em 1950, quase sempre valendo-se da variação de altura da cobertura para acomodar o programa em vários níveis, assegurando o jogo espacial e a interpenetração dos ambientes contidos num volume único da `arquitetura cúbica'.
2. Abóbadas em fila
Na igreja da Pampulha (1942) Niemeyer lança mão das possibilidades do concreto armado, iniciando aquela pesquisa plástica que caracterizará toda a sua obra: a nave é coberta por uma abóbada parabólica autoportante, ladeada por outras, menores, que formarão uma série de quatro arcos na fachada. Le Corbusier já havia proposto coberturas abobadadas na casa de Paul Poiret junto ao mar (1916) e na casa `Monol' (1919), adotando-as menos pelo seu aspecto plástico que pela técnica construtiva em si.
Entretanto, a exploração deste motivo formal _ uma série de abóbadas de berço enfileiradas - começa com três projetos que a escola carioca elabora para Porto Alegra nos anos 40. Jorge Machado Moreira adotara este motivo formal na cobertura do seu primeiro projeto para o Hospital das Clínicas da UFRGS em 1942: no topo do edifício podemos ver as abóbadas, sustentadas por pilotis, e encabeçadas por pilares inclinados no sentido da sua força. Esta solução também foi adotada por Oscar Niemeyer em 1943 no projeto da sede do Instituto de Previdência daquele Estado e reeditada, no ano seguinte, por Reidy e Jorge | |||||||
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projeto de 1949-53 dos arquitetos Roux, Brenes e Bermúdez e na cobertura do Centro Urbano Presidente Juárez, no México, desenhado pelo arquiteto Mario Pani em 1950-52, como imagens da escola carioca que espalharam-se pela arquitetura latino-americana, como assinala Hitchcock.
3. Curva, reta e curva
Este motivo formal recorrente na arquitetura moderna brasileira é fruto daquela investigação plástica que Le Corbusier levou a cabo e formatou nos manifestos do purismo. As sensações despertadas pelas linhas que garrafas, violão, pratos e outros tantos objetos descrevem no quadro eram o mecanismo da beleza purista: o olho do espectador seria `massageado' pelos movimentos ondulados, suaves, contínuos, definidos nos planos geometricamente desenhados por figuras cotidianas reconhecíveis. Neste esquema pós-cubismo forma e geometria são elementos fundamentais e a emoção, e consequentemente a beleza, advém do `deleite' proporcionado por esta experiência (3:56).
Grosso modo, Burle Marx transfere esta poética à sua arte e faz das pranchas de um projeto paisagístico um trabalho pictórico. Seus jardins guardam a experiência purista das linhas que entrelaçam formas e definem planos e massas de cor. Vê-se aí aquilo que Corbusier chamara de marriage de contour. Burle Marx justapôs segmentos de retas e curvas num ritmo novo. Desde cedo suas composições estenderam o espírito da construção nova à paisagem. Seus jardins são compostos de áreas verdes e pavimentadas, espelhos d'água e passeios conformados por retas e curvas, a serpentear-se por entre as massas de vegetação. A linha mista que contorna jardins e espelhos d'água _ reta, curva e reta _ descreve ângulos obtusos, movimentos suaves, reforçando a estética | ||||||||
Machado Moreira no projeto conjunto que ficou com o primeiro lugar no concurso para a sede da Viação Férrea do Rio Grande do Sul, onde a seqüência de arcos é arrematada por uma cobertura plana inclinada.
Oscar Niemeyer recorreu a esta tipologia no desenho da Biblioteca do Instituto Tecnológico da Aeronáutica em São José dos Campos, SP. Neste projeto de 1947, o arquiteto formaliza umas "abóbadas estruturais de concreto armado, esquema já desenvolvido na Igreja da Pampulha (1942), com vedação de blocos de vidro" (10:86). Esta mesma tipologia também foi reempregada no Restaurante e Casa de Barcos do Leblon, RJ (1944) e na residência Burton Tremaine, Califórnia, 1947.
Reidy adotou este motivo formal na cobertura do vestiário do Conjunto Residencial de Pedregulho em 1947: sobre parede do vestiário, a projetar-se além dela construindo um beiral de proteção às aberturas arcadas, apoia-se a série de abóbadas que é arrematada pelo apoio inclinado. Anos depois, Jorge Machado Moreira recorrerá uma vez mais a esta idéia em 1953 para cobrir o `playground' no projeto do Instituto de Puericultura da Cidade Universitária do Rio de Janeiro.
Este mesmo motivo formal já havia aparecido anos antes na Rodoviária de Londrina, onde Artigas, inspirado pela escola carioca, desenha em 1950 uma série de sete abóbadas erguida por pilares de seção oblonga a uma dupla altura, servindo de abrigo aos ônibus, conectada a um prisma trapezoidal que acomoda os serviços da estação: saguão, guichês, restaurante conectam-se pelas áreas envidraçadas e pelas rampas que ligam os vários níveis em que se distribui o programa dentro deste volume simples.
Esta mesma configuração ainda pode ser vista na Escola de Administração e Comércio da Universidade do Panamá, um | ||||||||
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Caracas referem-se uma vez mais à esta idéia. (A `origem mecânica da sensação plástica' de que falara o Corbusier purista encontra paralelo no sensualismo antropológico de Niemeyer).
Affonso Eduardo Reidy adotara este tema na marquise do bar para um jardim público na Tijuca, um projeto não construído de 1939. Conectada a um prisma trapezoidal, o plano horizontal da marquise é recortado por uma seqüência de retas e curvas. O mesmo motivo formal aparece também numa marquise desenhada por Mindlin na área de lazer do hotel na Praia Vermelha, projeto de 1946.
Mais recentemente, este motivo formal próprio da escola carioca, pode ser visto em certos projetos de Paulo Mendes da Rocha. No projeto do Aquário Municipal de Santos (1991), por exemplo, Mendes da Rocha retoma, no espírito da escola paulista, esta configuração para as bordas dos tanques, o que vale também para o muro que conforma a piscina da casa Bueno Netto em Catanduva (1979). Os caminhos e espelhos d'água traçados no seu projeto para o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (1975) também remontam a esta idéia.
À guisa de conclusão
Como se pôde notar a partir deste breve histórico de três imagens emblemáticas, a arquitetura moderna brasileira respaldou-se em referenciais e soluções experimentadas para reconstruí-los com novo viço, expondo a bagagem do seu repertório formal que supriu e fomentou o imaginário de nossos arquitetos. Demonstrou uma cultura arquitetônica com valor de instrumento projetual, de modo a reconhecer que a invenção do projeto é sempre uma ação munida de antecedentes. Apenas o velho permite distinguir o novo. | |||||||
da fluidez e permeabilidade dos espaços internos da nova arquitetura brasileira.
Esta composição foi retomada pela arquitetura em elementos que favoreciam a liberdade formal requerida por estas formas; marquises, mezaninos, piscinas e caminhos passaram a apresentar configurações de linhas retas e curvas, formas também retratadas na arte da época, nos murais, painéis de azulejos e pinturas.
Tanto no desenho do jardim do edifício do Ministério de Educação e Saúde (1936) quanto no seu interior, desenhada pelo contorno do tapete sobre o piso, aparecia esta idéia de um desenho a explorar a poética e a plasticidade das curvas e retas como base da tese corbusierana. O mezanino que Niemeyer e Lúcio Costa desenharam no Pavilhão Brasileiro na Feira de Nova York em 1939 já apresentava linhas retas e curvas casadas num movimento surpreendente, por entre a modulação dos pilares metálicos.
A marquise orgânica, típica da obra de Niemeyer, definida por curvas "estruturadas", isto é, compostas de retas e curvas, que aparece na Casa de Baile, na Pampulha (1943), é retomada na Biblioteca Pública de Belo Horizonte em 1955, cresce de tamanho no Edifício em Petrópolis (1953), agiganta-se no parque Ibirapuera (1951), para tornar-se `habitável' no projeto para a CESP, de 1979(8:63). Niemeyer vai explorar intensamente este motivo formal: na marquise da casa Tremaine (1947), no desenho de praças como a do Colégio Estadual de Belo Horizonte (1954) ou nos recortes da plataforma que abriga a Casa de Cultura para Le Havre (1972). Mas este motivo formal será potencialmente retomado no projeto da Casa de Canoas, "no contorno caprichoso da laje de cobertura", "um elemento quase natural da paisagem tropical" (11:88). O desenho das lajes de formas estrelares que encontramos no projeto do Museu de | |||||||
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Bibliografia
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3. Cf. OZENFANT, A. e JEANNERET, Ch. E. Acerca del purismo, escritos 1918-1926. Madri: El Croquis, 1994.
4. LE CORBUSIER. El espíritu nuevo en arquitectura. En defensa de la arquitectura. Madri: Colegio Oficial de Aparejadores y Arquitectos Técnicos, 1983.
5. Cf. ROWE, Colin. Manierismo y arquitectura moderna y otros ensayos. Barcelona: GG, 1978.
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7. Cf. COMAS, C. E. Dias. Arquitetura no presente, uma questão de história. In: Arquitetura, cidade e natureza. São Paulo: Empresa das artes, 1993.
8. MAHFUZ, Edson. O clássico, o poético e o erótico. AU, São Paulo: PINI, ano 3, n. 15, p.60-8, dez. 1987.
9. Cf. BRUAND, Yves. Arquitetura contemporânea no Brasil. 2ed. São Paulo: Perspetiva, 1991;
10. GOODWIN, Philip L. Brazil builds, architecture new and old, 1652-1942. Nova York: MoMA, 1943; | ||||||||
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ÁGUA _ UMA VISÃO HOLÍSTICA, SISTÊMICA E PROSPECTIVA | ||||||||||
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Roberto de Carvalho Jr.1 Maria Alzira Loureiro2 | ||||||||||
Carvalho, R. Jr. Água - uma Visão Holística, Sistêmica e Prospectiva. Revista Assentamentos Humanos, Marília, v2, n. 1, p35-42, 2000. | ||||||||||
ABSTRACT
The racional management of hydrological resources is among the most serious challenges for humanity at the start of this century. This paper examines the situation and perspectives for the planet and for Brazil. | ||||||||||
Key Words: Water, resources.
Palavras-Chave: Água, recursos hídricos. | ||||||||||
1 Professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São José do Rio Preto, mestrando em Arquitetura e Urbanismo - FEA-UNIMAR. 2 Doutora em Arquitetura e Urbanismo pela FAU - USP. Professora dos cursos de graduação e de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Engenharia e Arquitetura da UNIMAR. | ||||||||||
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1. Essencial à Vida
A ciência tem demonstrado que a vida se originou primitivamente na água e que ela constitui a matéria predominante nos organismos vivos. Sem ela, seria impossível a vida do homem, dos animais e das plantas. A água, depois do ar, é o elemento mais vital para os ser humano. As pessoas simplesmente ignoram a sorte de poder contar com um copo de água cristalina na hora da sede. E deleitam-se, sem consciência de que este é um ritual quase sagrado, debaixo das cachoeiras domésticas que lhes lançam jatos de água quente na hora do banho. Na composição dos seres vivos representa cerca de setenta por cento do peso do corpo humano. Em média, um homem tem aproximadamente 47 litros de água no seu corpo. Além de estar presente nas células, nos vasos sangüíneos e nos tecidos de sustentação, a água é o dissolvente que transporta as substâncias não aproveitadas pelo organismo. A falta de água provoca a debilidade ou até a morte dos seres vivos. Diariamente, deve-se repor cerca de dois litros e meio a quatro litros de água. O homem pode sobreviver 50 dias sem comer, mas perece após 4 dias sem ingerir água, em média. Portanto, a água é imprescindível à vida. É impossível imaginar um tipo de vida em sociedade que dispense o uso da água: água para beber e cozinhar; para higiene pessoal e do lugar onde vivemos; para uso industrial; para irrigação das plantações; para geração de energia elétrica; e para navegação. Entretanto, a água não estará disponível infinitamente. Ela é um recurso limitado. Parece inacreditável, já que o planeta azul tem 70% de sua superfície coberta de água. | ||||||||
2. O Ciclo da Água
Apesar da agressão que o homem produz na natureza, ela é capaz de promover auto-curas maravilhosas, sem as quais nós, seres vivos e especialmente o homem, já teríamos atingido níveis degradantes e insuportáveis de qualidade de vida. O ciclo hidrológico é o grande processo que ela usa para a limpeza da água, do solo e do ar do planeta. O ciclo da água é o caminho que ela percorre. Este ciclo é um tremendo sistema de destilação movido pelo sol. Quando a água se evapora e deixa a superfície da terra, liberta-se das impurezas e as deixa para trás. O vapor, na atmosfera, eventualmente se resfria, condensa-se e precipita-se de volta. A chuva, basicamente, é o resultado da água que evapora dos lagos, rios e oceanos. Nesse retorno, ela penetra o solo e vai alimentar as nascentes dos rios e os reservatórios subterrâneos. Se cai nos oceanos, mistura-se às águas salgadas e volta a evaporar, chove e cai na terra. Essa movimentação é o que chamamos de ciclo hidrológico. Infelizmente, a água também coleta impurezas químicas ao longo do seu ciclo. Quando, por exemplo, a precipitação cai indiscriminadamente sobre depósitos de lixo, em lixos tóxicos, rejeitos industriais, campos agrícolas, enfim, sobre toda sorte de resíduos, dissolvem lentamente pequenas quantidades de químicos indesejáveis presentes nestes locais e, assim carregadas atingem suprimentos superficiais e subterrâneos com os quais se misturam e dispersam sua perigosa carga. Além do perigo intrínsico de cada uma dessas substâncias, elas podem interagir, umas com as outras, produzindo novos compostos de ação mais nociva ainda, carcicogênicos ou mutagênicos. Desta forma verifica-se que a natureza faz a sua parte, no processo de limpeza do planeta e de reciclar a água tornando-a disponível para todos os fins e para todas as formas de vida. Porém, na | ||||||||
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medida em que aumenta-se indiscriminadamente a carga de poluente na superfície da terra e na atmosfera, esta limpeza torna-se cada vez menos eficiente, de forma que muitas substâncias, uma vez introduzidas no ciclo hidrológico, acabam aí permanecendo para sempre ou por muitos anos. | |||||||
3. Recurso Finito e Vulnerável
Como foi visto, o ciclo da água se sucede infinitamente. Desta forma, conclui-se que a quantidade de água existente no planeta não aumenta nem diminui. A abundância de água é relativa. Acredita-se que a quantidade atual de água seja praticamente a mesma de há 3 bilhões de anos. Apenas 4,9% da água existente no planeta é água doce. A maior parte, 95,1%, é salgada. Da água doce existente 97% está em geleiras e icebergs, portanto inutilizáveis e inacessíveis, apenas 3% estão disponíveis na forma líquida, sendo que 97% estão localizadas nos lençóis subterrâneos, portanto de difícil extracção, apenas 3% encontram-se na superfície (rios, lagos, etc.). Então, ao alcance do uso humano, fica apenas uma pequena parcela de aproximadamente 0,01% de toda a água doce existente no planeta. Numa escala global, a quantidade de água não é problema; o problema é a disponibilidade no tempo certo, no lugar certo e na forma certa. No início do século, éramos pouco menos de 2 bilhões de habitantes. Hoje somos mais de 6 bilhões. Em 2025 haverá 8,3 bilhões de pessoas no mundo. Enquanto a população se multiplica, a quantidade de água continua a mesma e é aí que reside o maior problema. O seu consumo descontrolado, bem como a sua contaminação através de poluentes naturais e antropogênicos nas sociedades mais desenvolvidas, têm como conseqüências um desequilíbrio no ciclo hidrólogo, não permitindo a reposição natural das reservas hídricas, além de colocar em risco a saúde do planeta. | |||||||
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Fonte: hidrolog.com.br
4. Escassez Crônica
Até um passado recente, as necessidades de água cresceram gradualmente acompanhando lentamente o aumento populacional. A era industrial trouxe a elevação do nível de vida e o rápido crescimento da população mundial. A expansão urbanística, a industrialização, a agricultura e a pecuária intensivas e ainda a elevação do nível de consumo de energia elétrica _ que estão intimamente | ||||||||
associadas à elevação do nível de vida e ao crescimento populacional _passaram a exigir crescentes quantidades de água. A principal responsável por esse aumento foi a agricultura irrigada. Nos últimos cem anos, enquanto a população mundial triplicava, o uso de água doce multiplicava-se por seis. A principal responsável por esse aumento foi a agricultura irrigada. Ela revolucionou a produção agrícola, mas criou uma nova dificuldade, porque sozinha utiliza a maior parte de água doce disponível. De um modo geral, 73% dos recursos em água vão para a irrigação dos campos; 21% para a indústria e somente 6% para o consumo humano. Portanto, a agricultura e a indústria juntas consomem 94% dos recursos em água.
Fonte: World Resources Institute
Com o aumento da demanda e a escassez, a água tem se tornado um elemento de disputa entre as nações. Um relatório do Banco Mundial, datado de 1995, alerta para o fato de que "as guerras do próximo século serão por causa da água, não por causa do petróleo ou política. Hoje, estima-se que cerca de 250 milhões de pessoas, distribuídos em 26 países, já sofrem escassez crônica de água. Segundo os dados da ONU, um quinto da humanidade, ou seja, 20% da humanidade não têm acesso a água potável e o estoque de água doce do | ||||||||
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planeta estará quase totalmente comprometido dentro de vinte e cinco anos. A quantidade de água disponível por pessoa em países do Oriente Médio e do norte da África estará reduzida em 80%. A populosa China também sofre com o problema. A demanda agroindustrial e o aumento populacional estão esgotando o suprimento de água. Das 500 cidades que existem no pais, 300 sofrem com a escassez de água. Mais de 80 milhões de chineses andam mais de um quilometro e meio por dia para conseguir água, e assim acontece com inúmeras nações. Essas perspectivas fazem crescer o risco de guerras, porque a questão das águas torna-se internacional.
Fonte: ONU
5. Situação do Brasil
Visto pela lente das estatísticas, o Brasil está numa situação confortável; detém 14% de toda a água doce do planeta. Cerca de 8% de toda a água doce superficial disponível encontram-se em território brasileiro. Porém a maior parte dessa água _ cerca de 80% está localizada na Região Amazônica, onde vivem 5% da população brasileira. Os 20% restantes se distribuem desigualmente pelo país, atendendo 95% da população. No Brasil, além de mal distribuída, 33% da população não têm acesso ao abastecimento, e não se pense que o problema brasileiro restringe-se à região do semi-árido. |
O Estado mais desenvolvido do país, São Paulo, enfrenta também grandes dificuldades. A água existe, mas é pouca para atender aglomerações como a região metropolitana de São Paulo, com seus 17 milhões de habitantes. Por causa dessa miséria hídrica, a grande São Paulo tem de tomar água emprestada de outras bacias, como a do Rio Piracicaba, que garante 55% de seu abastecimento. A situação está no limite e existem poucas alternativas.
Fonte: ONU | ||||||
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Fonte: Manifesto de lançamento da Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental
1. Água _ O Desafio do Século XXI
A gestão racional dos recursos hídricos continentais tornou-se uma das principais preocupações para garantir a qualidade da vida em nosso planeta e o desenvolvimento econômico durável de nossas sociedades. Um levantamento da ONU aponta duas sugestões básicas para diminuir a escassez de água: aumentar a sua disponibilidade e utilizá-la mais eficazmente. Para aumentar a disponibilidade, uma das alternativas seria o aproveitamento das geleiras; a outra seria a dessalinização da água do mar. Esses processos são extremamente caros e tornam-se praticamente inviáveis para a maioria dos países que sofrem com a escassez. É possível, ainda, intensificar o uso dos estoques subterrâneos profundos, o que implica utilizar tecnologias de alto custo e o rebaixamento do lençol freático. Durante muito tempo considerada como um simples fluido ou um produto químico, a água deve ser considerada, hoje em dia como um meio de vida que se deve preservar tanto em quantidade como em qualidade e em diversidade. Todos os problemas que ora enfrentamos não podem mais serem resolvidos de maneira setorial e |
fragmentada, ou seja, separadamente uns dos outros, mas devem ser abordados no âmbito de uma visão holística e prospectiva, integrada à escala geográfica de cada unidade hidrográfica Entretanto, toda a proposta de melhoramento do manejo dos recursos hídricos deve começar por melhorar as condutas do próprio indivíduo. É obvio que a conservação da água depende, sobretudo, de ações educativas junto a comunidade, que deve ser esclarecida com relação a necessidade de utilizá-la racionalmente e aos prejuízos que a poluição provoca. A concretização dos objetivos do planejamento e gestão da água passa pela adesão geral das comunidades a esses objetivos e aos princípios a eles subjacentes, pelo que se torna imprescindível a conscientização para os problemas da água, de políticos, desde o nível autárquico, de técnicos e da população em geral. A escassez relativa de recursos hídricos que ora enfrentamos é um problema fundamentalmente de gerenciamento desses recursos, pois deve-se implantar uma política que otimize o uso das águas, elegendo seus usos mais nobres, e protegendo de maneira efetiva os mananciais. A sua conservação exige, entre outras coisas, a coleta e o tratamento de esgotos, que atendem aos aspectos sanitários e legais. O controle da ocupação urbana e o tratamento dos esgotos são primordiais na proteção dos mananciais. Portanto, a conscientização e a educação do povo, do consumidor, são fundamentais para a conservação da água. Racionalizar o uso não significa ficar sem ela periodicamente. Significa usá-la sem desperdício, considerá-la uma prioridade social e ambiental, para que a água tratada, saudável, nunca falte em nossas torneiras. Este é o grande desafio para a humanidade e para a saúde do PLANETA AZUL no século XXI. | |||||||
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jardim.pt.fortunecity.com/natureza/13/hd_volum.htm -
MATÉRIAS SOBRE O ASSUNTO: PUBLICADAS EM DIVERSOS JORNAIS E REVISTAS.
· Revista Veja (17/11/99)/ Ambiente/ O Planeta tem Sede (César Nogueira).
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MÁQUINAS-OPERATRIZES: ASPECTOS DE SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO | ||||||||
Odair Laurindo Filho1 Rosalvo T. Ruffino 2 | ||||||||
Laurindo Fo, O. e Ruffino, R.T. Máquinas-Operatrizes: aspectos de segurança e higiene do trabalho. Revista Assentamentos Humanos, Marília, v2, n. 1, p43-53, 2000. | ||||||||
ABSTRACT
In spite of widespread attitudes, accidents should not be considered an inherent part of activity in a work environment, rather, they must be avoided with specific prevention measures. To achieve this, it is necessary to carefully observe and analyze the work place by applying recognized techniques and procedures for evaluating the risk factors present. Special attention must be given to questions related to the worker, starting in the fase of design of a new product or modification of an existing product, and involving for this task a team of designers, each specialized in an area linked to the project studied. | ||||||||
1 Professor MS, da Faculdade de Engenharia e Arquitetura, Universidade de Marília (FEA-UNIMAR). 2 Professor Dr, Titular do Departamento de Engenharia Mecânica da EESC-USP. | ||||||||
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Key Words: Machine-tool; safety; ergonomic; healthy; work-hygiene.
Palavras-Chave: Máquina-operatriz; segurança; ergonomia; saúde;higiene-trabalho.
RESUMO
Os acidentes do trabalho não devem ser considerados como algo inerente à atividade desenvolvida, pois ao contrário do que a grande maioria das pessoas pensa, eles devem ser evitados com a adoção de medidas de prevenção específicas. Para isso deve-se conhecer e analisar cuidadosamente os locais de trabalho, através da aplicação de técnicas e procedimentos de reconhecimento e avaliação dos agentes de riscos existentes nesses locais de trabalho. Também, deve-se dispensar atenção especial para as questões ligadas à adequação do trabalho ao homem, que necessariamente se inicia na fase de concepção de um novo produto ou modificação de outro já existente, envolvendo para isso uma equipe de projetistas, estes especializados cada um na sua área pertinente ao projeto em estudo.
1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Segundo BAXTER (1.998) o desenvolvimento de novos produtos é uma atividade complexa, envolvendo diversos interesses e habilidades, tais como: os consumidores desejam novidades, melhores produtos, a preços razoáveis; os vendedores desejam diferenciações e vantagens competitivas; os engenheiros de produção desejam simplicidade na fabricação e facilidade de montagem; os "designers" gostariam de |
experimentar novos materiais, processos e soluções formais; e os empresários querem poucos investimentos e retorno rápido do capital. A expressão acima demonstra a realidade atual sobre as diretrizes de projeto, e os objetivos desse trabalho são: trazer à luz dos projetistas algumas considerações importantes sobre as condições operacionais dos usuários de máquinas-operatrizes, através da reunião de diversos conceitos relacionados com a segurança e higiene do trabalho em um documento, e ainda, enfatizar os aspectos de segurança e higiene do trabalho nas técnicas de projeto. Haja visto a necessidade dos projetistas de máquinas-operatrizes conduzirem os seus projetos de forma a oferecerem produtos mais adequados ao homem, para não comprometer a sua segurança e saúde durante a operação dessas máquinas.
2. A INDÚSTRIA DE MÁQUINAS-OPERATRIZES NO BRASIL
Segundo GASPARINI (s.d.), o mundo modificou-se em seus costumes, formas de vida e, com isso, houve também mudanças nas relações de trabalho, provocadas, em sua base, pela Revolução Industrial. Para conseguir esse intento, o homem necessitou de máquinas. Porém, ao mesmo tempo que essas máquinas promoveram o progresso, também fizeram surgir de forma assustadora os acidentes do trabalho, logicamente oriundos dessa nova realidade. No Brasil, os relatos de nossa história contam que em 1.885, em visita do Imperador D. Pedro II à "Casa da Moeda do Brasil" que funcionava na chamada " Casa dos Pássaros" no Rio de Janeiro, foi inaugurada uma máquina totalmente fabricada e montada em nosso país. Era uma prensa excêntrica movida a vapor construída nas próprias oficinas da Entidade por trabalhadores brasileiros, | |||||||
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formação sociocultural é do tipo Colonialista-Escravagista, que considerava o trabalho produtivo como uma atividade não nobre, e que, portanto, não apresentava razões para se melhorar as condições de trabalho do proletariado. Porém, no final do século passado, o nosso país, assim como todos os outros que possuíam a mesma formação sociocultural, sofreram severas pressões dos países interessados no estabelecimento de condições favoráveis à expansão capitalista, para que a política de produção desses países fosse alterada. Nessa época, essas pressões contribuíram para o surgimento de fatos que propiciaram o início do processo de industrialização do Brasil. Dentre os fatos mais importantes, podemos citar a libertação dos escravos e a proclamação da República que, paralelamente ao declínio Português e à ascensão Britânica, conduziram o Brasil através de um movimento de atualização social, onde passamos a figurar como um País neocolonialista, (AMBRÓSIO, 1.994). Após o período relatado acima, o Brasil passou por grandes transformações políticas e econômicas, o que gerou um grande número de leis que de alguma forma regulamentavam as condições de trabalho. É importante observar que a grande maioria das leis é deste século, mais precisamente a partir do incremento industrial que o Brasil teve em 1.930, e ainda devido à filosofia corporativista difundida pelo governo e que acabou criando a Carta Del Lavoro, que mais tarde seria o modelo inspirador da Consolidação das Leis do Trabalho -CLT. A única legislação datada do século passado é o Decreto Lei 1.313 de 17/01/1.891, que tratava do trabalho de menores, fixando a idade mínima de 12 anos, exceto na fabricação de tecidos, onde era permitido o trabalho de crianças com mais de 8 anos, (CAMAROTTO, 1.984). A partir do início deste século, pudemos observar um grande avanço na melhoria das condições de trabalho para os nossos operários, pois um | |||||||
com o objetivo de cunhar moedas de ouro, prata e cobre, (FASANELLA, 1.991). Os passos mais importantes do Brasil, no seu processo de industrialização se deram a partir de 1.930. Após a Segunda Guerra Mundial, tomou impulso decisivo, favorecido no entanto, pelo controle relativo das importações, tendo o seu ritmo mais acelerado registrado entre 1.955 e 1.960, (GASPARINI, s.d.). A indústria de máquinas-ferramenta, por ser a indústria das máquinas de fazer máquinas, se localiza no vértice dinâmico do leque das atividades econômicas; é ela a indústria-chave de um processo de evolução qualitativo-estrutural, que conduz a novos e mais eficientes métodos de produção, distribuição, comercialização e racionalização do desenvolvimento, diferenciando-o do crescimento econômico, traduzível numa simples expansão quantitativa de atividades produtivas, (KITTLER, 1.989). No entendimento desses autores, máquinas-operatrizes são todas as máquinas utilizadas nos processos de transformação. Seja para mudar a forma de energia utilizada, seja para dar forma aos produtos originados da manufatura.
3. HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO NO BRASIL
"As máquinas, que podiam ter tornado mais leve o trabalho, na realidade o fizeram pior. Eram tão eficientes que tinham de fazer sua mágica durante o maior tempo possível. Para seus donos, representavam tamanho capital que não podiam parar - tinham de trabalhar, trabalhar sempre. Por isso os dias de trabalho eram longos, de 16 horas, e quando os trabalhadores conquistaram o direito de trabalhar em dois turnos de 12 horas, consideraram tal modificação como uma benção," (CAMPOS, 1.996). O Brasil é um país cuja | |||||||
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que a situação dos acidentes do trabalho se agravou de forma assustadora, sendo atenuada apenas a partir de 1.975, ( GASPARINI, s.d.). Nosso país encontra-se em pleno desenvolvimento e com processo de globalização que o mundo está experimentando , a obtenção e manutenção de um certificado de conformidade com o sistema é um requisito básico a ser cumprido, sobretudo para as empresas que têm como objetivo atingir o mercado internacional. E portanto, devemos estar atentos ainda para as questões ambientais e de higiene e segurança do trabalho, pois o nosso setor produtivo deverá em breve se adaptar às novas séries ISO, ou seja: ISO 14000, relativa à gestão do meio ambiente; e, ISO 18000, relativa á gestão da segurança e saúde do trabalhador. Segundo PEREIRA (1.996), a Legislação Básica Preventiva de Segurança do Trabalho é dada pela Consolidação das Leis do Trabalho _ CLT, onde tem-se os Aspectos Previdenciários das Doenças Profissionais e do Trabalho; e, pelas Normas Regulamentadoras _ NR, onde tem-se um conjunto de recomendações sobre Segurança e Medicina do Trabalho. Em todos os escritos sempre visou-se uma política prevencionista a ser desenvolvida, tanto em relação ao Capital quanto em relação ao Trabalho. É fundamental que haja planejamento e harmonia entre Capital e Trabalho visando um bem que a eles transcende: o Homem em sua plena capacidade física e mental, (CAMPOS, 1.996). Existem várias definições aceitas para um acidente do trabalho, e de uma maneira geral, todas elas procuram caracterizar um acidente como sendo um acidente do trabalho, através da ligação desse com o desenvolvimento de uma atividade laboral. Os dois conceitos mais comuns e aceitos são os seguintes: o conceito legal de acidente do trabalho; e, o conceito | ||||||||
grande número de leis, decretos e portarias entraram em vigor, e nos auxiliaram neste processo. Um dos fatos mais importantes ocorreu com a Lei 6.514 de 22/12/1.977, que alterou o Capítulo V do Título II da CLT (artigos154 a 201) relativo à Segurança e Medicina do Trabalho, que permitiu em 08 de junho de 1.978, por intermédio do Ministério do Trabalho, que fosse aprovada a Portaria n.º 3.214, aprovando assim, um conjunto de Normas Regulamentadoras - NR, também relativas à Segurança e Medicina do Trabalho, num total de 28 normas (NR-1 a NR-28). Uma vez que estas normas foram instituídas por uma portaria, é importante lembrar que uma nova portaria altera a anterior; em outras palavras, estas normas vêm sofrendo alterações desde que foram instituídas, e hoje se perfazem em um total de 29 normas regulamentadoras, (BRASIL, 2.000), (GONÇALVES, 1.995) e (RUPPENTHAL, 1.996).
4. ACIDENTES DO TRABALHO
"É erro grave considerar os acidentes como algo inerente ao trabalho; na realidade, é uma irregularidade danosa possível de ser evitada," (ZOCHIO 1.971). Segundo GASPARINI (s.d.), a origem dos acidentes do trabalho remonta à história do próprio homem que, na luta pela sobrevivência, evoluiu desde a atividade de caça e pesca, ao cultivo da terra, à extração de minérios e à produção em grande escala nas indústrias. No Brasil, considerando os fatos que culminaram com os períodos mais importantes de nossa história da industrialização, pode-se dizer que entre 1955 e 1960 nosso país caminhou a passos largos em direção ao desenvolvimento industrial, e foi exatamente nesse período | ||||||||
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prevencionista de acidente do trabalho. No seu aspecto mais amplo, não se encontram definições formais de acidentes do trabalho, porém as Normas Regulamentadoras da Segurança e Medicina do Trabalho estabelecem condições e circunstâncias nas quais um acidente é considerado acidente do trabalho. Então, para evitá-los basta identificar e combater as suas causas, (ZOCHIO, 1.971). O conceito legal do acidente do trabalho, é encontrado na lei de acidentes do trabalho. Em seu artigo 2º diz: "acidente do trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, ou perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho," (GASPARINI, s.d.). O conceito prevencionista de acidente do trabalho pode ser entendido como sendo uma ocorrência não programada, inesperada ou não, que interrompe ou interfere no processo normal de uma atividade, ocasionando perda de tempo útil e/ou lesões nos trabalhadores, e/ou danos materiais, (GONÇALVES, 1.996) (ZOCHIO, 1.971). Segundo GONÇALVES (1.996), didaticamente pode-se estudar as causas dos acidentes do trabalho como divididas em apenas duas categorias, as condições inseguras e os atos inseguros. No entanto, os acidentes do trabalho são prevenidos através da aplicação de medidas específicas de segurança. Para isto deve-se então, identificar as causas, ou seja, os agentes de riscos (físicos, químicos ou biológicos), os atos inseguros praticados pelos trabalhadores e as condições inseguras impostas pelo empregador. Tais medidas devem eliminar o agente de risco ou as outras causas usuais. Isso não sendo possível, deve-se reduzir o seu potencial ou sinalizar adequadamente alertando os |
trabalhadores para o perigo, (ZOCHIO, 1971) . De acordo com (GASPARINI, s.d.), diversos fatores favorecem a ocorrência de um acidente do trabalho, e uma análise de causas deve necessariamente identificá-los o mais precocemente possível, para poder-se controlar os seus efeitos negativos afim de preservação da saúde e segurança do trabalhador, além de se evitar danos materiais para a empresa. BENSOUSSAN (1.997) ao comentar a NR-9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA, parte integrante da Portaria n.º. 3.214 / 78 do Ministério do Trabalho, define as etapas a serem cumpridas na prevenção de acidentes do trabalho, onde a primeira delas diz respeito à antecipação dos Riscos - análise de projetos de novas instalações, métodos ou processos de trabalho ou modificação dos já existentes, visando identificar riscos potenciais e introduzir medidas para sua redução ou eliminação. Para IIDA (1.997), a Ergonomia procura inverter o processo predominante de adaptar o homem ao trabalho. Ao contrário, ela procura adaptar o trabalho ao homem da melhor forma possível. CHAPANIS (1.972), define a Engenharia de Sistemas como sendo um importante subsídio para a evolução ordenada e segura da chamada tecnologia moderna. Define ainda os Sistemas de Equipamento e os Sistemas Homem-Máquina, e relata que os fatores humanos nesses sistemas podem ser estudados sob dois aspectos diferentes: o planejamento do próprio equipamento, ou o recrutamento, seleção, treinamento e a promoção do pessoal no sistema. De acordo com DE CICCO (1.994) cada um dos setores da empresa possui tarefas específicas, ditas normais e de segurança, assim sendo, ressaltamos as funções de segurança do setor de Engenharia de Projetos, que são as seguintes: conduzir análises dos procedimentos e concepções de projetos | ||||||
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mais seguras, assegura-se de que as exigências de segurança são observadas nos códigos e especificações, e incorporar exigências de segurança a terceiros, nas especificações e desenhos da empresa. Como ferramentas de auxílio na realização de algumas das tarefas citadas acima, DE CICCO (1.994) propõe a utilização de diversas técnicas, dentre elas pode-se citar: Análise Preliminar de Riscos _ APR, Análise e Revisão de Critérios, Análise da Missão, Diagramas de Fluxo, Seqüenciamento de Tempos ou Temporizado, Mapeamento de Riscos, Análise de Modos de Falha e Efeitos _ AMFE, Análise de Componentes Críticos, Técnica de Incidentes Críticos, Análise de Procedimentos, Mock-ups ou Réplicas, e Análise de Árvores de Falhas _ AAF A implantação de medidas de proteção ao trabalhador deve necessariamente ser priorizada em favor das medidas de proteção coletivas, objetivam que a proteção seja feita na área de atuação do trabalhador e nas máquinas que ali funcionam, e se assim for, o trabalhador terá um ambiente favorável ao desenvolvimento de suas atividades, seguro, e isento de agentes nocivos à sua saúde. Porém existem situações onde as únicas medidas viáveis são as de proteção individual. "Acidentes do trabalho são nocivos sob todos os aspectos em que possam ser analisados," ZOCHIO (1.971). As conseqüências de um acidente do trabalho podem ser analisadas e registradas de diferentes maneiras, enfocando-se o lado humano, social econômico etc. E, é sabido que o lado humano do acidente é o que mais assusta e amedronta as pessoas, porque é aquele que fere o trabalhador o mais aceito como acidente do trabalho, (ZOCHIO, 1.971). Segundo (RIBEIRO FILHO, 1.974), a prevenção ativa de acidentes, quando relacionada com máquinas, somente pode ser assegurada através da conscientização do fabricante de que a segurança do trabalhador deve | ||||||||
ser sempre a principal consideração no projeto e na fabricação de máquinas. "A instalação de proteções nas máquinas é importante por dois motivos: 1º) os acidentes provocados pelas máquinas são a causa de um grande número de lesões graves; 2º) os acidentes são perfeitamente evitáveis," (RIBEIRO FILHO, 1.974). A décima segunda norma do conjunto de Normas Regulamentadoras - NR do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho, regulamentadas pela Portaria 3.214 de 08 de junho de 1.978, diz respeito às máquinas e equipamentos, estabelece as medidas a serem adotadas pelas empresas em relação à instalação, operação e manutenção de máquinas e equipamentos, visando à prevenção de acidentes do trabalho, (RIBEIRO FILHO, 1.974), (BRASIL, 1.988), (COSTA, 1.992), (GONÇALVES, 1.995), (CAMPOS, 1.996), (GONÇALVES, 1.996) e (BRASIL, 2.000). "A Engenharia Especializada em Fatores Humanos, ou Engenharia Humana, se preocupa com as maneiras de se idealizar máquinas, operações e ambientes de trabalho, de modo a que todos esses elementos se aliem, se combinem, com as limitações da natureza humana," (CHAPANIS, 1.972).
5. O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS
Segundo DUL (1.995) e IIDA (1.997), o processo de desenvolvimento de produtos geralmente está associado à criação de um novo produto ou ainda ao aperfeiçoamento de outro já existente. Sendo um processo complexo, sempre envolve diversos profissionais e estudiosos em torno de um mesmo objetivo. A metodologia proposta por esses dois autores é muito semelhante, e compreende as diversas etapas de trabalho. Vide figura 01. | ||||||||
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Figura 01 - Etapas do processo de desenvolvimento de produtos, IIDA (1.997). | |||||||
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO
As máquinas-operatrizes geralmente encontradas em operação no nosso parque fabril são dos mais variados tipos e modelos, desde modernas máquinas automatizadas até antigas máquinas convencionais, rotativas, de transformação de energia, etc. Porém, cada uma delas, apresenta diferentes formas de manuseio e grau de risco para o seu operador. Os usuários dessas máquinas nem sempre têm consciência dos riscos a que estão submetidos, pois não foram devidamente treinados ou são considerados usuários antigos que já adquiriram auto-confiança para conviver e aceitar as situações de riscos a que estão submetidos. Fazendo uma análise das condições de segurança e higiene do trabalho comumente encontradas no parque fabril brasileiro, é fácil observar que na grande maioria das situações os trabalhadores estão expostos a condições inseguras de trabalho, em diferentes escalas. Considerando-se as máquinas e/ou equipamentos utilizados, os trabalhadores estão se expondo aos agentes de riscos, e os programas de treinamento e prevenção de acidentes implantados pelas empresas não são satisfatórios. É importante observar ainda, que nos primórdios da fabricação de máquinas-operatrizes os agentes de riscos que nos preocupavam eram quase sempre visíveis, ou seja, causavam lesões diretas e imediatas ao trabalhador. Com o passar do tempo foram sendo tratados, não se sabe se pôr questões verdadeiramente de preocupação com a segurança e saúde do trabalhador ou se pôr uma busca de melhores padrões de qualidade. Porém, nos dias atuais, os agentes de riscos nocivos ao trabalhador não são mais tão evidentes aos nossos olhos. Comprometem de maneira geral a saúde do trabalhador, desenvolvendo-se | ||||||||
em forma de doenças ocupacionais, que se desenvolvem com o passar dos tempos, de forma mediata e de longo prazo. As medidas de prevenção de acidentes do trabalho devem ser definidas e implementadas de acordo com a situação analisada, ou seja, cada área específica deve possuir o seu próprio programa básico de prevenção, proposto pelo serviço especializado em engenharia de segurança e em medicina do trabalho e aprovado pela direção da empresa, após ouvidos os trabalhadores. Tal programa deve ser implantado de forma continuada, cumprindo-se o chamado ciclo completo da segurança, que compreende cinco etapas básicas: observação, informação, registro, encaminhamento e acompanhamento. Os acidentes do trabalho são prevenidos através da aplicação de medidas específicas de segurança. Para isto deve-se identificar as causas, ou seja, os agentes de riscos (físicos, químicos ou biológicos), os atos inseguros praticados pelos trabalhadores e as condições inseguras impostas pelo empregador. Tais medidas devem eliminar o agente de risco ou as outras causas sugeridas. Isso não sendo possível, deve-se reduzir o seu potencial ou sinalizar adequadamente alertando os trabalhadores para o perigo. Logo, promovendo-se estudos de novos projetos através da organização de equipes multi-disciplinares as chances de acerto recebem incrementos positivos consideráveis. Durante a etapa de concepção e/ou execução de um projeto, realizar algumas correções ou ajustes geralmente custa muito menos do que após a sua execução e implantação. Um projeto é feito quando se deseja desenvolver um novo produto ou quando se deseja aperfeiçoar um já existente. Via de regra se torna complexo e envolve o trabalho de diversos profissionais, e quase sempre as principais decisões são tomadas pela alta administração da empresa. Entretanto poderia ser | ||||||||
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muito interessante, se na medida do possível, essa equipe de trabalho também envolvesse o usuário e os especialistas em segurança e medicina do trabalho nesse processo de tomada de decisões, desde as etapas iniciais até as etapas finais da concepção do projeto. No projeto de máquinas-operatrizes um modelo interessante a ser seguido baseia-se no apresentado por IIDA (1.997) e DUL (1.995), porém aqui adaptado e enfatizado a favor dos critérios de segurança e higiene do trabalho anteriormente discutidos, ou seja:
· 1ª etapa: consiste basicamente na identificação da necessidade de criação de novos produtos, ou aprimoramento de um outro já existente; porém é muito importante que seja definido corretamente o problema a ser resolvido, além da avaliação dos quesitos relativos ao potencial de venda, rentabilidade, investimentos, custos necessários para produzí-los, etc.;
· 2ª etapa: se resume basicamente na determinação das especificações referentes ao perfil do produto em relação à função, dimensão, potência, qualidade, diversidade, preço e outros, devendo resultar em conjunto de critérios úteis na etapa de avaliação das alternativas. É nessa etapa que deve-se iniciar o trabalho em prol da melhoria das condições de trabalho, através da determinação de critérios rígidos que favoreçam a segurança e saúde do operador de máquinas-operatriz;
· 3ª etapa: consiste na elaboração de possíveis soluções para atender as especificações definidas na etapa anterior (2ª etapa). A criatividade e o bom senso exercem papel fundamental nessa etapa de trabalho, assim como a pesquisa de outros produtos semelhantes existentes no mercado. Diversas técnicas de criação podem e devem ser utilizadas nesta etapa, para que todas as possibilidades sejam |
estudadas;
· 4ª etapa: consiste basicamente na avaliação das possíveis soluções resultantes da etapa anterior (3ª etapa), devendo-se avaliar todas as alternativas propostas, comparando-as entre si e verificando o nível de satisfação em relação às especificações previamente determinadas. Para isso, deve-se utilizar os critérios estabelecidos na 2ª etapa. Nessa etapa devem ser verificados com atenção especial os quesitos relativos a segurança e saúde do operador, e se preciso pode-se criar uma lista de verificações, incluindo todos os quesitos a serem observados;
· 5ª etapa: nessa etapa, necessariamente deve ser construído um modelo físico simplificado do produto ("mock-up"), utilizando-se materiais baratos e de fácil manuseio, tais como o gesso, madeira, papelão ou plástico. Este "mock-up" deverá ser testado e avaliado segundo diversos aspectos, entre eles a sua configuração geral, a sua estética, a postura do operador, o posicionamento dos mostradores e controles, o acoplamento com outras máquinas e equipamentos, as possibilidades de modulação dos seus componentes, a segurança do operador em relação aos fatores ambientais presentes nesse futuro posto de trabalho, etc.;
· 6ª etapa: consiste na construção de um protótipo com todos os mecanismos, usando-se os materiais e componentes que deverão fazer parte do produto real. Deve ser colocado em operação para ser testado e aprovado, ou ainda para sofrer os devidos ajustes de projeto antes de ser encaminhado para a produção em série.
DUL (1.995), aplicou a técnica de construção de "mock-up" no redesenho de um torno mecânico, demonstrando excelentes melhorias nas condições de trabalho, através da adequação ergonômica desta máquina. | ||||||
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Esse modelo está sendo aplicado no re-projeto de uma agulhadeira, onde está sendo estudado o nível de ruído gerado por essa máquina-operatriz, que é muito utilizada nas indústrias de tecelagem. Como ferramentas auxiliares nesse trabalho estão sendo aplicadas técnicas de projetos de sólidos e modelamento por elementos finitos, além da técnica de análise vibro-acústica das principais fontes de ruído da máquina.
BIBLIOGRAFIA
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ZOCCHIO, Álvaro. (1.971). Prática da Prevenção de Acidentes. 2ª ed. São Paulo: Atlas. | ||||||
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O DESENHO DAS ESTRUTURAS GEOMÉTRICAS: POLIEDROS PLATÔNICOS E ARQUIMEDIANOS | ||||||||
Maria Alzira Loureiro1 | ||||||||
Loureiro, M. A. O Desenho das Estruturas Geométricas: poliedros platônicos e arquimedianos. Revista Assentamentos Humanos, Marília, v2, n. 1, p55-70, 2000. | ||||||||
ABSTRACT
This paper deals with a new methodological procedure for learning solid geometry and for computerized or traditional drawing by observation of the metric relationships of the solid. To "think globally and to act locally" is the holistic slogan that sustains this whole new methodological procedure of research / learning. (3) | ||||||||
Key Words: Geometric structures, Architecture, Drawing, Distance Teaching, Polyhedron.
Palavras-Chave: Estruturas Geométricas, Arquitetura, Desenho, Ensino à Distância, Poliedros. | ||||||||
1 Doutora em Arquitetura e Urbanismo pela FAU - USP . Professora dos cursos de graduação e de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Engenharia e Arquitetura da FEA-UNIMAR. | ||||||||
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Resumo
Existe um novo procedimento metodológico de aprendizagem da geometria sólida e do desenho (informatizado ou tradicional) por meio da observação das relações métricas do sólido. "Pensar globalmente e agir localmente" é o slogan holístico que sustenta todo este novo procedimento metodológico de pesquisa / aprendizagem. (3)
Introdução
Esta pesquisa tem como objetivo desenvolver um novo procedimento metodológico de ensino-aprendizagem, a fim de mostrar ao discente como se processa o "aprender à aprender" no sentido resolver os problemas de representação gráfica das estruturas geométricas (planas e sólidas), com instrumentos gráficos tradicionais ou informatizados. Justifica-se esta pesquisa porque: 1 - a linguagem gráfica (precisa e expressiva) constitui a linguagem usada por todos os profissionais que trabalham com projeto: arquitetos, designers, engenheiros, etc. e precisam acompanhar o avanço tecnológico e as necessidades dos usuários; 2 - para o século XXI, a tendência é a "universidade livre", com ensino à distância, que justifica a necessidade de pesquisas sobre novos procedimentos metodológicos de ensino-aprendizagem, coerentes com as características da "Era da Informática" ou "Era do Conhecimento"; 3 - o ensino presencial exige um professor. O ensino à distância, exige um tutor enquanto que, 4 - no ensino presencial o aluno é passivo. No ensino à distância, o aluno é interativo. |
MATERIAL E MÉTODO
Antes de discutir o material e método empregados, deve-se ressaltar que o discente deve ter conhecimentos básicos da instrumentalização gráfica, sabendo fazer desenho informatizado. Para tal, deve ter conhecimentos básicos de AutoCAD. (3) Com relação ao ensino presencial, alunos princicpiantes devem ser instruídos no sentido de aquisição da instrumentalização ( seja de forma tradicional, suja da forma informatizada, à medida que tais requisitos estejam sendo acionados. Já os alunos com conhecimentos básicos terão no professor orientador no sentido de se visualizarem soluções. A metodologia a ser empregada será tanto na forma tradicional como na informatizada. Na primeira são obtidas as medidas dos sólidos com a aplicação da geometria plana euclidiana. Já no desenho projetivo quando há necessidade de projeções tridimensionais, o discente trabalhará com desenho em perspectiva cavaleira ( para tal, empregará folhas de papel vegetal (layers) para sobrepor as construções até chegar à arte final. (2,3) Com referência à terceira forma de trabalho, o desenho informatizado (da computação gráfica), o aluno deverá desenhar após tomar medidas dos sólidos, utilizando-se dos comandos de desenho em 2D do AutoCAD (coordenadas x,y) Por último, tanto para os desenhos em 2D como em 3D, devem ser utilizados todos os recursos de visualização técnica da últimas versões do software AutoCAD, inclusive os "layers". O trabalho foi desenvolvido em cinco partes: A, B, C, D, E, relacionadas com o desenho dos poliedros platônicos e dos arquimedianos, como se segue:
PARTE A - OBSERVANDO O DODECAEDRO REGULAR Existem 5 POLIEDROS PLATÔNICOS, assim chamados por terem sido estudados e divulgados por PLATÃO. | |||||||
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O DODECAEDRO é um deles! O DODECAEDRO e o ICOSAEDRO são os dois poliedros mais complicados para construir e os mais usados nas construções de geodésicas.
Observando o dodecaedro, deve-se lembrar que: 1. objetivo desta observação não é criar fórmulas matemáticas e muito menos copiar resultados já existentes. 2. objetivo principal é o DESENHO: 3. Através do qual deve-se desenvolver a percepção visual espacial e em seguida, 4. pesquisar e criar um caminho para organizar as superfícies de maneira correta e precisa. Entretano, não existem receitas, por isso você deve-se procurar outras relações métricas para resolver este problema. É como um "quebra-cabeça" muito interessante, utilizando o AutoCAD ou qualquer outro instrumento gráfico. O que vale é a observação, a percepção, a intuição e a razão.
Primeiro passo: antes de iniciar o desenho, é necessário observar a forma do dodecaedro já desenhada! 1. O dodecaedro regular é composto por 12 faces compostas por pentágonos regulares. 2. Cada nó é composto por 3 vértices destes pentágonos. |
3. A lógica leva-nos a refletir que se em cada face há 5 vértices e se há 12 faces no dodecaedro, então vértices e faces multiplicados, tem-se 60 vértices. Se os vértices estão justapostos de 3 em 3, então teremos 60/3 = 20 nós! 4. Por outro lado, os lados dos pentágonos justapostos de 2 em 2, formam 30 arestas. 5. A lógica permite então concluir que 12 faces vezes 5 lados = 60 lados. Se os lados das faces estão justapostos de 2 em 2, então teremos 60/2 = 30 arestas!
Segundo passo: corresponde à observação dos contornos das vistas de cima e das duas laterais As faces opostas são paralelas e invertidas, uma fica " virada" de um lado e a outra oposta, fica "virada" para o outro lado numa rotação de 180º sobre o mesmo eixo central. Definindo duas destas faces opostas como base superior e base inferior, os outros dez pentágonos compreenderão todo o resto da superfície poliédrica; cinco "virados para cima" partindo da base inferior; cinco "virados para baixo" partindo da base superior. A vista de cima tem como linha de contorno, um decágono regular, composto por 10 arestas justapostas duas a duas; estas mesmas arestas, nas duas vistas laterais formam um "ziguezague". | ||||||
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Terceiro passo: observa-se a organização dos vértices. Imagine que as arestas medem 100mm. Começar a desenhar a vista de cima, para organizar no PH, as projeções dos vértices. Os 5 vértices (nós) da base superior e os 5 vértices da base inferior ... êles estão organizados dentro de um cilindro.
Assim percebe-se que os 10 vértices (nós) das laterais estão organizados dentro de um outro cilindro. Unindo os vértices alternados dois a dois, aparecem dois grandes pentágonos regulares cujos lados são as diagonais menores dos pentágonos das faces do dodecaedro.
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Quarto passo: determina-se as dimensões . É necessário determinar a dimensão dos lados dos 2 pentágonos maiores cujos vértices são os 10 nós das laterais. Primeiramente desenha-se um pentágono regular (uma face) com 100mm de lado. Em seguida, determina-se a diagonal menor, e constrói-se um pentágono regular cujo lado é a diagonal menor da face. A seguir, determina-se o centro dos dois pentágonos que devem ser copiados de maneira a ficarem concêntricos. | ||||||
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RESULTADOS E DISCUSSÃO DA PARTE A
Em primeiro lugar, determina-se as posições dos vértices, por partes. Na primeira parte, desenha-se a vista de cima, em 2d. Para tal, seleciona-se estes dois pentágonos a fim de obter seus simétricos por rotação, por meio do comando POLAR (array), com ponto central no centro dos polígonos. Na segunda, desenha-se a vista lateral em 2d. Antes de começar a desenhar, observa-se o contorno de uma das vistas laterais. A vista lateral abaixo, tem o seu contorno composto por medidas exatas das faces:
Observe as figuras acima:
a - As bases superior e inferior estão representadas pelas alturas dos pentágonos das duas bases; a.1 - estão representadas em posições simetricamente invertidas (observe estas posições na vista de cima). b - Os dois segmentos que formam o contorno do lado direto são simetricamente invertidos aos do lado esquerdo; b.1- os segmentos menores destes contornos correspondem à verdadeira grandeza das arestas das faces pentagonais; b.2 - os segmentos maiores correspondem à verdadeira grandeza da altura da face pentagonal (são do mesmo comprimento das bases). c - Observa-se na vista de cima os alinhamentos de cada conjunto de 5 vértices. d - Os vértices das bases (dois conjuntos de cinco) têm alturas diferentes, porém pertencem a um cilindro. e - Os vértices laterais (dois conjuntos de cinco) têm alturas diferentes, porém pertencem a um outro cilindro. dos 12 vértices do dodecaedro regular. É necessário determinar os comprimentos dos seguintes segmentos:
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Sobre a vista de cima e trace as coordenadas que passam pelos vértices e determinam uma das vistas laterais. Os vértices pertencem a dois cilindros distintos assim como as coordenadas. A seguir, deve-se colocar os segmentos da altura da face e do lado das faces nos lugares certos, por meio de arcos. Observe-se o desenho abaixo:
Na terceira , desenha-se o módulo em 3D Deve-se procurar determinar as distâncias de cada vértice ao `PH".Sobre a vista de cima, em perspectiva, seleciona-se cada pentágono e movimenta-os conforme as alturas obtidas.
Assim, todos os vértices (ou nós) estão colocados nos lugares certos no espaço 3D. | ||||||||
Une-se os vértices laterais e determine o módulo do dodecaedro formado pelas duas bases e por dois pentágonos laterais. Este módulo tem as duas bases fixas e dois pentágonos laterais móveis. Se se determinar o eixo vertical que passa pelos centros das duas bases, multiplicar os dois pentágonos por 5, dentro de 360º , o dodecaedro regular estará desenhado em 3D.
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PARTE B : OBSERVANDO O ICOSAEDRO REGULAR
Primeiro passo: antes de iniciar o desenho, é necessário observar a forma do icosaedro já desenhada. O icosaedro regular é composto por 20 faces compostas por triângulos equiláteros. Cada nó é composto por 5 vértices (1 vértice de cada 5 triângulos.).
Utilizando-se a lógica, 3 vértices vezes 20 faces tem-se 60 vértices. Se os vértices estão justapostos de 5 em 5, então teremos 60/5 = 12 nós.
Por outro lado, os lados dos triângulos justapostos de 2 em 2, formam 30 arestas ou nós. A lógica permite então concluir que 12 faces vezes 5 lados = 60 lados. Se os lados das faces estão justapostos de 2 em 2, então teremos 60/2 = 30 arestas ou nós.
Segundo passo: observa-se os contornos das vistas de cima e das duas laterais. As faces opostas são paralelas e invertidas duas a duas. Definindo cinco destas faces opostas como parte superior e parte inferior, os outros dez triângulos |
compreenderão todo o resto da superfície poliédrica; cinco "virados para cima", partindo da parte inferior; cinco "virados para baixo", partindo da parte superior. A vista de cima tem como linha de contorno, um decágono regular, composto por 20 arestas justapostas duas a duas. Estas mesmas arestas, nas duas vistas laterais formam um "ziguezague".
Terceiro passo: observa-se a organização dos vértices. Imaginem-se as arestas com 100 mm. Se começar a desenhar a vista de cima, para organizar as projeções dos vértices no PH, pode-se observar que as partes inferior e superior contêm 6 vértices cada. Os dois vértices centrais são extremidades de um dos eixos de simetria. Ficam outros 5 vértices (nós) para cada parte, formando um pentágono superior e um pentágono inferior invertidos. Observe-se que os 10 vértices (nós) estão organizados dentro de um cilindro. Unindo os vértices alternados dois a dois, aparecem dois grandes pentágonos regulares cujos lados são as verdadeiras grandezas das arestas do icosaedro.
Quarto passo: determina-se as dimensões. Para desenhar a vista de cima, primeiro desenha-se dois pentágonos cujos vértices são os 10 nós das laterais (cinco em cada pentágono). Os outros dois que faltam são as extremidades do eixo de simetria. (Ficam coincidentes, bem no centro da vista de cima). Deve-se desenhar um pentágono regular, com 100mm de lado. Em seguida, desenha-se um círculo (3P), passando por três de seus vértices. Depois, seleciona-se o pentágono com centro de simetria, no centro da circunferência. Dessa forma, uni-se todos os dez vértices dos pentágonos, obtém-se o contorno da vista de cima, isto é, a representação ortogonal dos dez triângulos laterais, que formam o "zigue-zague" das vistas laterais. | ||||||
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Unindo todos os dez vértices ao centro da circunferência, aparecem representados os 5 triângulos superiores e os 5 triângulos inferiores.
Quinto passo: observa-se as posições dos vértices. A observação das posições dos vértices fornece um exercício bastante interessante. Primeiro, veja-se o contorno de uma das vistas laterais. A vista lateral esquerda interessa porque o seu contorno configura um hexágono irregular e seu eixo vertical define a projeção como simétrica reflexiva.
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Deve-se levar em consideração que: a) Os dois lados superiores e os dois lados inferiores medem 100mm, pois correspondem às verdadeiras grandezas das arestas do icosaedro. b) Os dois contornos laterais (verticais) são exatamente as alturas das faces triangulares. c) Na vista lateral direita, nota-se que o mesmo eixo define a figura como simetria por rotação (invertida). d) Outro fato interessante, é que o icosaedro regular é inscrito numa esfera que passa por todos os seus 12 vértices. e) Um outro, é que os dez vértices laterais pertencem a um cilindro. | ||||||||
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RESULTADOS E DISCUSSÃO DA PARTE B
Sexto passo: desenha-se a vista lateral. A vista lateral esquerda é a mais adequada para desenhar. Assim, seguem-se os seguintes passos:
1. Desenha-se a vista de cima. 2. A seguir, desenha-se a projeção da vista de frente do cilindro. 3. Com um arco com raio igual ao comprimento da aresta do icosaedro, determina-se, na projeção da vista de frente do cilindro, mais dois vértices.
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4. Com 3 vértices já determinados, traça-se a circunferência (3P) que passa por estes três pontos. Esta circunferência é a projeção da vista de frente da esfera circunscrita. 5. Esta circunferência por sua vez, determina os outros três vértices superiores. Assim, a vista lateral fica desenhada.
Sétimo passo: desenha-se o módulo em 3D. Esta vista determina as alturas dos vértices do icosaedro. Inicialmente, deve-se determinar as distâncias de cada vértice ao PH. A partir disso, seguem os estágios abaixo: 1 - Sobre a vista de cima (2D) em perspectiva, deve-se selecionar cada um dos dois pentágonos e levantá-los conforme as alturas obtidas ; 2 - A seguir, traça-se uma linha vertical, com o comprimento do eixo (altura maior) para determinar os dois vértices ( o superior e o inferior). 3 - Todos os vértices (ou nós) estão colocados em seus lugares certos no espaço 3D. 4 - Por fim, como um exercício, unindo os vértices laterais, pode-se determinar o módulo do icosaedro formado por quatro triângulos equiláteros. Multiplica-se este módulo por cinco ao redor do eixo vertical, por meio da simetria por rotação ( array)
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Construção do TRONCOICOSAEDRO
O troncoicosaedro é um dos poliedros arquimedianos. Pode-se construir um icosaedro, apenas com linhas nas arestas.
Assim, a seguir, dividem-se as arestas em três partes. Em seguida, seccionam-se as faces, de modo que: a) nos lugares dos vértices (nós) do icosaedro, ficam pentágonos regulares; b) nos lugares dos triângulos das faces, ficam hexágonos regulares. icosaedro passa a ser um troncoicosaedro, composto por 12 pentágonos regulares e 20 hexágonos regulares. Seu módulo deverá ter duas bases pentagonais fixas , 5 faces pentagonais móveis e 5 faces hexagonais móveis. O resultado final é o módulo do icosaedro cuja a organização das partes correspondentes deste novo sólido está apresentada a seguir: | |||||||||
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CONCLUSÃO
O procedimento metodológico desenvolvido nesta pesquisa, possibilita o estudo de qualquer poliedro regular (platônicos), semi-regular ( arqui-medianos) ou irregular e sua construção gráfica por meio de instrumentos gráficos tradicionais ou informatizados. Assim, da mesma forma, possibilita a construção dos poliedros arquimedianos e de geodésicas, sem necessidade de novas teorias ou métodos. Basta observar, descobrir e
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desenhar, "aprender à aprender". Como exemplo para esta conclusão, o mesmo procedimento metodológico pode ser utilizado para construir o troncoicosaedro. Tem este nome, porque todos os poliedros regulares (tetraedro, hexaedro, octaedro, dodecaedro e icosaedro), quando seccionados por planos que dividem suas arestas em 3 partes iguais, chamam-se troncos. Troncoicosaedro é o icosaedro cujas arestas | ||||||||
foram divididas em 3 partes iguais e seus vértices foram seccionados, transformando-se em pentágonos regulares. Evidentemente, as faces triangulares transformam-se em hexágonos regulares. Da mesma forma, os outros três poliedros regulares (o tetraedro regular, o hexaedro regular e o octaedro regular) têm seus poliedros arquimedianos, bastando para isso, dividir suas arestas |
em 2 ou em 3 partes iguais. Depois, divide-se as novas arestas em 2 ou partes iguais, até chegar ao infinito, isto é, a esfera inscrita do poliedro platônico inicial. A seguir, alguns exemplos; cria-se outras construções usando os mais diversos instrumentos gráficos (prancheta tradicional ou os mais diversos softwares) com suas específicas potencialidades gráficas. | ||||||
PARTE C : OBSERVANDO O OCTAEDRO REGULAR
Primeiro passo: antes de iniciar o desenho, é necessário observar a forma do octaedro já desenhada!
O octaedro regular é composto por 08 faces compostas por triângulos equiláteros. Cada nó é composto por 4 vértices destes triângulos. A lógica leva-nos a refletir que se em cada face há 3 vértices e se há 08 faces no octaedro, então vértices e faces multiplicados, tem-se 24 vértices. Se os vértices estão justapostos de 4 em 4, então teremos 24/4 = 06 nós! Por outro lado, os lados dos triângulos equiláteros justapostos de 2 em 2, formam 12 arestas. A lógica permite então concluir que 08 faces vezes 3 lados = 24 lados. Se os lados das faces estão justapostos de 2 em 2, então teremos 24/2 = 12 arestas!
Segundo passo: observa-se as similaridades entre o número de lados, arestas e vértices dos poliedros. Se o octaedro regular tem 6 vértices, o hexaedro regular (cubo) tem 6 faces e o tetraedro regular tem 6 arestas; então cada vértice do octaedro pode pertencer ao centro de cada face de um hexaedro regular, como pode pertencer ao | |||||||
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ponto médio de cada aresta de um tetraedro regular. Acompanhando este raciocínio, determina-se o ponto médio de uma das diagonais de cada face do cubo, ou o ponto médio de cada aresta do tetraedro regular inscrito neste cubo. A seguir e determina-se os o triângulos que formam as faces do octaedro regular. Terceiro passo: observa-se as vistas ortogonais do octaedro regular. A união de quatro nós coplanares, tem-se um quadrado. Tem-se, portanto, 3 quadrados perpendiculares entre si. As distâncias entre os vértices opostos são as diagonais destes quadrados. Acompanhando este raciocínio, desenha-se um quadrado e uma diagonal perpendicular à este quadrado, passando pelo ponto médio das diagonais.
VISTAS ORTOGONAIS
Construção do CUBOCTAEDRO Determina-se os pontos médios de cada aresta do octaedro. Secciona-se o octaedro regular por meio de planos perpendiculares aos eixos passando pelos pontos médios das arestas; tem-se o CUBOCTAEDRO composto por 6 quadrados (nos lugares dos 6 vértices) e 8 triângulos equiláteros (nos lugares das 8 faces) conforme a seqüencia abaixo. O MÓDULO
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Acompanhando este raciocínio, pode-se desenhar duas bases fixas ( 2 quadrados) e as laterais móveis (um quadrado e dois triângulos equiláteros. Girando as faces laterais ao redor do eixo vertical quatro vezes ao redor de 360º, tem-se o octaedro completo.
Construção do TRONCOCTAEDRO Determina-se os dois pontos que dividem cada aresta do octaedro em 3 partes iguais. Seccionando o octaedro regular por meio de planos perpendiculares aos eixos centrais, passando pelos pontos que dividem as arestas em três partes iguais, tem-se um troncoctaedro formado por 6 quadrados (nos lugares dos 6 vértices) e por 8 hexágonos regulares (nos lugares das 8 faces triangulares)
O MÓDULO Da mesma forma como foi determinado o módulo do cuboctaedro, deve-se proceder com o troncoctaedro; duas bases fixas (2 quadrados) e as 3 faces móveis (2 hexágonos e um quadrado). Multiplicando 4 vezes as faces móveis ao redor do eixo vertical ( simetria por rotação), tem-se o troncoctaedro completo. | |||||||
PARTE D : OBSERVANDO O TETRAEDRO REGULAR
Primeiro passo: antes de iniciar o desenho, é necessário observar a forma do octaedro já desenhada! O tetraedro regular é composto por 04 faces compostas por triângulos equiláteros. Cada nó é composto por 03 vértices destes triângulos. A lógica leva-nos a refletir que se em cada face há 3 vértices e se há 04 faces no tetraedro regular, então vértices e faces multiplicados, tem-se 12 vértices. Se os vértices estão justapostos de 03 em 03, então teremos 12/03 = 04 nós! Por outro lado, os lados dos triângulos equiláteros justapostos de 2 em 2, formam 06 arestas. A lógica permite então concluir que 04 faces vezes 3 lados = 12 lados. Se os lados das faces estão justapostos de 2 em 2, então teremos 12/2 = 06 arestas!
Segundo passo: observa-se as similaridades entre o número de lados, arestas e vértices dos poliedros. Se o tetraedro regular tem 06 arestas, o hexaedro regular (cubo) tem 6 faces e o octaedro regular tem 6 nós; então as arestas do tetraedro regular podem coincidir com as diagonais opostas e reversas das faces de um hexaedro regular, assim como os pontos médios cada aresta do tetraedro regular podem pertencer aos nós de um octaedro regular. As distâncias entre as arestas opostas do tetraedro regular,coincidem com o comprimento das arestas do cubo e com o comprimento do eixo de simetria do octaedro regular. | |||||||
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Acompanhando este raciocínio, determina-se os 3 pares de diagonais reversas das faces do cubo; a seguir determina-se os o triângulos que formam as faces do tetraedro regular.
VISTAS ORTOGONAIS
As projeções ortogonais das vistas de cima, de frente e laterais, terão sempre o contorno quadrado, cobrindo a área igual a área da face do quadrado circunscrito e a verdadeira grandeza da aresta do tetraedro que no caso é a diagonal deste "quadrado" projetado.- Apenas a perspectiva isométrica mostra uma projeção triangular, porém não é a verdadeira grandeza da face do tetraedro.
Construção do OCTAEDRO REGULAR Primeiro passo: determina-se os pontos médios das arestas do tetraedro regular. Segundo passo: secciona-se o tetraedro regular por meio de planos que passam por três pontos. As quatro faces triangulares do tetraedro ficam substituídas por quatro triângulos equiláteros menores . Os quatro nós ficam substituídos por outros quatro triangulos eqüiláteros, compondo o octae dro regular inscrito no tetraedro regular.
VISTAS ORTOGONAIS
Construção do TRONCOTETRAEDRO Primeiro passo: divide-se as arestas do tetraedro regular em três partes iguais; obtêm-se dozes pontos distintos e eqüidistantes do centro do tetraedro ou do cubo circunscrito Segundo passo: secciona-se o tetraedro regular por meio dos planos perpendiculares aos seus eixos, passando por três pontos mais próximos aos seus nós (vértices). Terceiro passo: analisa-se os resultados; os quatro vértices transformam-se em quatro triângulos equiláteros cujos lados medem 1/3 do comprimento das arestas do tetraedro regular; as quatro faces do tetraedro regular ficam transformadas em quatro hexágonos regulares, cujos lados medem 1/3 do comprimento das arestas do tetraedro | ||||||
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regular; O troncotetraedro é formado por quatro hexágonos regulares e quatro triângulos equiláteros; as projeções ortogonais de cima mostram o hexágono ou o triângulo equilátero em verdadeira grandeza.
PARTE E : OBSERVANDO O HEXAEDRO REGULAR Primeiro passo: antes de iniciar o desenho, é necessário observar a forma do hexaedro regular já desenhada. O hexaedro regular é formado por seis quadrados perpendiculares entre si dois a dois, por doze arestas e por oito vértices denominados nós da estrutura. Cada nó é composto por três quadrados. Os comprimentos das alturas do hexaedro regular coincidem com os comprimentos de suas arestas. Segundo passo: observa-se as suas projeções ortogonais. As projeções ortogonais de cima, de frente e laterais projetam sempre a forma de quadrado. Cada projeção mostra duas de suas faces opostas, coincidentes, sobrepostas e em verdadeiras grandezas e as outras quatro coincidentes com os seus contornos; a perspectiva isométria, o contorno do hexaedro regular é um hexágono regular.
Construção do CUBOCTAEDRO
Primeiro passo: determina-se os pontos médios das arestas do hexaedro regular. Segundo passo: secciona-se o hexaedro regular por meio de planos perpendiculares aos seus eixos de simetria, passando por três pontos médios das arestas mais próximos de cada nó (vértice). Terceiro passo: observa-se os resultados; os oito vértices ou nós do hexaedro regular foram transformados em oito triângulos equiláteros e as seis faces quadradas em outros seis quadrados menores; os eixos que passam pelos pontos centrais das faces opostas, são de simetria polar.
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Quarto passo: estuda-se a construção do módulo; o módulo pode ser obtido, considerando as duas faces opostas fixas e uma parte lateral móvel composta por um quadrado e dois triângulos equiláteros; girando esta parte móvel ao redor do eixo vertical quadro vezes, em espaços de 90º cada, (num total de 360º), tem-se o cuboctaedro construído. Quinto passo, observa-se as vistas ortogonais; as vistas ortogonais tem seus contornos em formas de quadrados cobrindo a área igual as faces do hexaedro regular; apenas os quadrados menores são projeções de suas faces em verdadeiras grandezas.
Construção do TRONCOCUBO Primeiro passo: divide-se cada aresta do hexaedro regular em três partes iguais. Segundo passo: secciona-se o hexaedro regular por meio de planos perpendiculares aos seus eixos de simetria, passando por três pontos médios das arestas mais próximos de cada nó (vértice). |
Terceiro passo: observa-se os resultados; os oito vértices ou nós do hexaedro regular foram transformados em oito triângulos equiláteros e as seis faces quadradas em outros seis octógnos irregulares; os eixos que passam pelos pontos centrais das faces opostas, são de simetria polar. Quarto passo: estuda-se a construção do módulo; o módulo pode ser obtido, considerando as duas faces opostas fixas ( octógonos irregulares) e uma parte lateral móvel composta por um octógono irregular e dois triângulos equiláteros; girando esta parte móvel ao redor do eixo vertical quadro vezes, em espaços de 90º cada, (num total de 360º ), tem-se o troncocubo construído. Quinto passo: observa-se as vistas ortogonais; as vistas ortogonais tem seus contornos em formas de quadrados cobrindo a área igual as faces do hexaedro regular; apenas os octógonos irregulares são projeções de suas faces em verdadeiras grandezas. | ||||||||||
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BIBLIOGRAFIA
SÁ, Ricardo. Edros. São Paulo: Projeto Editores Associados, 1982.
LOTUFO, Victor. Geodésicas & Cia. São Paulo: Projeto Editores Associados, 1982. | |||||||||||
LOUREIRO, Maria Alzira. O Desenho das Estruturas Geométricas. Tese de Doutorado defendida na FAU-USP, São Paulo, 1993. | |||||||||||
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ENSINO À DISTÂNCIA: POTENCIALIDADES, TENDÊNCIAS ATUAIS E VISÃO PROSPECTIVA PARA O ENSINO DO DESENHO | ||||||||||
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Paulo Kawauchi 1 Maria Alzira Loureiro2 | ||||||||||
Kawauchi, P. e Loureiro, M.A. Ensino à Distância: Potencialidades, Tendências Atuais e Visão Prospectiva para o Ensino do Desenho. Revista Assentamentos Humanos, Marília, v2, n. 1, p71-80, 2000. | ||||||||||
ABSTRACT
This study is a reflection on the current posture of the teacher - researcher of non-verbal graphic language (drawing) as he confronts the violent mutation that affects all those systems modeled by the Industrial Era; seeking to adapt this posture to the characteristics of the Age of Information. | ||||||||||
Key Words: Drawing, Computer graphics, Networks, Teaching, Prospective Vision, Sistemic Vision.
Palavras-Chave: Desenho, Computação Gráfica, Redes, Visão Holística, Visão Prospectiva. | ||||||||||
1 Doutor em Arquitetura e Urbanismo pela FAU - USP. Professor dos cursos de graduação e de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Engenharia e Arquitetura da UNIMAR. 2 Doutora em Arquitetura e Urbanismo pela FAU - USP. Professora dos cursos de graduação e de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Engenharia e Arquitetura da UNIMAR. | ||||||||||
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RESUMO
Trata-se de uma reflexão sobre a atual postura do professor- pesquisador da linguagem gráfica não verbal (desenho) frente a violenta mutação que atinge todos os sistemas modelados pela Era Industrial, buscando adequar esta postura com as características da Era da Informação.
INTRODUÇÃO
Na obra "Guerra e Anti-Guerra" ( 6 ) de Alvin e Heidi Toffler, os autores defendem a tese ainda pouco compreendida, mas que vale a pena refletir... ... "A maneira de fazermos a guerra, reflete a maneira pela qual criamos a riqueza, e a maneira de fazermos a anti-guerra, reflete a maneira pela qual fazemos a guerra." Esta visão prospectiva do casal Toffler, refere-se ao futuro imprevisível com o objetivo de refletir sobre propostas alternativas para o terceiro milênio a fim de preservar a vida no planeta Terra, afastando a possibilidade de continuação ou agravamento da crise atual dos sistemas, procurando reduzir ao máximo a escassez da matéria prima natural que produz a escassez do direito da qualidade de vida do ser humano, a escassez da liberdade de se escolher um estilo de vida, a escassez de reflexão sobre o sentido da vida. "...uma tecnologia mais limpa, onde a diversidade mais rica de culturas e povos pode participar da formação do futuro... no qual a praga da guerra esteja estancada." "Hoje, na medida em que o mundo sai violenta e rapidamente da era industrial e entre a num novo século, muito do que sabemos sobre a guerra e anti-guerra |
fica perigosamente obsoleto, Está surgindo uma nova economia revolucionária baseada no conhecimento e não mais nas matérias-primas e no trabalho físico convencionais. Essa notável alteração na economia mundial, está trazendo com ela uma revolução paralela na natureza do conflito armado." Os autores enfatizam "Dez Características Chaves" na nova economia para a Era da Informação, que devem ser analisadas por meio de uma visão sistêmica em todas as áreas do conhecimento.
JUSTIFICATIVA
Essa é a razão da importância dessas "Dez Características Chaves" serem analisadas na área de Desenho a fim de adequar o ensino e a pesquisa desta área do conhecimento aos novos objetivos prospectivos da Era da Informação. O relacionamento de cada uma dessas características com o ensino e a pesquisa da Linguagem Gráfica Informatizada relacionada com a área projetual ( Arquitetura, Desenho Industrial, Programação Visual, Publicidade e Propaganda, Engenharia, etc.) e com a área de Comunicação e Expressão ( Letras, Artes Plásticas) a linha de pesquisa que proponho a ser desenvolvida a fim de buscar procedimentos metodológicos que contribuam com os objetivos do Ecodesenvolvimento e se adequam a Era da Informação. Era da Informação... Era da Informação... Infosfera... Tecnosfera.... Sociosfera... Globalização. São palavras-índices de uma nova sociedade moldada pela informação, pelo conhecimento que possibilita a criação de novas tecnologias que possibilitam informações em todo o planeta Terra (infosfera) em tempo real que possibilitam a geração de novos conhecimentos que desenvolvem mentalmente a humanidade, transformando as sociedades em todo o | |||||||
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acompanham o desenvolvimento tecnológico relacionado com hardware e software específicos para a computação gráfica, animação, multimídia, realidade virtual, redes de informações (intranet, internet, etc.). O professor - pesquisador da área da linguagem gráfica não verbal deve estar informado sobre todos os conhecimentos produzidos atualmente, perceber as tendências e trabalhar com procedimentos metodológicos flexíveis que possibilitam adequar suas pesquisas e seu trabalho a um futuro imprevisível. A adequação da produção gráfica informatizada armazenada em dados, informações, conhecimento, reduz o desperdício de mão-de-obra especializada, de energia humana e mecânica, de grandes espaços físicos para arquivos, de gastos com material de consumo e com instrumentos gráficos específicos, de tempo e de trabalho humano, e do orçamento necessário para a produção. As modificações técnicas informatizadas, permitem que o desenho poça ser reutilizado e transformado, sem a necessidade de redesenhá-lo, como se fazia com os instrumentos tradicionais. A visualização técnica informatizada do espaço bidimensional ou tridimensional possibilita tiras cópias impressas sob infinitas vistas ortogonais ou em perspectivas, infinitos detalhes, infinitas escalas de um mesmo desenho, sem mais a necessidade de desenhar cada uma das vistas, separadamente, como se fazia com os instrumentos tradicionais. Os arquivos informatizados ocupam apenas o espaço virtual e não mais o espaço físico como se fazia com os instrumentos tradicionais. Além disso, possibilitam que os mesmos sejam reaproveitados e modificados posteriormente sem o problema de envelhecimento do suporte, como acontecia com o suporte de papel. As comunicações entre os pesquisadores e profissionais da área projetual podem ser efetuadas por meio de redes e em tempo real, não mais sendo necessários os transportes aéreos, | |||||||
planeta Terra (sociosfera), criando novas necessidades que motivam a criação de novas tecnologias em todo o planeta Terra (tecnosfera) que possibilitam informações em tempo real para todo o planeta Terra (infosfera) gerando novos conhecimentos ... A velocidade com que o planeta Terra se transforma, depende da informação que proporciona ao pesquisador a visão de mundo mais atualizada possível, necessária a todas as áreas projetuais tanto para os sistemas concretos como para os sistemas abstratos.
ANÁLISE POR SIMILARIDADE E CONTIGUIDADE
Sobre os Fatores de Produção: Na Era Industrial, os fatores de produção eram os tangíveis : a terra, o trabalho, as matérias-primas e o capital. Na Era da Informação, esses fatores de produção se transformaram em fatores intangíveis que são os conhecimentos incluindo: dados, informações, imagens, símbolos, cultura, ideologia e valores. A adequação do conhecimento como um todo, reduz a necessidade de mão-de-obra, de estoques, reduz o desperdício de energia, de matéria-prima, de tempo, de espaço e de dinheiro necessários para a produção. A diferença fundamental entre a Era Industrial e a Era da Informação relacionadas com o meio ambiente, está nos fatores de produção: a - Na Era Industrial trabalha-se com recursos tangíveis (naturais e econômicos ) que são finitos e portanto não renováveis. b - Na Era da Informação trabalha-se com recursos intangíveis (conhecimento) que para todos os efeitos são inexauríveis."
Potencialidades, tendências atuais e visão prospectiva para o ensino do desenho: Há dez anos, aproximadamente, a área de Desenho vem apresentando novas potencialidades que | |||||||
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terrestres ou marítimos, como acontecia há quase dez anos atrás.
Sobre os Valores Intangíveis: Os valores das companhias bem sucedidas da Era da Indústria eram medidos em termos de objetos e espaços construídos, como por exemplo: prédios, máquinas, ações e estoques. "O valor das firmas bem sucedidas da Era da Informação está na capacidade que elas tem de adquirir, gerar, distribuir e aplicar estratégias e operacionar o conhecimento. O próprio capital se apoia em bens intangíveis."
Potencialidades, tendências atuais e visão prospectiva para o ensino do desenho: O ensino do Desenho na Era da Informação só será adequado ao sistema cultural, econômico, social, político, histórico, ideológico, científico, tecnológico, físico, ambiental, administrativo, se for desenvolvido por meio de instrumentos (software e hardware) mais atualizados. Os hardware viabilizam o desempenho dos software, portanto devem acompanhar as necessidades da evolução dos software. Esse conjunto forma uma extensão do cérebro. As operações, as estratégias, os processos, as imagens são virtuais e portanto, intangíveis. Caracterizam-se pela capacidade de adquirir, gerar, distribuir, aplicar conhecimentos e apoiar em "materiais" intangíveis, que são as informações contidas em redes e em arquivos virtuais. O valor do desenvolvimento da aprendizagem do Desenho, depende mais das idéias, das percepções e das informações que estão nas cabeças dos alunos e dos professores ou de outros profissionais, do que nos software, ou mesmo nos drivers dos computadores, ou em intranets, ou na internet, ou mesmo no ambiente do edifício universitário, onde se está sendo produzido o conhecimento. Por essa razão, não é suficiente ter um ótimo equipamento informatizado, |
com diferentes software mais atualizados, se o usuário não tiver o repertório intelectual que o possibilite de fato, manusear todas as potencialidades que os instrumentos oferece. Da mesma forma, também não terá valor algum, um profissional que tenha todo o potencial intelectual desenvolvido na área de Desenho informatizado e que seja contratado por uma firma que não tenha os instrumentos informatizados adequados. Nas duas situações, haverá um total desperdício tanto dos instrumentos que mesmo sem uso ficam obsoletos, como de profissionais, que não produzirão o suficiente nem em qualidade nem em quantidade necessária para que a firma possa caminhar junto com a evolução da sociosfera, da tecnosfera, da infosfera. Por essa razão, os verdadeiros valores na área de Desenho na Era da Informação, são intangíveis. Não é mais possível substituir o trabalho informatizado pelo trabalho manual, quando se pretende trabalhar com visão globalizante. Com a computação gráfica, animação e multimídia, os objetos e as matérias-primas ( madeira, vidro, metal, etc..) são representados com meio de maquetes eletrônicas quadridimensionais, que não ocupam nem espaço nem peso real. São espaços e pesos virtuais, são intangíveis, que são as únicas condições necessárias para os projetos futuros, com visão prospectiva.
Sobre a Desmassificação: A Era Industrial caracterizou-se pela produção em massa, pela homogeneidade, pela padronização . Esse procedimento se torna cada vez mais obsoleto a medida em que se adquire os conhecimentos, que se divulgue as informações, que se desenvolva a tecnologia e a ciência. A Era da Informação caracteriza-se pela desmassificação da produção, da distribuição e das comunicações que revoluciona a economia e a transforma de extrema homogeneidade para a extrema heterogeneidade. | |||||||
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Potencialidades, tendências atuais e visão prospectiva para o ensino do desenho: O ensino e pesquisa na área de Desenho, caracterizaram-se pela "tenacidade" e não pela "sagacidade". Eram propostos programas de ensino padronizados e provas padronizadas para todos os alunos de uma mesma classe. As disciplinas e os conteúdos eram desenvolvidos seguindo uma sincronização de conhecimentos. Os conteúdos de cada disciplina objetivavam uma determinada especialização, necessitando de professores especialistas para formar profissionais especialistas. Os conhecimentos especializados para cada disciplina, exigiam uma concentração em livros especializados. A programação dos assuntos de cada disciplina, oferecia a possibilidade de uma concentração de poder no professor , que decidia o quê, quando, onde, porque, quando aprender assim como sobre o que seriam avaliados. Na Era da Informação, nota-se a distribuição de conhecimento individualizado, onde o professor de Desenho não ensina, mas orienta e aprende com cada aluno. Neste caso, quebra-se a barreira da centralização e o ensino limitado pelo repertório do professor. As informações arquivadas em software ou nas redes( intranet e internet) são adquiridas pelo aluno-pesquisador no momento, na quantidade e na complexidade que realmente for necessária para cada projeto. A desmassificação que desloca da homogeneidade para a extrema heterogeneidade, possibilita a democratização do conhecimento e o respeito pelas potencialidades individuais de cada aluno. Neste caso, quebra-se a barreira da concentração de conhecimentos em bibliografia tradicionais e passa a ser uma busca democrática de atualização de informações.
Sobre o Trabalho : A característica do trabalho na Era Industrial é o trabalho muscular, de baixa qualificação, |
essencialmente intercambiável. A educação em massa, à semelhança de uma fábrica, preparou trabalhadores para o trabalho rotineiro, repetitivo. Os trabalhadores eram classificados como "mão-de-obra direta" (produtivos) e "mão-de-obra indireta" (improdutivos). A característica do trabalho na Era da Informática, é a crescente inintercambialidade de mão-de-obra, a medida que as exigências de habilitação sobem como foguete. A classificação entre mão-de-obra direta e indireta ficam indefinidas a medida que a relação entre trabalhadores fabris, burocratas, técnicos e profissionais diminui, a "mão-de-obra indireta" produz um valor igual ou maior que a "mão-de-obra direta". Potencialidades, tendências atuais e visão prospectiva para o ensino do desenho: A característica do profissional em computação gráfica na Era da Informação é a crescente inintercambialidade de mão-de-obra, a medida que as exigências de habilitação e de atualização é muito rápida e crescente. A computação gráfica fornece ao profissional inúmeras metodologias e potencialidades para o desenvolvimento e apresentação visual do trabalho final. A atitude "prossumista" faz com que o profissional em computação gráfica desenvolva suas potencialidades na medida de suas possibilidades e interesse, fazendo com que seu trabalho fique muito valorizado em qualidade e por isso torna-se um profissional inintercambiável. O valor do profissional em computação gráfica é intangível. Com o desenvolvimento do CAD nas grandes indústrias, a classificação entre mão-de-obra direta e indireta ficam indefinidas a medida que a relação entre trabalhadores fabris, burocratas, técnicos e profissionais diminui, a "mão-de-obra indireta" produz um valor igual ou maior que a "mão-de-obra direta". O próprio engenheiro, desenhista industrial, enfim o próprio profissional que projeta, faz os desenhos e transfere-os às | ||||||
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máquinas informatizadas para que as peças sejam moldadas, construídas por meio de tecnologias de robóticas especialistas. Isso faz com que muitos "especialistas" da Era Industrial percam suas funções, sendo substituídos por uma única pessoa.
Sobre a Inovação: Na Era Industrial, os trabalhadores seguiam os "manuais de regras" elaborados por outros, para a produção atender aos princípios da ordem e do progresso industrial que eram: a Sincronização, a Especialização, a Padronização, a Centralização, a Concentração e a Maximização. Na Era da Informação, a constante inovação é necessária para competir : novas idéias para produtos, tecnologias, processos, marketing, finanças. Assim. as firmas espertas, estimulam os trabalhadores a tomar a iniciativa, a apresentar novas idéias e mesmo, se necessário, "jogar fora o manual de regras". Potencialidades, tendências atuais e visão prospectiva para o ensino do desenho: Um manual de regras é fundamental para o trabalho industrial que visa a padronização de um produto, por um determinado espaço de tempo, impedindo com isso, a inovação de seu "design" com medo de correr riscos. O profissional que utiliza a computação gráfica e o CAD em seus projetos tema a possibilidade de modificá-los constantemente, procurando inová-los e adaptá-los às novas tendências tecnológicas. Utiliza do espaço virtual que possibilita fazer as simulações necessárias para qualquer projeto com visão prospectiva, reduzindo ao máximo as margens de erro.
Sobre a Escala: Na Era Industrial, a estratégia e da maximização se caracterizava, dentre outros exemplos, pelas grandes empresas, pelos milhares de trabalhadores que entravam aos |
borbolhões pelos portões das fábricas, pela mesma quantidade de trabalhadores fazendo, praticamente, o mesmo trabalho braçal. Na Era da Informação, a velha idéias de que maior é necessariamente melhor, está ficando cada vez mais ultrapassada. As unidades de trabalho se encolhem, as escalas das operações é minimizada juntamente com muitos dos produtos, equipes de trabalho pequenas, diferenciadas, grandes empresas estão ficando menores, pequenas, pequenas empresas estão se multiplicando. Potencialidades, tendências atuais e visão prospectiva para o ensino do desenho: Na Era da Informação os profissionais que utilizam a linguagem gráfica não verbal em seus projetos, também necessitam de espaços necessários para guardar seus projetos gráficos. Estes projetos são guardados em arquivos contidos em espaços são virtuais em discos flexíveis (disquetes) ou em discos rígidos (winchesters). A computação gráfica e a multimídia, faz com que a maximização e a padronização da produção sejam índices de desperdício. Desperdício de matéria prima, de mão de obra, de tempo de serviço, de dinheiro e de energia. Essa mudança de valores na escala de produção, deve-se ao fato de que com a computação gráfica e multimídia, é possível atender aos pedidos das lojas de distribuição e até ao mesmo a pedidos de pessoas comuns, individualmente, produzindo assim na quantidade e no tamanho que for de fato necessário para o consumo. Isso minimiza a escala de funcionários que antes eram necessários para manter grandes estoques dos produtos e também, as grandes escalas das liquidações das lojas, tão comuns na Era Industrial.
Sobre a Organização: Na Era Industrial, as companhias tinham como característica principal os organogramas dos tipos piramidais, monolíticos e burocráticos com estruturas relativamente | |||||||
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padronizadas. Na Era da Informação, a uniformidade burocrática está acabando, para se adaptar às mudanças em alta velocidade. Está aberta a procura de formas de organização totalmente novas. A "reengenharia" por exemplo, procura reestruturar a firma em torno de processos, organizações matriciais, equipes de projetos adhocráticos, centros de lucro, bem como crescente diversidade de alianças estratégicas, "joint ventures" e consórcios. Como os mercados mudam constantemente, posição é muito menos importante do que a flexibilidade e manobra. Potencialidades, tendências atuais e visão prospectiva para o ensino do desenho: Está evidente que para o profissional em computação gráfica e multimídia possa trabalhar numa grande firma, deve se adaptar a sua nova organização. Esse profissional, evidentemente, deve ser também o profissional engenheiro, ou arquiteto, ou designer, ou publicitário, ou jornalista, cujo processo de criação está vinculado aos processos de representação informatizada. Os projetos inovadores devem ser apresentados diretamente apenas para os executivos que tem interesse na produção, com a finalidade de serem aprovados. A desburocratização faz com que o profissional que proteja com auxílio da computação gráfica e multimídia, adquira novos valores de responsabilidade e de decisão dentro de uma empresa ou indústria.
Sobre a Integração dos Sistemas: Na Era Industrial, os processos de comunicação entre os produtores e consumidores, eram feitos por meio de transportes terrestres e/ou aéreos, por meio dos correios e telégrafos, por telefone, etc.. Na Era da Informação, a crescente complexidade da economia, requer mais integração e administração sofisticada, |
novas formas de liderança e controle de integração sistemática extremamente altas. Isso, por sua vez requer volumes cada vez maiores de informações para pulsarem pelas redes das organizações. Potencialidades, tendências atuais e visão prospectiva para o ensino do desenho: As redes de informações ( Internet e Intranets) possibilitam os profissionais em Computação gráfica, animação e multimídia estarem sempre atualizados, caminhando pela "Estrada do Futuro"3. O profissional que projeta utilizando-se de computação gráfica, animação e multimídia, deve estar em constante pesquisa para evitar que a industria para onde ele trabalha fique desatualizada na área de visualização técnica. Além disso, o projeto depende de muitas outras informações vindas de todas as áreas do conhecimento, que podem ser obtidas por meio das redes de informações.
Sobre a Infra-estrutura: Na Era Industrial, a infra-estrutura era fragmentada e a sincronização era feita por meio da burocracia que a tornava morosa. Como acompanhar todos os componentes e produtos, sincronizar as entregas, manter os engenheiros e comerciantes informados sobre os planos uns dos outros, alertar o pessoal da pesquisa e desenvolvimento para as necessidades da parte manufatureira e, acima de tudo, dar à administração um retrato coerente do que estava fazendo? Na Era da Informação tornou-se necessário manter tudo junto e para isso, os países do centro estão despejando bilhões de dólares em redes eletrônicas que unem computadores, bancos de dados e outras tecnologias de informação eletrônica, com bases em satélites, unindo companhias inteiras, muitas vezes ligando-as aos computadores e redes de fornecedores e de clientes. ( Sistema cliente-servidor). Potencialidades, tendências atuais e visão prospectiva para o | ||||||
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ensino do desenho: Como já foi analisada na característica anterior, o bom desempenho do profissional da área de computação gráfica, animação e multimídia, está na competência do profissional em saber onde e como procurar as informações que necessite. A rede de informações faz com que o profissional engenheiro, arquiteto, designer, publicitário, artista plástico, etc., deixe de ser um profissional exclusivo de uma única firma, indústria, empresa, para ser um profissional que atenda a muitas outras indústrias ou empresas que estão interligadas pelas redes de informações. Os projetos inovadores criados individualmente pelos engenheiros, designers, arquitetos, publicitários, artistas plásticos, poderão ser divulgados por meio das redes de informações, fazendo com que a computação gráfica, a animação e a multimídia sejam fundamentais para o ensino destas profissões.
Sobre a Aceleração: Na Era Industrial, o princípio da "Sincronização" tinha como objetivo a "mais-valia", onde o "tempo é dinheiro". Objetivava a maior produção num menor espaço de tempo. Na Era da Informação, as economia de velocidade, substitui a economia de escala. A concorrência é tão intensa e as velocidades exigidas tão altas que a velha regra que diz "tempo é dinheiro" vai ficando cada vez mais atualizada pois "cada intervalo de tempo vale mais que o anterior". A engenharia lenta, passo a passo, é substituída pela "engenharia simultânea". O dinheiro se desloca na velocidade da luz. A informação deve deslocar mais depressa. Assim, a aceleração empurra a empresa da Era da Informação cada vez mais perto do tempo real. Potencialidades, tendências atuais e visão prospectiva para o ensino do desenho: Essa característica da acelerarão, faz com que desapareça por completo o perfil do antigo profissional Professor de Desenho Geométrico, de Geometria Descritiva, de Perspectiva, de |
Desenho Técnico, para passar a ser simplesmente, "Professor de Desenho". O futuro "Professor de Desenho" deve estar sempre muito bem informado sobre as inovações dos software e hardware específicos para a sua área de conhecimento, para poder orientar seus alunos quanto as características, quanto as potencialidades, quanto as vantagens e desvantagens de cada programa, onde e como obter informações sobre as inovações. O futuro "Professor de Desenho" deve orientar seus alunos para o hábito da pesquisa, do "prossumismo", a fim de que as informações que eles receberam dentro das salas de aula, sejam atualizadas constantemente, quando os mesmos saírem das escolas. Creio que esta é a única maneira de criarmos um "Sistema de Ensino de Desenho" com Visão Prospectiva. Uma das alternativas para o século XXI é o desenvolvimento de proscedimentos metodolósgicos para o ensino à distância. Foi com esta visão de mundo, que desenvolvi um procedimento metodológico alternativo para o ensino do Desenho para a década de 90. Esse procedimento metodológico não exclui os conhecimentos de geometria plana e sólida, porém são desenvolvidos por meio da percepção visual, por meio de uma visão sistêmica durante a organização dos espaços bi, tri ou quadridimensionais. Na Internet, encontram-se as tecnologias educacionais para o ensino à distância, que onde vale a pena pesquisar e adaptar para o ensino e pesquisa na área de Representação Gráfica. Abaixo, uma cópia da análise comparativa entre a educação presencial e a educação à distância; entre o professor e o tutor, publicada pela www.edutecnet.com.br..
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1 - PROFESSOR: Educação Presencial 2 - TUTOR: Educação à Distância 1. Pode desenvolver seu trabalho no conhecimento bastante generalizado a respeito de seus alunos e suprir, com sua observação direta, o que ignora deles. Necessita, para executar seu trabalho, de um bom conhecimento dos alunos (idade, ocupação, nível sócio econômico, hábitos de estudo, expectativas, motivações para estudar, etc...) É o centro (ou, pelo menos, costuma sê-lo) do processo ensino-aprendizagem. Expõe durante a maior parte do tempo ou todo o tempo. Gira em torno do aluno, que é o centro do processo ensino-aprendizagem. 2. Atende às consultas do aluno, levando-o a falar (ou atuar / interagir) a maior parte do tempo. É a fonte principal de informação. 3. Impressos, meios audiovisuais e laboratórios são um apoio para seu trabalho. Materiais impressos e audiovisuais são as fontes principais de informação. O tutor guia, orienta e facilita sua utilização. 4. O processo ensino-aprendizagem requer sua presença física na aula, no mesmo tempo e lugar com o aluno. Encontra-se, só algumas vezes, com o aluno no mesmo tempo e lugar. O aluno pode prescindir de sua presença para aprender. 5. Desempenha funções pouco dispersas, claramente estipuladas. Realiza múltiplas funções : docente, administradora, orientadora, facilitadora. 6. Basta-lhe um conhecimento superficial da instituição a que presta seus serviços. Requer um bom conhecimento da instituição para poder conhecer o aluno e atender a suas dúvidas e solicitações |
7. Tem um estilo de ensino estabelecido. Está em processo de desenvolver um novo estilo de docente. É responsável por todos os aspectos do curso que ministra (desenho, conteúdo, organização, avaliação, tipo e freqüência, qualificações, supervisão do aluno). 8. Tem pouca ou nenhuma influência sobre os aspectos do curso (ainda que sua realimentação possa influir neles). A ênfase de seu trabalho baseia-se em outras áreas. 9. Desenvolve, na sala de aula, a maior parte do processo ensino-aprendizagem. Atende ao aluno, quando este o solicita, e só o ajuda quando necessita. 10. Determina o ritmo do avanço de cada classe e do curso em geral. Segue o ritmo que o aluno impõe, dentro de certos parâmetros acadêmicos. Mantém contatos face a face com o aluno, uma ou mais vezes por semana. 11. Estabelece contato visual de forma esporádica, mas pode desenvolvê-lo dentro de certos parâmetros acadêmicos. Tem liberdade para fazer digressões ou introduzir temas novos, pois fixa ou modifica os objetivos da aprendizagem. 12. Orienta o aluno por meio de um curso definido e desenhado por outros, com o fim de ajudar o alcance de objetivos sobre os quais não exerce controle. Pode avaliar de acordo com sua percepção de como anda o grupo de alunos. Assume que os alunos sabem estudar e não desenvolve atividades dirigidas a ensiná-los a estudar Assume que os alunos necessitam aprender a estudar por si mesmos, sozinhos, e os ajuda nisto. 13. Avalia (se lhe compete fazê-lo) de acordo com parâmetros e procedimentos estabelecidos. Elabora, controla e corrige os testes e as provas. 14. Administra os testes e as provas elaborados por outros ou por ele mesmo. Dá realimentação imediata. | ||||||
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BIBLIOGRAFIA
1. BERTOLINE, W. , MILLER & NASMAN. Fundamentais of Graphics Communication. London: IRWIN Graphics Séries, 1995.
2. LOUREIRO, M.A.- O Desenho das Estruturas Geométricas: Uma Alternativa para o Ensino e Pesquisa na Área de Representação Gráfica, com Visão Sistêmica, Holística e Prospectiva. Tese de Doutorado FAU-USP. Orientação: Profa. Dra. Élide Monzéglio - 1993.
3. TOFFLER, A . A Terceira Onda. São Paulo: Editora Record,1982.
4. TOFFLER, A . & Heidi. "Guerra e Antiguerra". São Paulo: Editora Record, 1994.
5. GATES, W. - "A Estrada Do Futuro". Editora McGraw-Hill, São Paulo. 1995. | ||||||||
15. Oferece informação de retorno diferida. Procura, em muitos casos, resolver as dificuldades dos alunos. Orienta, em muitas ocasiões, sobre como solucionar os problemas. 16. Encontra-se com alunos que, em geral, devem ir a aulas e dos quais deve registrar a presença. Encontra-se com alunos que assistem voluntariamente às tutoriais presenciais. 17. Entra em contato com um aluno que assiste a aulas, para ver o que é importante, fazer anotações e estudá-las logo. Atende a um aluno que se supõe tenha estudado e que leva consultas para obter o maior proveito da interação. 18. Vai à sala de aula para exercer atividade docente, mais ou menos dinâmica, que motive e ensine. Atende a consultas e orienta o aluno, para que tire o melhor proveito dos materiais de estudo. 19. Considera-se bom, se conseguir superar, com as atividades de ensino, as dificuldades dos alunos É bom, se consegue ensinar a seus alunos a superar suas próprias dificuldades. 20. Atende em horas normais de trabalho e quase exclusivamente durante a aula. Atende também em horas diferentes da jornada habitual, em lugares distintos (escritório, casa) e por diversos meios.
Segundo Albert Einstein... " um conjunto de pesquisas, experiências e testes, não provam uma verdade, mas basta uma só experiência para provar que estamos errados." Concluindo, um pesquisador e professor de desenho passa a ser um facilitador holocentrado e deve ter a humildade suficiente para aprender com o próximo, mesmo que este próximo seja o seu aluno. | ||||||||
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O HOMEM E SEU ESPAÇO | ||||||||
Cleia Rubia de Andrade e Castro1 Antônio Fernandes Nascimento Júnior2 | ||||||||
Andrade Castro, C. R. O Homem e Seu Espaço. Revista Assentamentos Humanos, Marília, v2, n. 1, p81-95, 2000. | ||||||||
ABSTRACT
Albeit the history of the ideas and concepts of space is extensive, and the sciences which concern themselves with them are many, it is certain that space is one fundamental condition for man's physical existence. His "humanity" may be derived from his conception of space. Creator and creature mingle in a unique moment, that of creation. In transforming physical space to meet his requirements, man imbues it with his symbols and ideals, attributes meanings to it, makes it a place. To understand the complexity of this process is to discern with greater clarity man himself. | ||||||||
Key Words: Space, mankind, cities, dwellings.
Palavras-Chave: Espaço, homem, cidade, habitação. | ||||||||
1 Área de Pós-Graduação em Planejamento Regional e Urbano: Assentamentos Humanos, FAAC - UNESP / Bauru, e Departamento de Arquitetura e Urbanismo do Centro de Estudos Superiores de Londrina, PR. 2 Área de Pós-Graduação em Planejamento Regional e Urbano: Assentamentos Humanos, FAAC - UNESP / Bauru. | ||||||||
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Resumo
Embora a História acerca das idéias e dos conceitos de espaço seja ampla e várias sejam as Ciências que com ela se preocupam, é certo que o espaço é a condição fundamental para a existência do homem. Sua "humanidade" nasceu do espaço, e ao mesmo tempo o concebeu. Criador e criatura se misturam num único momento, o da criação. Ao transformar o espaço físico para atender suas necessidades, o homem transporta para ele seus símbolos e ideais, lhe atribui significados, torna-o um lugar. Entender a complexidade deste processo é discernir com maior clareza o próprio homem.
A Construção do Espaço Humanizado
"O homem é uma criatura que procede a diferenciações. Sua mente é estimulada pela diferença entre a impressão de um dado momento e a que a precedeu" (SIMMEL, 1987).
Já o primata não humano, sem passado ou futuro vive no presente, é prisioneiro de um universo exclusivamente sensorial. Seu espaço é um território estabelecido pelas regras genéticas, etológicas e ecológicas da natureza, que nenhum organismo ou espécie antes do homem transgrediu. O espaço da natureza é limitado pelos sentidos, consiste num casamento entre as estruturas naturais e a sensação que estas causam nos animais que nelas vivem. Num primeiro momento, este processo pelo qual o homem percebe o ambiente a sua volta se faz possível através da atuação dos mecanismos perceptivos, ou seja, pela forma como estímulos externos são captados pelos |
cinco sentidos, em especial, o da visão (BAILLY, 1979; FRAMPTON, 1990; DEL RIO, 1996). Ao classificar o aparelho sensorial, HALL (1977), enquadrou seus sistemas receptores em duas categorias: (1) Os receptores à distância _ que são aqueles que se relacionam com o exame de objetos distantes (olhos, ouvidos e o nariz) e, (2) Os receptores imediatos _ que são os empregados para examinar o mundo de perto (o mundo do tato, as sensações que recebemos da pele, membranas e músculos). O processo de apreensão destes estímulos, organização, qualificação, seleção, atribuição de valores e a conseqüente construção da realidade percebida, produz comportamentos distintos em relação aos diversos ambientes. Este se caracteriza num complexo e subjetivo sistema que é resultado, entre outros fatores, da forma como os elementos percebidos são decodificados e interpretados pelos processos cognitivos, através da participação da inteligência. Isto significa que unicamente pela atuação dos mecanismos perceptivos seria impossível a formação de imagens, a atribuição de significados, bem como a efetivação da identidade entre o homem e o espaço que habita. Evidenciando a importância da atuação do nível cognitivo no processo de construção da realidade percebida, Kohlsdorf (1996) afirma que a formação da imagem "depende dos elementos que qualificaram a ação perceptiva sobre o espaço urbano: tanto das qualidades do meio ambiente que permitiram uma construção percebida de sua estrutura morfológica, quanto do conjunto de informações armazenadas em nossa memória a respeito do lugar observado e de outras situações reais, virtuais e conceituais". Sintetizando muito bem este subjetivo processo através de um Esquema Teórico (Figura _ 01), DEL RIO (1996) | |||||||
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mostrou sua complexidade ao descrever o papel de cada momento no conjunto. Segundo ele, "nossa mente organiza e representa essa realidade percebida através de esquemas perceptivos e imagens mentais, com atributos específicos". |
grupo ou nação, bem como em cada um dos ambientes que constróem e vivenciam. Por outro lado, neste processo, onde o espaço está continuamente emitindo estímulos, sendo percebido, idealizado, construído, vivenciado, modificado e | ||||||||||
Figura 01 _ Esquema Teórico do Processo Perceptivo | |||||||||||
Fonte: DEL RIO (1996)
Os atributos adquiridos pelas imagens, determinam e dão significado às especificidades do comportamento humano, gerando expectativas que se materializam nas singularidades do espaço construído. Por outro lado, a particularidade de cada imagem percebida é determinada pelas características de um espaço, que por sua vez foi idealizado para suprir expectativas geradas antes, através do mesmo processo, que acontece simultânea e continuamente com todos os seres humanos. PESAVENTO (1999) afirma que estas imagens "se cruzam e não se excluem", ou seja: "a cidade é objeto de múltiplos discursos e olhares, que não se hierarquizam, mas se justapõem, compõem ou se contradizem, sem por isso, serem uns mais verdadeiros ou importantes que os outros [...] abordam o real na busca de cadeias de significados" Isto faz da cidade o "lugar do homem", onde todas diferenças e contradições podem ser observadas tanto em pequena quanto em grande escala, ou seja, são visíveis nos padrões de individualidade apresentados por cada pessoa, nos costumes e tradições de cada | |||||||||||
multiplicado, cada imagem só se torna única porque é fruto de uma seletiva classificação, onde alguns dos estímulos, mesmo depois de captados pelos mecanismos perceptivos são bloqueados por filtros durante o processo cognitivo. Para OKAMOTO (1997) estes filtros que bloqueiam os estímulos são de três tipos:
(1) Filtro Sensorial: é variável conforme aptidões, mais ou menos aguçadas, ou conforme a suficiência ou deficiência dos sentidos (de visão, auditivo e/ou olfativo); (2) Filtro Operativo ou Fisiológico: é responsável por diferentes interpretações de um mesmo objeto, variando conforme o interesse da faixa etária; (3) Filtro Cultural: aqueles que possuem mais cultura reconhecem e lêem melhor o contexto perceptivo, social e cultural, interpretando com mais gama de possibilidades o significado das palavras, dos gestos ou das ações. As diferentes condutas resultantes deste processo acabaram por | |||||||||||
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conduzem a ação por caminhos que às vezes não são perfeitamente claros" (EPSTEIN, 1991). Assim, pode-se afirmar que; "o ambiente não tem um significado por si mesmo; qualquer significado tem origem numa relação que se estabelece entre um dado objeto ou fenômeno e a capacidade humana de operar sobre a própria experiência [...] sem a experiência do existir não há significado" (SILVA, 1994). Em resumo, o espaço construído pelo homem se constitui na materialização de seus sonhos. É neste espaço que são impressos os símbolos criados por ele, consequentemente, a complexidade do urbano é o retrato da manifestação das contradições do próprio projeto de vida humano no decorrer do tempo. No entanto, importante salientar que apesar do tempo ser um elemento fundamental neste processo, não é o único e nem independente dos demais. Segundo SAEGERT & WINKEL (1990), há um consenso entre diversos autores no sentido que estas contradições que conduzem à diferentes ações às quais são atribuídos inúmeros significados não são atos individuais apenas construídos, ao contrário, dependem de uma série de fatores condicionantes, entre outros, a cultura e a estrutura social dentro da qual a pessoa opera.
O Processo de Transformação do Espaço Natural
Ao longo da História, as materializações dos ideais humanos no espaço vem se reproduzindo numa seqüência de momentos que resultaram em diferentes formas de apropriação e uso, ou seja, visando garantir sua sobrevivência, bem estar e buscando um significado para sua existência, o homem partiu da condição de mero caçador e coletor de alimentos para a de cultivar, posteriormente, passou a industrializar. | ||||||||
determinar o próprio sentido e a principal dicotomia da vida humana que, na visão de MUMFORD (1991), "agita-se entre dois pólos: movimento e repouso". Para ele, "em todos os níveis da vida, troca-se a mobilidade pela segurança ou, ao contrário, a imobilidade pela aventura". É o que TUAN (1983) categoriza como sentidos de "espaço" e de "lugar", onde o lugar significa "segurança" e o espaço, "liberdade". A própria fixação do homem neolítico em aldeias é associada à busca de proteção, do lugar para se criar os filhos (MUMFORD, 1991). O sentido de lugar aumenta à medida que o homem interage e se familiariza com o espaço e vai transportando para ele suas expectativas e emoções (SIME, 1986; BONNES, 199O). Diferentemente do espaço, cujo conceito é mais amplo e ao qual costuma-se atribuir principalmente qualidades físicas e funcionais, o lugar pode ser qualificado como um "ambiente físico determinado por um significado psicológico, cultural e/ou histórico que lhe é outorgado" (silva, 1994). Isto significa que as referências de limite e familiaridade, as especificidades territoriais e, por conseguinte, a função destes espaços, por um lado, como acontece com os animais, estão ligadas a disponibilidade de elementos que possibilitem a satisfação de necessidades biológicas como a alimentação e a reprodução, conforme determinam as regras fundamentais da natureza.
Por outro lado, o que diferencia o ser humano dos demais primatas é a sua capacidade de armazenar, evocar memórias passadas, emitir opiniões, fazer julgamentos e tirar suas próprias conclusões. Isto lhe permite racionalizar seu comportamento, criar símbolos e transformar o espaço natural segundo suas necessidades (HALL, 1977; TUAN, 1983; EPSTEIN, 1991; OKAMOTO, 1997). "Os símbolos desempenham papel importante na vida imaginativa. Eles revelam os segredos do inconsciente, | ||||||||
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Segundo BRETON (1990), MORRIS, (1992) e SROUR (1998), foi entre 8.000 e 5.000 a.C., com a Revolução Neolítica que se seguiu ao Período Paleolítico, que aconteceram as primeiras transformações significativas nas formas de vida humana e novos elementos foram incorporados ao seu cotidiano. Nesta época, os homens "passaram a viver da agricultura, da domesticação de animais e do artesanato" (SROUR, 1998). Armas e utensílios resultantes da quebra e separação de lascas, utilizados para atividades predatórias como a caça, pesca e coleta, gradativamente foram substituídos por aqueles manufaturados através do desgaste e polimento de pedras (BRETON, 1990). As inovações que surgiram a partir de então promoveram em alguns casos, rápidas alterações no modo de vida dos povos, no entanto isto aconteceu de maneira localizada e desigual. O isolamento que mantinham pode ser apontado como o principal responsável pela lentidão e limitação no alcance de difusão, bem como pela pequena aceitação das novas idéias por alguns grupos. Isto não gerou unicamente a diferenciação entre os povos e a própria consolidação das culturas mas também criou meios para que os homens se tornassem "sedentários e para crescerem em termos numéricos [...] e introduziu condições para que surgisse um mecanismo de incentivo sistemático à produção de excedentes, fonte primordial para o surgimento das classes sociais e do Estado" (SROUR, 1998).
Nesta fase, denominada por SANTOS (1988) "meio natural", as transformações foram tímidas, não geraram grandes mudanças ou impactos no ambiente em função das características rudimentares de seus instrumentos primitivos. A partir dos primeiros avanços tecnológicos alcançados, a humanidade foi se adaptando a sucessivas alterações em seu modo de vida, no entanto, somente em meados do século XVIII com a eclosão |
do Capitalismo, é que iniciou-se um processo de transformação global que promoveu mudanças radicais e definitivas em todos os níveis da sociedade. Conforme GALANTAY (1977) e AQUINO et al. (1993), estas mudanças tiveram no nível econômico sua principal concretização; a Revolução Industrial, ou seja, os investimentos na produção manufatureira da Idade Moderna permitiram o desenvolvimento de novas tecnologias que, entre outros, "levou à introdução da máquina-ferramenta, desenvolveu o sistema fabril e aplicou força motriz não animal à produção" (SROUR, 1998). Foi justamente a partir deste momento da História que ocorreram as mais bruscas e visíveis transformações na vida das sociedades, alterando não apenas seu cotidiano mas sua forma, estrutura e, em alguns casos, a própria função dos espaços urbanos. Assim, "a Revolução Industrial deve ser entendida como o conjunto de transformações ocorridas na indústria, agricultura, nos transportes, bancos, no comércio, nas comunicações, em suma, em toda a economia que se tornou capitalista" (AQUINO et al., 1993). O momento atual, o "período técnico científico" (SANTOS, 1993a), também denominado por SROUR (1998) como "Revolução Digital", é fruto do desenvolvimento da Ciência, informática e microeletrônica, caracteriza-se pela criação de novas tecnologias e aprimoramento dos métodos e instrumentos de trabalho já existentes. Tem como uma de suas maiores especificidades a demanda por mão de obra qualificada e a superação cada vez mais veloz de limites, o que vem possibilitando ao homem realizar modificações radicais nos elementos naturais.
Em resumo, conforme considerado anteriormente, pode-se afirmar que a eclosão de cada uma das três épocas históricas descritas representou um | ||||||
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momento de ruptura com o passado, ou seja, são períodos que promoveram significativas e, por vezes irreversíveis mudanças nos mais diversos aspectos das organizações humanas (Figura _ 02). |
daquelas resultantes de variações nas relações de contiguidade, diversidade de técnicas construtivas e entre o velho e novo. | ||||||||
Figura 02 _ Revoluções Tecnológicas rupturas e acelerações | |||||||||
Fonte: SROUR (1998)
No entanto, se comparadas as diferentes transformações efetivadas no espaço das cidades, em nenhum momento elas foram tão visíveis, geraram tantos contrastes entre o novo e o pré-existente, e tantos impactos no espaço natural quanto a partir do período de transição para a Revolução Industrial. Isto pode ser facilmente explicável pelas novas exigências da base técnica, das características das formas de produção da sociedade e do tipo de qualificação requerida para a força de trabalho, bem como, dos requisitos para a configuração de um espaço edificado, adequado às necessidades de cada uma das novas atividades produtivas. Por outro lado, pode-se afirmar que a cidade contemporânea, como produto do trabalho humano, é tão ambígua quanto o homem, tanto no que se refere à sua conformação espacial quanto em termos de sua dinamicidade. Esta se caracteriza num complexo conjunto de representantes dos mais diversos momentos do processo evolutivo e, sua singularidade e vitalidade, são frutos justamente do equilíbrio e harmonia gerados pelas diferenças e contradições, ou seja, entre outras,
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A ambigüidade é evidente ao se considerar o fator trabalho. Este, por ser intencional, impregna a natureza de projetos humanos, mas o próprio indivíduo também muda, na mudança do seu meio. Se, de um lado, os dois mudam, um por outro permanecem como estavam antes. Dentro do homem habitam dois mundos, um carregando a imutável monotonia das regras da natureza igual aos vermes, aos peixes e aos carnívoros, sempre repetindo seu ritual de vida e morte, outro rebelde, transformador, singular, caçador de originalidades (NASCIMENTO JÚNIOR, 1994). Fora do homem, o produto de suas ações também é ambíguo, já que parte de seu mundo é oriunda das sensações, como acontece com os animais, e parte, vem das histórias construídas por seus projetos. Isto quer dizer que o espaço construído e vivido por ele é totalmente remodelado da natureza, a partir de sua matéria prima mas, absolutamente impregnado de sentido, carregando tanto suas referências mais primitivas como suas histórias e símbolos mais originais, todos dissolvidos e misturados neste mundo imaginário e físico que é a cidade. | ||||||||
A Forma, o Significado e os Processos de Segregação.
A Arquitetura, como elemento físico e reflexo da experiência, entre todas as outras é provavelmente a mais duradoura construção humana, em alguns casos, capaz até de resistir por séculos à ação dos mais diversos agentes. Sua permanência no tempo em muito ajuda a Ciência compreender a trajetória do homem pois, principalmente através da morfologia destas construções, que diferentes culturas, formas de apropriação e uso, costumes e tradições dos mais remotos momentos da História vem sendo identificados e estudados pelos pesquisadores. Isto tem sido de fundamental importância pois, somente através do conhecimento das experiências passadas se faz possível no presente, idealizar padrões satisfatórios para os espaços urbanos. Em outras palavras, estes estudos tem fornecido subsídios sobre as mais diversas facetas e formas de sociabilidade humana, capacitando os profissionais a "criar lugares" em vez de simplesmente "projetar espaços". Mesmo sendo vulgarmente usados como sinônimos, cada um dos termos tem um significado independente. Enquanto "projetar espaços", consiste num processo onde o arquiteto se concentra essencialmente nas características físico-funcionais, prestando atenção insuficiente às atividades e experiências vivenciadas, "criar lugares" é uma arte, significa idealizar para o espaço uma harmonia nos elementos morfológicos que estimule a consolidação dos laços emocionais positivos, ou seja, da identidade (SIME, 1986). Se por um lado o componente físico da cidade, é notadamente associado a elementos estruturais do ambiente, o abstrato está ligado aos aspectos conceituais, emocionais, históricos e simbólicos e, se não houver equilíbrio entre ambos, dificilmente se estabelecem as relações de identidade (NASCIMENTO JÚNIOR, 1994). Em determinados casos, | |||||||
o físico e o abstrato se misturam de forma indissociável, conferindo um caráter único ao espaço humanizado. LAMAS (1992) cita como exemplo que, "a escolha do lugar, tanto para uma construção como para uma cidade, tinha um valor proeminente no mundo clássico: a situação, o sítio, estava governado pelo genius loci, pela divindade local que presidia a tudo o que se desenvolvia neste mesmo lugar". Entre os elementos estruturais, o sítio físico, pode ser apontado como um dos principais determinantes da forma da cidade pois, mesmo "quando se utilizam modelos idênticos em sítios distintos, a diversidade dos lugares conferirá identidade própria a cada um" (LAMAS, 1992). Por outro lado, SERRA (1987) afirma que além da influência dos elementos naturais, entre outros, a definição da forma também está condicionada a fatores como materiais disponíveis no local ou nas proximidades, tecnologias empregadas e necessidades socialmente definidas. Qualificando a forma como o "objetivo final de toda concepção" (LAMAS, 1992) afirma que a mesma "está em conexão com o desenho, quer dizer, com as linhas, espaços, volumes, geometrias, planos e cores, a fim de definir um modo de utilização e de comunicação figurativa que constitui a arquitetura da cidade" Segundo ANDRADE CASTRO & NASCIMENTO JÚNIOR (1996a), os espaços que compõem a cidade possuem características físicas distintas, onde se manifestam diferentes padrões de comportamento, emoções, formas de apropriação e uso, consequentemente, são vários os significados atribuídos a cada um deles. Por outro lado, o fato desta ser "produto de muitos construtores que constantemente modificam sua estrutura por razões particulares" (LYNCH, 1996), mostra que é justamente no ato de transformar o espaço físico que o homem transporta para a cidade ou para parte dela seus ideais, e assim, esta adquire significado, tornando-se um lugar. | |||||||
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É importante salientar que a atribuição de significados não acontece de maneira isolada com cada indivíduo mas, "através de uma interpretação dos objetos, situações ou ações dos outros dentro de um contexto social" (SAEGERT & WINKEL, 1990). Isto mostra que os significados não são somente construídos, eles também são determinados pela cultura e pela estrutura social dentro da qual a pessoa convive. Outro fator importante a ser considerado é que cada lugar é construído no universo psicológico em relação a outros lugares e sub-lugares, os quais podem variar na importância à nível individual (BONNES, 1990). Esta importância atribuida ao lugar pode variar tanto na intensidade quanto no que se refere à duração do laço emocional, que pode ser duradouro ou temporário (SIME, 1986). Outra particularidade a ser considerada é que da mesma maneira que o termo lugar é atribuído a uma localidade física que produz uma experiência positiva, que satisfaz as expectativas, há também "lugares" que provavelmente algumas pessoas, individual ou coletivamente, gostariam energicamente de evitar se pudessem. MAGNANI (1992) denomina "pedaço", cada um destes espaços que é componente ou se encontra tão carregado de Histórias que se transforma em lugar, aprisionando emoções positivas, envolvendo desejos, cheio de símbolos que contam coisas. Há os espaços que reclamam a presença da natureza - nos parques, nas praças, nos jardins - e também os que determinam sua expulsão - nos arranha-céus, nos trens, nos metrôs e no asfalto das avenidas. Podem ser de convergência e/ou de exclusão, são diferentes lugares, em tempos diferentes; do dia, da noite e da madrugada, do trabalho, dos jogos e das festas. Isto significa que toda a complexidade do espaço da cidade existe justamente porque esta é construída como um sistema diversificado de lugares (ANDRADE |
CASTRO & NASCIMENTO JÚNIOR, 1996b), ou seja, "os processos de segregação fazem dela um mosaico de pequenos mundos que se tocam, mas não se interpenetram (...) cada indivíduo encontra em algum lugar o tipo de ambiente no qual se expande e se sente a vontade" (PARK, 1987). Por outro lado, estes processos de segregação existentes no interior das sociedades, sejam eles culturais, sociais ou econômicos, são os responsáveis pela singularidade do ser humano. Assim, a conformação espacial da cidade, que consiste num conjunto, ao mesmo tempo fragmentado e articulado, representa a própria afirmação da existência humana. De acordo com o momento histórico, através das respostas que o homem dá aos conflitos gerados por estes processos, vai criando ambientes compatíveis com as ideologias do grupo ao qual pertence e com a satisfação de suas necessidades pessoais (ANDRADE CASTRO & NASCIMENTO JÚNIOR, 1995). A segregação sócio-econômica se materializa no espaço físico da cidade, onde, os inúmeros contrastes e contradições podem ser observados, entre outros, na aparência dos lugares, nas especificidades do traçado e na divisão da malha urbana. Segundo CARLOS (1994), "o choque é maior quando se observa as áreas da cidade destinadas à moradia. É onde a paisagem urbana mostra as maiores diferenciações, evidenciando-se as contradições de classe". Exemplares de arquitetura exclusiva de residências e/ou edifícios de alto padrão, dividem o mesmo espaço com a padronização dos métodos construtivos da denominada "habitação popular", com a precariedade dos barracos das favelas bem como, com as alternativas encontradas por aqueles que procuram abrigo sob as pontes, marquises, nas praças, etc. Enfim, os contrastes estão em toda a cidade, tanto no conjunto, quanto no pormenor. O cotidiano social e o econômico são os mais suscetíveis à influência direta do | |||||||
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construir sua cultura e a si próprio. Ainda que as situações históricas modifiquem os costumes, levando determinada cultura a grandes modificações, seus traços característicos se mantém vivos por longo tempo, mesmo que ocultos.
Os Problemas e Contradições do Espaço Cotidiano.
Ao longo da existência humana, a consolidação do sistema de produção capitalista como gestor da economia mundial se caracterizou no momento histórico em que ocorreram as mudanças mais radicais nos tipos de ocupação dos territórios, consequentemente, na forma da cidade. Segundo LAMAS (1992), esta "deixa de ter uma forma definida e marcada, evoluindo para um conjunto de formas inter-relacionadas entre si e com o território-suporte". Em porcentagens significativas, as novas intervenções geraram a "devastação ou destruição de partes deste próprio ambiente criado, a par de construção, renovação e inovação" (ORNSTEIN et. al., 1995). Paralelamente, houve uma inversão gradual de valores. O objetivo do ser humano passou a ser o lucro e a preocupação com o meio ambiente e a qualidade de vida foi relegada a segundo plano (ANDRADE CASTRO & NASCIMENTO JÚNIOR, 1997a). As iniciativas relacionadas a manutenção de um processo de desenvolvimento a serviço do capital envolveram cada vez mais o homem na construção de um meio físico que o faz ver a si mesmo como o criador de sua realidade, incutindo-lhe uma falsa impressão de dominação sobre a natureza. Sua obra, a cidade; por um lado representa o maior símbolo do poder que o ser humano tem de manipular e transformar a natureza, por outro, consiste na principal evidência que essa dominação é ilusória. | |||||||
tempo, podendo ser alvos de transformações radicais e permanentes. Esta mudança de hábitos também se manifesta de maneira diferenciada nos diversos espaços da cidade e, nas últimas décadas, vem gerando mais uma forma de segregação, característica do momento atual; o "individualismo". A existência e a consolidação da intimidade e coesão social nos espaços públicos está ocorrendo de maneira inversamente proporcional ao aumento do status de determinado grupo. Uma maior utilização destes locais acontece nos bairros em que vivem pessoas de menor poder aquisitivo, anônimas socialmente, onde as relações de dependência, cooperação e amizade são elementos fundamentais para a sobrevivência. Nos estudos de HERTZBERGER (1996), ele constatou que "a melhoria no tamanho e na qualidade das moradias significa que as pessoas passam mais tempo dentro de casa e menos na rua (...) menos elas precisam dos vizinhos, e tendem a fazer menos coisas juntas". CARLOS (1994) atribui este fato às contradições do sistema de produção capitalista que produzem "um espaço alienado", marcado pela segregação sócio-econômica e pela falta de um suporte espacial menos seletivo, que permita a liberdade de apropriação e uso, a coesão social e também promova a identidade entre o homem e o espaço que está construindo.
Por outro lado, a cultura está enraizada no ser humano. Ela pode ser apontada como a própria origem do indivíduo, ou seja, "à medida que o homem desenvolvia a cultura, domesticava a si próprio e, no processo, criava uma nova série de mundos, todos diferentes um do outro" (HALL, 1977). O homem sonha e pensa a partir da cultura, é dela que nasce a representação, o significado do papel, o próprio espaço social, consequentemente, é através do modo com que este transforma a natureza que lhe permite | |||||||
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Os impactos negativos da intervenção humana no ambiente construído ultrapassaram a sua capacidade de controle, incorporando ao seu cotidiano problemas como congestionamentos; segregação espacial, econômica e social; insuficiência de infra-estrutura básica e saneamento; moradias em precário estado de segurança e higiene e, degradação de reservas e mananciais, entre outros. Segundo SANTOS, (1994) este é "um quadro de vida onde as condições ambientais são ultrajadas, com agravos à saúde física e mental. Deixamos de entreter a natureza amiga e criamos a natureza hostil". Por outro lado, a partir do momento em que os meios de transporte e o sistema de comunicação de massa começaram a ser utilizados para dar suporte ao modo de produção capitalista, passaram a interferir diretamente nos hábitos de sociabilidade humana. Eliminando as distâncias, alteraram os padrões da relação homem/meio, fazendo o homem construir um novo modo de vida que está promovendo transformações radicais na estruturação de sociedades inteiras, impulsionando-as a se integrar num sistema global e, a gradualmente, se adaptar aos símbolos e valores criados por este (RELPH, 1990; SANTOS, 1993a; SANTOS, 1994; CARLOS, 1994; ANDRADE CASTRO & NASCIMENTO JÚNIOR, 1997b). Neste momento os choques culturais ficam em evidência, ou seja, a medida em que a nova e dominadora visão de mundo começa a se impor sobre as preexistentes, vai gradualmente modificando-as e levando-as a uma aparente descaracterização. A materialização deste processo é percebida na mudança de valores, nas formas de construção, apropriação e uso do espaço e, por vezes, no conseqüente abandono de hábitos e costumes centenários, que por longo período deram identidade a determinado grupo. Assim, "Hoje, o que não é mundializado é condição de mundialização (...) a universalização do mundo pode ser constatada nos |
fatos (...) universalização da cultura e dos modelos de vida social (...) universalização do espaço, da sociedade tornada mundial e do homem ameaçado por uma alienação total" (SANTOS, 1994). Além da tendência do desaparecimento das relações de intimidade entre a vizinhança, outra particularidade do espaço urbano globalizado, que merece destaque é a mudança na forma de utilização de espaços públicos, como ruas e praças. Originalmente locais de encontro e permanência, perderam a vitalidade e vem sendo usados como espaços de circulação, comércio e prostituição, quando não se encontram em completo abandono ou são alvos do vandalismo (PARK, 1987). HERTZBERGER (1996) aponta a insegurança e o descomprometimento em relação ao espaço, gerados pela falta de identidade entre o homem e o lugar em que vive como a principal causa do abandono e vandalismo. Dessa forma, "As ruas de hoje estão bem mais vazias que as do passado (...) há um sentimento crescente que o mundo para além de nossa porta é um mundo hostil, de vandalismo e agressão (...) um mundo sobre o qual praticamente não conseguimos exercer influência" (HERTZBERGER, 1996). WALMSLEY e LEWIS (1989) estudaram este quadro de mudanças e concluíram que ele é mais facilmente constatado nas grandes cidades justamente por serem estas, os elementos iniciadores e controladores da vida econômica, política e cultural. O fato da vida nas metrópoles ser mais anônima, mais pressionada e mais tensa se comparada a das pequenas comunidades colabora para a consolidação do processo. É o que FERRARA (1994) define como "globalização do imaginário" onde "desconsidera-se a variedade territorial e a multiplicidade dos espaços, para admitir o engano de que todos os lugares são iguais porque, em todos, se encontram as mesmas | |||||||
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MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1991; KOWARICK, 1993).
A Dinâmica da Área Central da Cidade
Na globalizada economia capitalista, o espaço, em suas mais variadas dimensões, se reproduz através de mecanismos similares, principalmente no que se refere as relações de dependência ao polo de empregos, comércio e serviços do núcleo principal. Assim, é possível traçar um paralelo entre os processos de reprodução do espaço global, nacional, regional, estadual e local. Da mesma forma que países desenvolvidos exercem influências sobre aqueles em desenvolvimento, que a industrialização promove ou acelera a transformação do espaço urbano de determinadas regiões de um País, Estado ou Município, que o espaço da região metropolitana se reproduz conforme a reprodução urbana da metrópole; o dinamismo da área central da cidade determina a estruturação espacial e o cotidiano de todo seu entorno e também de núcleos periféricos (SANTOS, 1982; CORRÊA, 1989; CAMPOS FILHO, 1992; CORRÊA, 1993; SANTOS, 1993b; QUEIROZ RIBEIRO & SANTOS JÚNIOR, 1994; HIRST & THOMPSON, 1998). É justamente nas áreas centrais das grandes cidades que o processo de interação homem/meio é mais complexo e sujeito a muitas contradições. Como centro do poder econômico, ela se encontra em posição hierárquica privilegiada e se distingue do entorno pela atração que a oferta diversificada e em quantidade de bens e serviços exerce sobre um público diferenciado, determinando inclusive, o cotidiano da cidade. Por outro lado, esta centralidade também produz uma série de contratempos e gera a dependência, inibindo o desenvolvimento de novos centros, o que obriga a população periférica a constantes deslocamentos. | |||||||
imagens que se espelham nos serviços e aparência dos espaços, notadamente urbanos" (FERRARA, 1994). Os contrastes são as principais características deste processo, e se manifestam em todos os níveis. Assim sendo, "a globalização do mundo é uma contradição: globaliza-se a partir de uma estratégia que emana de um centro de decisão econômico, o que supõe considerar, como conseqüência, uma periferia a esse centro; logo, não se globaliza o mundo, mas uma parte privilegiada dele" (FERRARA, 1994). Em nível sócio-econômico isto se manifestou com a privatização dos lucros e a socialização dos prejuízos, ou seja, uma minoria privilegiada tem acesso aos mais sofisticados bens de consumo, enquanto a maioria significativa da população é obrigada a conviver com a falta de elementos básicos à sua sobrevivência e/ou qualidade de vida. São homens que recortam o espaço natural, preenchendo-o com elementos artificiais cheios de significados, porém não são estes mesmos homens que dele desfrutam, normalmente, eles sequer tem acesso aos espaços que ajudaram a construir (NASCIMENTO JÚNIOR, 1994). De maneira que, "A distância social e política entre o ato de produzir e o ato de consumir faz com que a relação do homem com aquilo que o cerca seja de estranhamento (...) feita a obra, o sujeito não se reconhece como produtor, e tampouco é reconhecido como tal" (CARLOS, 1994). Por outro lado, na maioria significativa das vezes, são estes mesmos homens que, na tentativa de melhorar sua qualidade de vida ou simplesmente para sobreviver, se apropriam de locais inadequados e se utilizam de forma incorreta do espaço natural e dos recursos que este oferece, transformando-se nas maiores vítimas de acidentes e catástrofes como desmoronamentos, inundações, epidemias, entre outros (COMISSÃO | |||||||
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Na paisagem global, observada à distância, a diferenciação da região central é facilmente percebida pelo contraste que a predominância da verticalização e adensamento geram na silhueta da cidade. No entanto, não se faz necessária uma análise mais aprofundada para se constatar que o conjunto é composto pela justaposição de manchas, reconhecidas pelas semelhanças e diferenças nas relações de contiguidade entre os elementos de composição (ANDRADE CASTRO & NASCIMENTO JÚNIOR, 1997b). A harmonia desta contiguidade começa a ser quebrada a partir do momento em que no processo natural de transformação do tecido urbano inicia-se uma permanente substituição tipológica, ou seja, edificações em altura substituindo sobrados, pequenos palacetes e casas térreas. Segundo MARQUES (1994), "a incorporação de novas tipologias edificacionais, mesmo com a manutenção dos usos mistos não conseguem assegurar a unidade urbana, seja pela redução e saturação dos espaços de circulação pedestre e veicular e muito mais pelo excessivo adensamento destas atividades". A saturação das redes de infra-estrutura, principalmente da viária, cujas dimensões são em geral insuficientes para atender à crescente demanda resultante da grande concentração de atividades, é responsável pela degradação do ambiente ao estimular e promover a substituição das habitações por comércio e/ou serviços especializados. O ambiente de múltiplos usos, com uma animação urbana permanente passa a ser subtilizado, ou seja, as atividades passam a acontecer somente em determinados períodos, gerando a falta de vitalidade do local (MARQUES, 1994; DEL RIO, 1990). Segundo ANDRADE CASTRO & NASCIMENTO JÚNIOR, (1997b), esta falta de vitalidade se manifesta nos espaços do centro de maneiras diferenciadas. Em geral nas áreas adensadas onde predominam usos comerciais e/ou de prestação de serviços, a poluição visual costuma ser | ||||||||
intensa. Seu cotidiano é marcado pelo grande fluxo de pedestres e veículos durante o dia e, em função da falta de atividades atrativas, transformam-se em regiões desertas à noite, sendo evitadas pelos pedestres e, em determinados casos, apropriadas por prostitutas e travestis. Por outro lado, além das vias e também das praças, que aos poucos vem se transformando em palco para o comércio popular e informal, os espaços livres, são em geral, os recuos mínimos exigidos na Lei de Zoneamento. "A alta taxa de ocupação, desproporcional a de espaços abertos como praças e áreas verdes, compromete o cultivo da sociabilidade" (ANDRADE CASTRO & NASCIMENTO JÚNIOR, 1997b). Cada vez mais o espaço público deixa de ser utilizado como local de encontro, lazer e permanência para se transformar no espaço da circulação. A saturação e a grande contiguidade de espaços distintos, existentes nesta área também gerou um outro tipo de situação; a necessidade de apropriação e uso de um mesmo local por grupos antagônicos. Isto não promoveu a diminuição ou mesmo o fim da segregação, ao contrário, surgiram formas "negociadas" de ocupação destes lugares, ou seja: "como a de freqüentadores de um mesmo local (bar, padaria) que se protegem do indesejado contato com outros grupos pelo estabelecimento e tácita aceitação de horários diferenciados de utilização. E, se o encontro é inevitável, o mútuo desconhecimento estabelece a necessária distância e invisibilidade social" (MAGNANI, 1992). Justamente por toda a complexidade apresentada, pode-se afirmar que as regiões centrais de cidades de médio e grande portes dão indícios de possuírem alto potencial para se trabalhar uma percepção no campo positivo, ou seja, através de intervenções cuidadosas, fortalecer os aspectos positivos da cidade e, ao mesmo tempo, injetar-lhe melhores condições ambientais. | ||||||||
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